A casa: encontro de arquitetura, poesia e psicanálise.

Castellano


Casa Klein

Quando pensamos porque os arquitetos dedicam tantos esforços ao desenho de casas, e lembramos que os principais problemas técnicos a serem enfrentados na arquitetura residencial são pequenos em comparação a qualquer outro tipo de edificação, percebemos porque projetar casas converteu-se numa arte. Quando um arquiteto cria uma casa que nos comove profundamente, ele criou uma obra de arte e essa é sua maior satisfação. “A arquitetura, quando se dedica à função de habitar, se converte num ato de amor” diz Le Corbusier 1.

A função social do desenho residencial consiste na possibilidade de se pensar os grandes problemas do homem em relação à problemática individual, e é evidente que o que devemos projetar numa casa são “ideias”.

Vejamos então de que “ideias” se trata; evidentemente de ideias que possam representar o “espírito” de uma época, e se uma casa não contém alguma coisa capaz de funcionar como suporte espiritual para os seus habitantes frente ao crescimento do poder da tecnologia contemporânea, “o desenho não poderá avançar além de satisfazer as necessidades da vida diária” 2.

Se intencionalmente estética e criação de um ambiente favorável à vida, são os caracteres estáveis da arquitetura, onde a confirmação da matéria e a transformação do mundo físico de acordo com uma vontade ordenadora fazem o mundo compreensível, inteligível, uma construção será, então, ao mesmo tempo que objetivo físico, sustento de significações, matéria portadora de sentido, matéria significante.

E é deste ponto de vista, da arquitetura como uma linguagem, que a teoria psicanalítica contribui para esclarecer as relações entre vontade ordenadora e sua relação com a função. Diz Jacques Lacan “se este edifício nos solicita é pois, porque, por metafórico que for, ele está bem feito para nos lembrar o que diferencia a arquitetura do edifício: seja uma potência lógica que ordena a arquitetura além do que o edifício suporta de possível utilização, e salvo que reduza a um casebre não pode prescindir desta ordem que o emparenta ao discurso; esta lógica não se harmoniza com a eficácia senão para dominá-la e sua discórdia não é, na arte da construção, um fato somente eventual” 3.

A funcionalidade, então, como elemento de ordenação, deve sempre estar a serviço da satisfação estética.

O “Esprit Nouveau”

Mas vejamos o lugar que o tema da casa ocupa no interior da história do Movimento Moderno, exemplificada através de alguns dos arquitetos que marcaram e marcam posições que se sustentam, na arquitetura contemporânea. A história da arquitetura moderna está relacionada, desde o início, com o tema da casa-habitação e representa uma inversão total com relação à hierarquia tradicional dos edifícios.

É a partir do Movimento Moderno que o tema da casa passa a ocupar um lugar central nas preocupações dos arquitetos, deixando de se considerada apenas como um reflexo das formas significativas desenvolvidas em relação ao templo e o palácio para ser tomada como ponto de partida, e todos os outros temas edilícios serem considerados como extensões da casa.

Por isso, quando Le Corbusier apresentou o seu “Pavillon de I’Esprit Nouveau” na exposição Internacional das Artes Decorativas em Paris (1925), elegeu comom tema para representa-lo, precisamente uma residência, e depois, no quinto encontro dos CIAM – Congès International d’Architecture Moderne, em 1937, declarou: “A Sociedade Moderna, depois de 100 anos de conquistas científicas fulminantes, de debates sociais, de desordem, chega enfim à conclusão que deve fixar definitivamente o caráter de sua civilização: a criação de um novo habitat”4.

O valor central do tema da residência no Movimento Moderno está relacionado profundamente com a ideia de um “esprit nouveau” ou “nova sensibilidade” como a designou Sigfried Giedion 5.

Este espírito novo abrangia, desde o início, muito mais que a simples satisfação das necessidades elementares, materializando a concepção de uma nova maneira de viver, que estava relacionada com a ideia de “liberdade” e “identidade” humanas. Liberdade por sua vez estava relacionada com a imagem de um espaço “aberto” e com direito de habitar.

A ideia de identidade era entendida como a manifestação na arquitetura de um novo modo de vida, através da abolição das funções representativas tradicionais da casa, outorgando uma nova significação às atividades da vida cotidiana. O comer, o dormir, o trabalho, o descanso, deverão ter a partir de agora o seu lugar próprio e diferenciado em cada unidade habitacional, adquirindo uma nova dignidade.

Liberdade foi traduzida como disposição interna informal e combinada com uma determinada ordem geométrica: planta cruciforme e paredes utilizadas não para fechar um espaço senão para “introduzir o mundo exterior na casa e levar o interior para fora” em Wright 6, e espaço contíguo onde são segregados lugares específicos, em Le Corbusier.

Frank Lloyd Wright

O conceito de identidade em arquitetura por sua vez, estava relacionado com a busca de uma caracterização individual de edifícios e lugares. Wright expressa isto da seguinte maneira: “A ideia de que qualquer casa deve parecer antes de mais nada um abrigo, me levou a cobrir o conjunto com um teto baixo, amplo, plano ou com duas águas ou ligeiramente inclinado , com balanços salientes” 7 e em outra parte diz “ me dava sensação de conforto ver arder o fogo dentro dos muros sólidos da casa” 8, desenvolvendo então suas plantas em volta de uma chaminé que constitui o núcleo expressivo da habitação, onde concepção de interior se transformou”, “daquela de um ponto no espaço, num lugar onde o homem pode gozar de uma nova sensação de liberdade e participação” segundo Cristian Norberg-Schulz; este lugar está marcado pela grande chaminé interna com sua saída exterior sobre o telhado, simbolizando a ordem e a força da natureza, mostrando através do uso de materiais “naturais”, o desejo de se manter próximo dos fenômenos concretos; um desejo de realidade.

Vemos aqui como Wright, para organizar suas casas, suas obras de arte, o faz em volta de significantes (abrigo, fogo etc.), fazendo-os emergir a essa qualidade de elementos significantes num processo, onde há uma interseção do interno (desejo do artista) com o externo (o meio em geral) e interpretados pelo arquiteto numa produção com valor estético.

E na casa da cascata que Wright vai chegar a uma síntese na sua busca de articulação do espaço. Diz Bruno Zevi “a casa da cascata emerge na continuidade paisagística como uma articulação de espaços desprovida de forma, quer dizer, tem queimado as formas elementares da “matéria cúbica” e todo resíduo de classicismo. Não existem fachadas, não há distinção entre estrutura e cargas suportadas, pois todos os seus membros entram na orquestração estática que se identifica com a espacial. Coincidem pela primeira vez na experiência humana, a formação das concavidades e a composição das massas” 9.

Le Corbusier

Nas casas de Le Corbusier encontramos algo bem distinto; nelas existem uma espacialidade articulada em múltiplas associações, opulência espacial e complexidade infinita do simples. A casa, para ele, é um universo que deve permitir recriar a riqueza inesgotável do urbano, entendida como interesse do individual e do coletivo, como lugar de encontros e desencontros, através da captura de um pedaço de céu próprio transformado em paisagem interiorizada. A Arquitetura como uma arte, mesmo estando vinculada a aspectos racionais e técnicos, como diz Mário Botta, acrescentando: “Quanto ao ato poético, é um ato de sublimação e não há regra alguma capaz de medir a poesia ou falta de poesia de uma expressão qualquer, incluída a arquitetônica. Pequemos um tijolo por exemplo, por si só, não é nada, um simples instrumento, contudo, pode-se converter numa figura dentro de uma composição, ou seja, pode se converter num fato poético” 10.

E é no jogo projetual, seja ao adotar a forma de uma sutil dialética entre a sinuosidade do orgânico e a precisão do geométrico, ou uma outra qualquer, que se constitue a matriz na qual o jogo das formas pode acontecer a teatralizar-se com a cadência do espaço poético.

Acontece que o estilo internacional foi usado muitas vezes para disfarçar uma planta convencional e um conteúdo, em consequência, tradicional, e isto está relacionado com a não compreensão do conceito de “lugar”: às vezes não se percebia que através dele abria-se a possibilidade de obtenção de um equilíbrio existencial.

O Exemplo do barroco

A busca de uma intimidade através de uma linguagem formal unitária, devia permitir aos pioneiros do Movimento Moderno, a conquista de um caráter arquitetônico variado e de um ambiente de qualidade. Neste sentido, cabe uma comparação com a atitude do barroco, onde não por casualidade, a busca de uma linguagem unitária, através da valorização de cada elemento em si mesmo, era meio de obter justamente a integração num todo complexo superior à soma de cada um de seus elementos isolados. O barroco propõe-se justamente como a conquista de uma nova harmonia. “A integração de um conjunto de entes visuais que compõem um mesmo todo existencial e ambiental, onde cada parte mesmo em relação com as demais, mantém-se em si mesma autônoma, nesse todo organizado e concentrado segundo um único, em cuja falta não restará significação para os componentes.” 11

Poderia se pensar numa certa semelhança com a atitude pós-moderna, onde há uma recuperação, como no barroco, de elementos fundamentados em formas históricas, mas colocados num contexto diferente (descontextualizados); pensemos por exemplo no uso que um arquiteto como Borromini faz, de “uma ordem de colunas gigantescas” 12 no pequeno espaço como o de São Carlino, para conseguir recuperar a significação (resignificar), um elemento tão imediato com uma coluna independentemente do fato da sustentação; justamente os que não compreende, a atitude do artista barroco, vão se referir a ela pejorativamente, falando “dessas colunas que nada sustentavam” 13 .

Contribuição dos poetas

Há um outro aspecto em relação com o tema da casa que é esse mundo profundo, o aspecto inconsciente, ao qual ela está indissoluvelmente unida, e que transparece na visão poética, na visão dos poetas. E através da imagem poética que aparece esse duplo carácter, de relação com o passado e de novidades constitutiva que uma imagem comporta, pois na vibração de uma imagem poética ressoam os ecos de um passado longínquo e, o poeta, “na novidade das suas imagens, é sempre origem da linguagem” 14 .

Da importância da casa como traço marcante, fala William Goyen em “a casa do fôlego”: “pensar que se possa vir ao mundo num lugar que num princípio não saberíamos nem sequer nomear, que se vê pela primeira vez que neste lugar anônimo, desconhecido, se possa crescer, circular até que se chame de lar, se afundem nele as raízes, se alberguem nossos amores, até o ponto que, cada vez falamos dele, o façamos como os amantes, encantos nostálgicos e poemas desbordantes de desejo”.

A casa, por ser um objeto de forte simetria, pela sua realidade visível e tangível, facilita uma análise racional. Feita de “sólidos bem talhados, onde domina a linha reta, a prumada tem lhe deixado a marca da prudência e o equilíbrio”, como diz Bachelard, mas quando se torna a casa como um espaço de intimidade, que deve condensar e defender a intimidade, então se abre fora de toda racionalidade, o campo do onirismo.

“Quando deixarei de buscar a casa inencontrável onde respira essa flor de lava, onde nascem as tormentas, a extenuante felicidade?” 15 . E se a casa bem apoiada, gosta de uns galhos sensíveis ao vento, um porão com rumores de folhagens (Bacherlard), também a intimidade precisa do coração de um ninho; o que ela guarda ativamente, o que une, na casa o passado mais próximo ao futuro menos distante, é a ação doméstica. “É no equilíbrio íntimo dos muros e dos móveis, que pode se dizer que toma-se consciência de uma casa construída pela mulher. Os homens só sabem construir casas do exterior, não conhecem em absoluto a civilização da cera.” 16

Para concluir vamos lembrar duas poesias que versam sobre a casa, uma é de R. M. Rilke e fala desse caráter profundo da casa como coisa, na qual ocupa o primeiro lugar:

“Talvez estejamos aqui para dizer: casa, ponte, poço, porta, jarra, frutal, janela. E também: coluna, torre ...” 17

A outra, de Jorge Luis Borges, aparece no seu poema “calle desconocida” e nos fala do caráter sagrado que a cama tem como abrigo da vida humana:

... “que toda casa es um candelabro donde las vidas de los hombres arden como velas aisladas” ... 18

A poesia permite-nos abordar as relações do sujeito com a casa, pois nela transparece a primazia da linguagem na sua função significante. Sabemos que numa primeira aproximação a casa aparece vinculada à noção de usufruto. É destacada a sua causa final: a casa serve para morar, habitar, proteger, abrigar, defender; mas que uma casa se ordene no mundo humano não significa reduzi-la à dimensão da utilidade. A casa, enquanto signo, está incluída na ordem simbólica porque o significante faz sentir o seu efeito em toda produção humana, o útil deixa lugar ao prazer e ao gozo. A arquitetura barroca tem uma função de paradigmas em relação ao gozo, onde o excesso e a repetição revelam-se como expressão da ação do significante. O significante vai contra o significado. Uma maneira de falar dele é dizer que não serve para nada. O excesso no barroco (uma voluta a mais, uma dobra a mais) desafia todo utilitarismo e se inscreve no ideal de beleza ligado ao gozo por excelência. Não há a finalidade de transmitir uma mensagem, mas a dilapidação em função do prazer. Lacan denomina este produto do significante objeto a: resto, perda, causa de desejo. É desta perspectiva que são pensáveis algumas relações ao tema da casa.

Como já falamos, a casa passou a ocupar na arquitetura contemporânea, o lugar anteriormente reservado ao palácio e ao templo. Em relação ao simbolismo inconsciente dos sonhos, Freud diz que a casa representa a relação do sonhador com os primeiros objetos do desejo. Nos sonhos, a casa pode representar a mãe, e em consequência representa também o corpo da mulher; é possível que no inconsciente esse primeiríssimo significado não possa faltar. A casa é a extensão do corpo da mãe: dar os primeiros passos tem o sentido metafórico de transitar pelo corpo materno. O jogo de pique-esconde das crianças participa do desejo de descobrir lugares desconhecidos, onde elas possam voltar a experimentar a separação desse corpo que marcou com sua heterogeneidade.

Estas relações de separação e corte são novamente vividas na relação da casa com o exterior; a rua a saída, são representantes do outro e do diferente. A casa e seus limites simbolizam assim as relações inconscientes que mantemos com a mãe e as relações de parentesco primordiais, a mãe, pai, os irmãos e o âmbito do familiar.

“Habitação”, símbolo feminino

Diz Freud: “Os objetos que acham no sonho uma apresentação simbólica são poucos numerosos. O corpo humano na sua totalidade; os pais, filhos, irmãos e irmãs, e o nascimento, a morte, a nudez e algumas coisas mais. A casa é que constitui a única representação típica.” Acrescenta ainda mais “a meu juízo se ‘habitação’ chegou a construir um bolo feminino, é pelo fato de que a mulher mesma constitui o espaço no qual o ser humano habita durante sua vida intrauterina. O símbolo ‘casa’ que já nos é conhecido deste ponto de vista e a ‘mitologia’ e o estilo poético nos autorizam a admitir como outras representações simbólicas da mulher, as de castelo, fortaleza e cidade” 19 . O desejo inconsciente é relativo à marca duma experiência de satisfação enquanto representa o movimento de retorno a alguma coisa já experimentada e por isso mesmo perdida.

A mãe metaforiza essa condição do objeto do desejo: ser inexoravelmente perdido. Lacan justamente situa esta dimensão do desejo e do objeto, comprometida nos interstícios da articulação do significante. A noção de significante não guarda uma correspondência com a coisa representada, nem mantém uma relação referencial. O que caracteriza a relação referencial. O inconsciente se recusa ao significado, ao sentido, à seriedade; essas articulações pertencem ao nosso eu e à nossa consciência ilusória. Incluir a dimensão do inconsciente na poética, na estética e também na arquitetura envolve um ponto fundamental: o significante não comunica um sentido e de sua lógica resulta um gozo se revestem do polimorfismo dos estilos em cada época. E porque é ser da linguagem, o homem goza criando. “O inconsciente”, diz Lacan, “é que o ser falando goze e não queira saber mais nada disso.” 20 O inconsciente falando no sujeito faz desprender e cair o gozo; ao mesmo tempo, esse gozo não se articula na palavra: ele é sempre residual. Freud se referiu nos primórdios da sua obra a “Das Ding”, a Coisa, como sendo aquilo que restava ou sobrava nos interstícios das cadeias de pensamentos inconscientes. Lacan interpretou “Das Ding” como aquilo que não articula no significante. Das Ding é o vazio fundamental que constitui o inconsciente, é o “fora significado”, condição de possibilidade de toda produção ignificante. A noção de inconsciente implica numa perda radical do sentido do ser.

“A arquitetura primitiva”, diz Lacan, “pode ser definida, como algo organizado em torno de um vazio. É o verdadeiro sentido de toda arquitetura. É justamente a impressão autêntica que nos causam as formas da arquitetura primitiva, aquelas por exemplo de uma catedral como Veneza” 21.

Reencontrar esse vazio sagrado está na base de toda arquitetura. Das Ding é o objeto impossível o ‘bem soberano’, o ‘bem proibido’. Das Ding é o lugar do objeto impossível de reencontrar. “Das Ding” recai sobre a mãe como objeto interditado pela lei. As representações inconscientes se articulam entrono de “Das Ding”. O desejo leva a marca de sua relação com “Das Ding”.

A casa, a nossa casa, aquela ligada ao desejo, corporiza esse vazio, que estrutura todos os espaços.

Vazio dos interiores, dos sobrados, dos pátios. O pátio representa um vazio organizador e na arquitetura colonial torna-se também o elemento que conjuga e articula os quatros e a circulação da casa com a vida familiar íntima.

Transcrevemos os versos de J. L Borges:

“Patio, cielo encauzado.
el patio es el declive
por el cual se derrama el cielo en la casa.”

A casa, como todas as produções do homem, se estrutura contornando o vazio que denuncia a relação do sujeito com o significante inconsciente. Nessa articulação, a casa guarda uma secreta relação com o objeto perdido, que no inconsciente se vincula metaforicamente à mãe.

Toda vez que arquiteto e futuro morador se aventuram a projetar uma casa, o desejo inconsciente se apropria do projeto. Temos dito que a função do arquiteto excede o marco duma profissão, para construir-se em intérprete do desejo do outro. Saber, conhecimento e técnica são necessários mas não suficientes. O arquiteto projeta desde o lugar do desejo inconsciente. Sua função se emparelha com a arte e seu ato se constitui sempre em desafio.

Projetar uma casa representa uma aventura que coloca o sujeito perante o insondável do desejo. Esse abismo próprio do desejo transparece de múltiplas formas ligadas a uma tensão interna; seja uma angustia latente, muitas vezes deslocada aos detalhes de ordem técnica, seja uma certa impossibilidade de concluir, seja uma forma de insatisfação (o produto não corresponde “totalmente” ao desejado e imaginado).

As casas são erigidas como testemunhas que tentam desafiar o tempo para continuar dizendo que ali o homem e seu desejo sempre habitam.


Casa Klein

Arquiteto: Jorge Mário Jáuregui.

Psicanalista: Eduardo Afonso Vidal.

1 Le Corbusier. Entretien avec les étudients, Paris 1943.

2 Shinohara, Kazuo. Uma filosofia de la Vivenda, summarios.

3 Lacan, Jacques. A la mémoire d’Ernest Jones : sur sa théorie du Symbolisme, Écrist.

4 Pierrefu e Le Corbusier. La maison des hommes, Paris, 1942.

5 Giedion, Sigfries. Espacio, tiempo y arquitectura.

6 Wright, Frank L. The natural house, New York, 1954.

7 Wright, Frank L. Op. cit.

8 Wright, Frank L. Op. cit.

9 Zevi, Bruno. Invariantes, Ambiente.

10 Botta, Mario. IAB/RJ, junho 1982.

11 Wölffin, Heinrich. Conceptos fundamentales de laHistoria del Arte.

12 Argan, Giulio Carlo. El concepto del espacio arquitectónico.

13 Hauser, Arnold. História social da literatura e da arte, tomo I. (citação)

14 Bachelard, Gaston. La poética del espacio.

15 Cazelles, René. De terre et d’envolée (citado por Bachelard).

16 Bachelard, Gaston.Op. cit.

17 Rilke, R. M. “IX Elegia”.

18 Borges, Jorge Luis. Obras Completas, 1923 – 1972.

19 Freud, Sigmund. Conferências introdutórias à psicanálise, Edição Standard Brasileira.

20 Lacan, Jacques. Le séminaire, encore.

21 Lacan, Jacques. L’Ethique de la Psycanalyse, livre VII, Le Séminaire (inédito).


La Casa

Cuando pensamos porque los arquitectos dedican tantos esfuerzos en el diseño de las casas, y recordamos que los principales problemas técnicos a ser enfrentados en la arquitectura residencial son pequeños en comparación con cualquier otro tipo de edificación, percibimos porque proyectar casas se convierte en un arte. Cuando un arquitecto crea una casa que no conmueve profundamente, él crea una obra de arte y esa es su mayor satisfacción. “La arquitectura, cuando se dedica a la función de habitar, se convierte en un acto de amor” dice Le Corbusier. 1
La función social del diseño residencial consiste en la posibilidad de pensar los grandes problemas del hombre en relación a la problemática individual, y es evidente que lo que debemos proyectar en una casa son “ideas”.

Veamos entonces de que “ideas” se trata; evidentemente de idea que pueden representar el “espíritu” de una época, y si una casa no contiene alguna cosa capaz de funcionar como un soporte espiritual para sus habitantes frente al crecimiento del poder de la tecnología contemporánea, “el diseño no podrá avanzar más lejos de satisfacer las necesidades de la vida diaria”. 2 
Si intencionadamente la estética y la creación de un ambiente favorable a la vida, son los caracteres estables de la arquitectura, donde la confirmación de la materia y la transformación del mundo físico de acuerdo con unas voluntad ordenadora hacen el mundo comprensible, inteligible, una construcción será, entonces, al mismo tiempo que objetivo físico, sustento de significados, materia portadora de sentido, materia significante.

Es desde este punto de vista, de la arquitectura como un lenguaje, que la teoría psicoanalítica contribuye para esclarecer las relaciones entre voluntad ordenadora y su relación con la función. Dice Jacques Lacan “si este edificio nos solicita, es porque, por metafórico que sea, está bien hecho para recordarnos lo que diferencia la arquitectura del edificio: sea una potencia lógica que ordena la arquitectura más allá de lo que el edificio soporta de posíble utilización, y salvo que reduzca a una cabaña, no puede prescindir de este orden que la relaciona al discurso; esta lógica no se armoniza con la eficacia sino para dominarla y su discordia no es, en el arte de la construcción, un hecho solamente eventual”. 3

La funcionalidad, entonces, como elemento de ordenación, debe siempre estar al servicio de la satisfacción estética.

El “Esprit Nouveau”

Pero veamos el lugar que ocupa el tema de la casa en el interior de la historia del Movimiento Moderno, ejemplificada a través de algunos de los arquitectos que marcaron y marcan posiciones que se sustentan, en la arquitectura contemporánea. La historia de la arquitectura moderna está relacionada, desde su inicio, con el tema de casa-residencia y representa una inversión total con relación a la jerarquía tradicional de los edificios. 

Es a partir del Movimiento Moderno que el tema de la casa pasa a ocupar un lugar central en las preocupaciones de los arquitectos, dejándose de considerar apenas como un reflejo de las formas significativas desarrolladas en relación al tempo y al palacio para ser tomada como punto de partida, y todos los otros temas idílicos ser considerados como extensiones de la casa.

Por eso, cuando Le Corbusier presenta su “Pavillon de l’Esprit Nouveau” en la exposición Internacional de las Artes Decorativas de París (1925), eligió como tema para representarlo, precisamente una residencia, y después, en el quinto encuentro de los CIAM – Congès International d’Architecture Moderne, en 1937, declaró: “La Sociedad Moderna, después de 100 años de conquistas científicas fulminantes, de debates sociales, de desorden, llega en fin a una conclusión que debe dijar definitivamente el carácter de su civilización: la creación de un nuevo hábitat”. 4

El valor central del tema de la residencia en el Movimiento Moderno está relacionado profundamente con la idea de un “esprit nouveau” o “nova sensibilidade” como designó Sifried Giedion 5.
Este espíritu nuevo abarca, desde el inicio, mucho más que la simple satisfacción de las necesidades elementales, materializando la concepción de una nueva forma de vivir, que estaba relacionada con la idea de “liberdade” y “identidade” humanas. Libertad al mismo tiempo estaba relacionada con una imagen de espacio “abierto” y con derecho a habitar.

La idea de identidad era entendida como la manifestación de la arquitectura de un nuevo modo de vida, a través de la eliminación de funciones representativas tradicionales de la casa, otorgando un nueva significado a las actividades de la vida cotidiana. El comer, el dormir, el trabajo, el descanso, deberán tener a partir de ahora su lugar propio y diferenciado en cada unidad habitacional, adquiriendo una nueva dignidad.

Libertad fue traducida como disposición interna informal y combinada con una determinada orden geométrica: planta cruciforme y paredes utilizadas no para cerrar un espacio sino para “introducir el mundo exterior en la casa y llevar el interior para fuera” en Wright 6, y el espacio contiguo donde son segregados lugares específicos, en Le Corbusier.

Frank Lloyd Wright

El concepto de identidad en arquitectura, estaba relacionado con la búsqueda de una caracterización individual de edificios y lugares. Wright expresa eso de la siguiente forma: “La idea de que cualquier casa debe parecer antes de todo un abrigo, me llevó a cubrir un conjunto con un techo bajo, amplio, plano, o a dos aguas o ligeramente inclinado, con balances salientes” 7 y por otra parte dice “me daba sensación de conforte ver arder el fuego dentro de los muros sólidos de la casa” 8, desarrollando entonces sus plantas alrededor de una chimenea que constituye el núcleo expresivo de la vivienda, donde la concepción del interior se transformó”, “de aquella de un punto en el espacio, en un lugar donde el hombre puede gozar de una nueva sensación de libertad y participación” según Cristian Norberg-Schulz; este lugar está marcada por la grande chimenea interna con su salida exterior sobre la cubierta, simbolizando el orden y la fuerza de la naturaleza, mostrando a través del uso de los materiales “naturales”, o deseo de mantenerse próximo a los fenómenos concretos; un deseo de realidad.

Vemos aquí como Wright, para organizar sus casas, sus obras de arte, lo hace alrededor de significantes (abrigo, fuego, etc), haciéndolos emerger a esa cualidad de elementos significantes en un proceso, donde hay una intersección del interior (deseo del artista) con lo externo (o medio en general) y interpretados por el arquitecto en una producción con valor estético.

Es en la casa de la cascada que Wright llegará a una síntesis en la búsqueda de la articulación del espacio. Dice Bruno Zevi “la casa de la cascada emerge en la continuidad paisajística como una articulación de espacios privada de forma, quiere decir, tiene quemadas las formas elementales de la “materia cubica” y todo residuo de clasicismo. No existen fachadas, no hay distinción entre estructura y cargas suportadas, pues todos sus miembros entran en la orquestación estática que se identifica como la espacial. Coinciden por primera vez en la experiencia humana, la formación de las concavidades y la composición de las masas” 9.

Le Corbusier

En las casa de Le Corbusier encontramos algo bien distinto; en ellas existe una espacialidad articulada en múltiples asociaciones, opulencia espacial y complexidad infinita de los simples. La casa, para él, es un universo que debe permitir recrear la riqueza inagotable de lo urbano, entendida como interés de lo individual y lo colectivo, como lugar de encuentros y desencuentros, a través de la captura de un pedazo de cielo propio transformado en paisaje interiorizado. La Arquitectura como un arte, aún estando vinculada a aspectos racionales y técnicos, como dice Mário Botta: “Cuando al acto poético, es un acto de sublimación y no hay regla alguna capaz de medir la poesía o la falta de poesía de una expresión cualquiera, incluida la arquitectónica. Cojamos un ladrillo por ejemplo, por si solo, no es nada, un simple instrumento, con todo, se puede convertir en una figura dentro de una composición, es decir, se puede convertir en un acto poético” 10.

Y es en el juego proyectual, ya sea al dotar la forma de una sutil dialéctica entre la sinuosidad de lo orgánico y la precisión de lo geométrico, o otra forma cualquiera, que se constituye en la matriz de la cual el juego de las formas puede llevar a teatralizarse con la cadencia del espacio poético.

Sucede que el estilo internacional fue usado muchas veces para disfrazar una planta convencional y un contenido, en consecuencia, tradicional, y eso está relacionado con la no comprensión del concepto de “lugar”: a veces no se percibía que a través de él se abría la posibilidad de obtención de un equilibrio existencial. 

El ejemplo del barroco

La búsqueda de una intimidad a través de un lenguaje formal unitario, debía permitir a los pioneros del Movimiento Moderno, la conquista de una carácter arquitectónico variado y de un ambiente de cualidad. En este sentido, cabe una comparación con la actitud del barroco, donde no por casualidad, la búsqueda del lenguaje unitario, a través de la valorización de cada elemento en si mismo, era medio para obtener la integración de un todo complejo superior a la suma de cada uno de sus elementos aislados. El barroco se propone justamente como la conquista de una nueva armonía. “La integración de un conjunto de seres visuales que componen un mismo todo existencial y ambiental, donde cada parte al mismo tiempo en relación con las demás, se mantiene en si mismo autónoma, en ese todo organizado y concentrado según único, en cuya falta no restará significado para los componentes” .11

Se podría pensar en una cierta semejanza con la actitud pos-moderna, donde hay una recuperación, como en el barroco, de elementos fundamentados en formas históricas, mas colocados en un contexto diferente (descontextualizados); pensemos por ejemplo en el uso de un arquitecto como Borromini hace, de “una orden de columnas gigantescas” 12 en el pequeño espacio de São Carlino, para conseguir recuperar el significado (resignificar), un elemento tan inmediato con una columna independientemente del acto de la sustentación; justamente los que no comprenden la actitud del artista barroco, se van a referir a ella peyorativamente, diciendo “esas columnas que nada sustentaban”. 13

Contribución de los poetas

Hay otro aspecto en relación con el tema de la casa que es ese mundo profundo, el aspecto inconsciente, en el cual está indisolublemente unida, y que trasparece en la visión poética, en la visión de los poetas. Es a través de la imagen poética que aparece ese doble carácter, de relación con el pasado y de novedades constitutivas que una imagen comporta, pues en la vibración de una imagen poética resuenan los ecos de un pasado lejano y, el poeta, “en la novedad de sus imágenes, es siempre origen del lenguaje”. 14

De la importancia de la casa como trazo relevante, dice William Goyen en “la casa del aliento”: “pensar que se puede venir al mundo en un lugar que en un principio no sabríamos ni siquiera nombrar, que se ve por primera vez que este lugar anónimo, desconocido, pueda crecer, circular hasta que se llame de lugar, profundicen en él las raíces, se albergan nuestros amores, hasta el punto que, cada vez hablamos de el, hagamos como amantes, encantos nostálgicos  y poemas desbordantes de deseo.”

La casa, por ser un objeto de fuerte simetría, por su realidad visible y tangible, facilita un análisis racional. Hecho de “sólidos bien cortados, donde domina la línea recta, la plomada le ha dejado la marca de la prudencia y el equilibro”, como dice Bachelard, pero cuando se habla de casa como un espacio de intimidad, que debe condensar y defender la intimidad, entonces, se abre fuera de toda racionalidad, el campo del onirismo.

“Cuando dejaré de buscar la casa imposible de encontrar donde respira esa flor de lava, donde nacen las tormentas, la extenuante felicidad?” 15. Y si la casa bien apoyada, le gustan las ramas sensibles al viento, um porão com rumores de folhagens (Bacherlard), también la intimidad necesita del corazón de un nido; lo que ella guarda activamente, lo que une la casa el pasado mas próximo al futuro menos distante, es la acción doméstica. “Es en el equilibrio íntimo de los muros y los muebles, que se puede decir que se toma consciencia de una casa construida por la mujer. Los hombres solo saben construir casas del exterior, no conocen en absoluto la civilización de cera” 16.   

Para concluir vamos a recordar dos poesías que versan sobre la casa, una es de R. M. Rilke y habla de ese carácter profundo de casa como cosa, la cual ocupa el primer lugar:
“Tal vez estemos aquí para decir: casa, puente, pozo, porta, jarra, frutal, ventana. Y también: columna, torre…”17

La otra, de Jorge Luis Borges, aparece en su poema “calle desconocida” y nos habla del carácter sagrado que la cama tiene como abrigo de la vida humana:
... “que toda casa es um candelabro donde las vidas de los hombres arden como velas aisladas” ... 18
La poesía nos permite abordar las relaciones del sujeto con la casa, pues en ella trasparece la primicia del lenguaje en su función significante. Sabemos que en una primera aproximación la casa aparece vinculada a la noción de usufructo. Y destacando su causa final: la casa sirve para vivir, habitar, proteger, abrigar, defender; pero que una casa se ordene en el mundo humano no significa reducirla a la dimensión de la utilidad. A casa, en cuanto signo, está incluida en la orden simbólica porque el significado hace sentir su efecto de toda producción humana, o útil deja lugar al placer y al gozo. La arquitectura barroca tiene una función de paradigmas en relación al gozo, donde el exceso y la repetición se revelan como expresión de la acción del significado. Una manera de hablar de él es diciendo que no sirve para nada. El exceso en el barroco desafía todo utilitarismo y se inscribe en el ideal de belleza ligado al gozo por excelencia. No hay la finalidad de transmitir un mensaje, pero la dilapidación en función del placer. Lacan denomina este producto del significado objeto a: resto, pérdida, casa de deseo. Es desde esta perspectiva que son pensables algunas relaciones al tema de la casa.     

Como ya dijimos, la casa pasó a ocupar en la arquitectura contemporánea, el lugar anteriormente reservado al palacio y al tiempo. En relación al simbolismo inconsciente de los sueños, Freud dice que la casa representa la relación del soñador con los primeros objetos de deseo. En los sueños, la casa puede representar la madre, y en consecuencia representar también el cuerpo de la mujer; es posible que en el inconsciente este primerísimo significado no pueda faltar. La casa es la extensión del cuerpo de la madre: dar los primeros pasos tiene el sentido metafórica de transitar por el cuerpo materno. 

Estas relaciones de separación y corte son nuevamente vividas en la relación de la casa con el exterior; la calle la salida, son representantes del otro y del diferente. La casa y sus límites simbolizan las relaciones inconscientes que mantenemos con la madrea y las relaciones de parentesco primordiales, la madre, padre, los hermanos y el ámbito familiar.

“Vivienda”, símbolo femenino

Dice Freud: “Los objetos que se encuentran en el sueño una representación simbólica son pocos numerosos. El cuerpo humano en su totalidad; los padres, hijos, hermanos y hermanas, y el nacimiento, la muerte y algunas cosas mas. La casa es quien constituye la única representación típica.” Aumenta aún más “a mi juico si “vivienda” llegó a construir un pastel femenino, es por el factor de que la mujer constituye el espacio en el cual el ser humano habita durante su vida intrauterina. El símbolo "casa" que ya nos es conocido desde este punto de vista y la “mitología” y el estilo poético nos autorizan a admitir como otras representaciones simbólicas de la mujer, las de castillo, fortaleza y ciudad” 19. El deseo inconsciente es relativo en la marca de una experiencia de satisfacción en cuanto representa el movimiento de retorno a alguna cosa ya experimentada y por eso perdida.

La madre metaforiza esa condición de objeto de deseo: ser inexorablemente perdido. Lacan justamente sitúa esta dimensión del deseo y del objeto, comprometida en los intersticios de la articulación del significado. La noción de significado no guarda una correspondencia con la cosa representada, ni mantiene una relación referencial. Lo que caracteriza la relación referencial. El inconsciente se recusa al significado, al sentido, a la seriedad; esas articulaciones pertenecen a nuestro yo y a nuestra consciencia ilusoria. Incluir la dimensión del inconsciente en la poética, en la estética y también en la arquitectura envuelve un punta fundamental: el significado no comunica un sentido y de su lógica resulta un gozo si revisten del polimorfismo de los estilos de cada época. Y porque es ser del lenguaje, el hombre goza creando. “El inconsciente”, dice Lacan, “es que el ser hablando goze y no quiera saber más nada de eso”. 20 El inconsciente hablando del sujeto hace despender y caer un gozo; al mismo tiempo, ese gozo no se articula en la palabra: el es siempre residual. Freud se refirió en los inicios de su obra “Das Ding”, a Cosa, como siendo aquella que restaba o sobraba en los intersticios de las cadena de pensamientos inconscientes. Lacan interpretó “Das Ding” como aquella que no articula en el significado. Das Ding es el vacío fundamental que constituyó el inconsciente, es el “fuera significado”, condición de posibilidad de toda producción insignificante. La noción de inconsciente implica una perdida radical del sentido del ser. 
“La arquitectura primitiva” dice Lacan, “puede ser definida, como algo organizado en torno a un vacío. Es el verdadero sentido de toda arquitectura. Es justamente la impresión auténtica que no causan las formas de arquitectura primitiva, aquella por ejemplo de una catedral como Venecia” 21.

Reencontrar ese vacío sagrado está en la base de toda arquitectura. Das Ding es el objeto imposible el “bien soberano”, o “bien prohibido”. Das Ding es el lugar de objeto imposible de rencontrar. “Das Ding” recae sobre la madre como objeto intermitido por la ley. Las representaciones inconscientes se articulan entorno de “Das Ding”. El deseo lleva la marca de su relación con “Das Ding”.

La casa, nuestra casa, aquella ligada al deseo, corporiza ese vacío, que estructura todos los espacios.
Vacío de los interiores, de los sobrados, de los patios. El patio representa un vacío organizador y en la arquitectura colonial se vuelve también el elemento que conjuga y articula los cuatros y la circulación de la casa como la vida familiar íntima.

Transcribimos los versos de J. L Borges:
 “Patio, cielo encauzado. 
el patio es el declive
por el cual se derrama el cielo en la casa.”

La casa, como todas las producciones del hombre, se estructura contornando el vacío que denuncia la relación del sujeto con el significado inconsciente. En esa articulación, la casa guarda una secreta relación con el objeto perdido, que no inconsciente se vincula metafóricamente a la madre.

Toda vez que arquitecto y futuro morador se aventuran a proyectar una casa, el deseo inconsciente se apropia del proyecto. Hemos dicho que la función del arquitecto excede el marco de una profesión, para construirse en interpretación del deseo del otro. Saber, conocimiento y técnica son necesarios pero no suficientes. El arquitecto proyecta desde el lugar del deseo inconsciente. Su función se empareja con el arte y su acto se constituye siempre en desafío.

Proyectar una casa representa una aventura que coloca el sujeto pedante el insondable del deseo. Ese abismo propio de deseo trasparece de múltiples formas ligadas a una tensión interna; sea una angustia latente, muchas veces dislocada a los detalles de orden técnica, sea una cierta imposibilidad de concluir, sea una forma de insatisfacción (el producto no correspondo “totalmente” a lo deseado y imaginado)

Las casas son elegidas como testimonios que intentan desafiar el tiempo cara continuar diciendo que allí el hombre y su deseo siempre habitan.

1 Le Corbusier. Entretien avec les étudients, Paris 1943.

2 Shinohara, Kazuo. Uma filosofia de la Vivenda, summarios.

3 Lacan, Jacques. A la mémoire d’Ernest Jones : sur sa théorie du Symbolisme, Écrist.

4 Pierrefu e Le Corbusier. La maison des hommes, Paris, 1942.

5 Giedion, Sigfries. Espacio, tiempo y arquitectura.

6 Wright, Frank L. The natural house, New York, 1954.

7 Wright, Frank L. Op. cit.

8 Wright, Frank L. Op. cit.

9 Zevi, Bruno. Invariantes, Ambiente.

10 Botta, Mario. IAB/RJ, junho 1982.

11 Wölffin, Heinrich. Conceptos fundamentales de laHistoria del Arte.

12 Argan, Giulio Carlo. El concepto del espacio arquitectónico.

13 Hauser, Arnold. História social da literatura e da arte, tomo I. (citação)

14 Bachelard, Gaston. La poética del espacio.

15 Cazelles, René. De terre et d’envolée (citado por Bachelard).

16 Bachelard, Gaston.Op. cit.

17 Rilke, R. M. “IX Elegia”.

18 Borges, Jorge Luis. Obras Completas, 1923 – 1972.

19 Freud, Sigmund. Conferências introdutórias à psicanálise, Edição Standard Brasileira.

20 Lacan, Jacques. Le séminaire, encore.

21 Lacan, Jacques. L’Ethique de la Psycanalyse, livre VII, Le Séminaire (inédito).