- Intersections & Bifurcations - Café de las ciudades | "Políticas para construir ciudad, no para hacer casitas" - Perfil - Entrevista Malu Magalhães Sanches - Entrevista de Mabel Modanesi a Jorge Mario Jáuregui - Claves para urbanizar con éxito la Villa 31 - 09.03.2010 | Clarín.com | Arquitectura - Entrevista Globo News Painel, Globo News (canal 40) - 10.04.2010 às 22h e dia 11 às 23h - Entrevista para o Canal NTN 24, Colombia - Entrevista no programa Sem Censura - Leda Nagle - TV Brasil - 24.08.2011 - O Sentido do Essencial (Cultura e Pensamento) - Construir a partir do conflito - La Obra Señalada - Programa 249 | Programa 251 - parte 1 | parte 2 - Entrevista ao Arquiteto Jorge Mário Jauregui _Henrique dos Santos / Arquiteto Rio-Angola 2004 -2005 - Jorge Mario Jáuregui on Favela's Urbanization - En la Argentina todavía se puede resolver el tema de las villas - Elisabeth Blum and Peter Neitzke - GSD Prize awarded for transforming Rio Slums - Entrevista a Cafe de las Ciudades - Urbanização de favelas é obra de arte na "documenta" 12 - Interview with Anna Holtzman for Architecture Magazine - Metropolis-Favelas: work in progress - "Dualidades", entrevista dada a Marije van Lidth de Jeude y Oliver Schütte - Televisión Nacional de Chile - Arquitecto del programa Favela Barrio visita Chile - “Los muros son una capitulación del poder público” - Murcia debe ser la ciudad del patrimonio y del paseo - MOMA
- Construir a partir do conflito
Jorge
Mario Jáuregui, é um "carioca" de origem Argentina, que encontrou o seu
lugar na arquitectura e no mundo ao lidar com o conflito entre a cidade
formal e a cidade informal. Jorge
Mário Jauregui é formado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade
Nacional de Rosario, Argentina. Vive no Rio de Janeiro onde
tem o seu gabinete de arquitectura. É Arquitecto Urbanista pela Faculdade
de Arquitectura da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entrevista e foto do entrevistado: José Costa Pina ARQUITECTURA
e VIDA - O seu percurso profissional é muito variado, vai do design ao
urbanismo, passando pela crítica arquitectónica, a filosofia e uma relação
muito próxima com a psicanálise e as artes; no entanto, é através do trabalho
de intervenção na cidade "não formal" (Favelas) que veio o reconhecimento
internacional através de vários prémios. Realmente tive esse privilégio (hoje o vejo assim) de haver podido chamar a atenção para este aspecto, quantitativa e qualitativamente, tão importante no nosso continente, que é a "cidade informal". Na América Latina, a questão da bipolaridade "formal / não formal" adquire conotações muito especiais. Foi a partir da exigência de pensar numa metodologia específica de carácter inter-disciplinar e da necessidade de interpretar as demandas da população que dei início a um processo de reflexão muito particular, para o qual não tinha tido oportunidade de pensar, antes do surgimento do programa de urbanização de favelas. Uma das diferenças fundamentais entre intervir na cidade formal e na cidade informal é que, esta última, exige articular os aspectos físicos (urbanístico-arquitectónico-ambientais) com os sociais (económico-cultural-existenciais) e os ecológicos, considerando as três ecologias mencionadas por Felix Guattari (ecologia mental, ecologia social e ecologia ambiental) de forma simultânea, no mesmo acto projectual. A outra exigência muito particular deste tipo de intervenções é a da "escuta das demandas" da população, para o qual é possivel se apropriar, de forma consciente, da metodologia da psicanálise (atenção flutuante e associação livre). Isto significa que não se trata simplesmente de responder às demandas senão de reinterpretá-las diferenciando entre demanda manifesta e demanda latente. Por outro lado este tipo de trabalho ligado à complexidade, exige uma apropriação de conceitos da filosofia, tais como o conceito de rizoma, o conceito de dobra e os conceitos de espaço liso e espaço estriado, entre outros, bem como dos conceitos da teoria do caos, tomada aqui na sua perspectiva de "extrema sensibilidade às condições iniciais", que é um aspecto muito relevante em relação ao trabalho nas favelas. O programa denominado Favela-Bairro, implantado pela Prefeitura do Rio, veio transformar o panorama urbanístico do Rio de Janeiro, de que forma? De que é que se trata? Antes da existência deste programa (Favela-Bairro), que não é outra coisa senão a sistematização e reformulação da experiência acumulada durante décadas de intervenção nas nossas grandes cidades (onde só havia actuações de caráter fragmentário tais como saneamento básico, contenção de encostas, relocação de residências em áreas de risco, etc), mas de forma desconexa, hoje, se trata de pensar primeiro o global, isto é, ter uma reflexão sobre a cidade como um todo, e a partir da leitura da estrutura de cada lugar, e da escuta das demandas, derivar o Partido Urbanístico, isto é, o princípio estruturador geral de um projecto.
Outros programas foram também implantados, quais foram e quais as suas diferenças, virtudes e defeitos? Existem de facto vários programas para atender às diferentes escalas dos problemas. Digamos que existe um leque S-M-L-XL isto é, a escala pequena, a média, a grande e a extra-grande nas intervenções. Eu comecei intervindo na escala média que é o programa Favela-Bairro (destinado a comunidades que tem entre 500 e 2500 famílias), fiz também intervenções na pequena escala, no programa Bairrinho (menos que 500 famílias), intervenções para a grande escala, como a favela de Rio das Pedras, Programa Grandes Favelas (12.000 famílias ou 60.000 habitantes) e estou trabalhando, agora, na escala extra-grande, no Complexo do Alemão e no Complexo de Manguinhos, que são grupamentos urbanístico-sociais de escala territorial. Trata-se da elaboração de estruturações tipo Plano Diretor, para extensas áreas que abrangem 11 favelas com uma população de 250.000 habitantes no caso do Complexo do Alemão, e cerca de 110.000 habitantes no caso do Complexo de Manguinhos...Cada uma destas escalas demanda formas de abordagem, metodologias e formas de trabalho, claramente, diferenciadas. Vários outros gabinetes, estão a trabalhar no mesmo programa do Favela-Bairro. Qual é a razão dos vossos prémios e qual é a diferença e a originalidade das vossas propostas? Do meu ponto de vista, a diferença fundamental consiste no "approach" projectual. Enfrento cada novo desafio projectual como se de um experimento se tratasse, e não como uma forma de manter apenas uma estrutura produtiva. Isto significa que há sempre algo em jogo comandando o projecto que, como dizem os psicanalistas, tem a ver fundamentalmente com o "desejo". Consciente ou inconscientemente, é a capacidade de estabelecermos com os nossos interlocutores uma "transferência" o que cria condições, mais ou menos favoráveis, para a elaboração de um projecto. Além, é claro, da capacidade técnica e do saber disciplinar específico com que devemos contar para poder intervir em situações que envolvem extrema complexidade, como é o caso das intervenções que visam a articulação da cidade partida, onde se interceptam lógicas da mais variada índole, sob as mais diferenciadas circunstâncias. Caetano
Veloso tem uma frase bem significativa a respeito disso quando diz: "agente
não sabe o lugar certo onde colocar o desejo" e, como arquitectos, sempre
precisamos estar "encontrando" esse lugar. Sendo o vosso trabalho, claramente, interdisciplinar qual é o papel que cabe ao arquitecto nessas equipas? As equipas de trabalho são constituídas por arquitectos-urbanistas, engenheiros civis das várias especialidades (de trânsito, de infraestruturas, de contenções, etc) geógrafos, sociólogos, assistentes sociais, consultores de programação artística e cultural, e também, mantenho diálogo permanente com psicanalistas e filósofos, como já mencionei. O arquitecto-urbanista é o coordenador da equipa e quem canaliza e sintetiza todas as decisões projectuais. Qual é a abordagem que a vossa equipa faz do território no caso das favelas? Hoje
em dia, quando se quer intervir em problemas complexos como, por exemplo,
o de articular a cidade formal com a cidade informal, a cidade dos fluxos
com a cidade dos lugares, é necessário trabalhar de forma coordenada pondo
em relação e interceptando diferentes visões e formas de abordar, problemas
que vão desde o urbano, ao social, ao económico, ao ecológico, e onde
se entrecruzam o ético (isto é, o que tem a ver com princípios), o estético
(isto é, o desafio do novo) e o político (o que implica a relação sempre
tensa com as estruturas de poder). A abordagem deve ser, claramente, transdisciplinar,
quer dizer, deve tender para a busca da coincidência de paradigmas, como
mínimo, duas a duas disciplinas. Essa abordagem é muito diversa do tipo de abordagem que deverá ser feita na parte formal das cidades? A forma de actuação é , claramente, diferenciada da actuação na cidade formal, principalmente no que se refere à "escuta das demandas", onde o diálogo é menos "interactivo" (no caso da cidade formal). Isto significa que a participação dos destinatários dos projectos, no caso das favelas, adquire diversas conotações; inicialmente são interlocutores para a definição dos programas, posteriormente colaboram na fiscalização da execução das obras e finalmente fazem parte do posto de orientação urbanístico e social que é instalado em cada comunidade urbanizada, pós-obras. Pelas visitas que efectuámos às favelas onde intervieste, pudemos constatar a introdução de uma série de novos programas de grande interesse social. Quais são e qual é a importância de que se revestem no seio dessas comunidades? O objectivo das intervenções é, claramente, "construir cidade". Isto significa, introduzir os atributos da urbanidade em lugares carentes de toda a presença da dimensão do espaço público. Na favela existe de tudo menos espaço público e edificações representativas da presença do poder público na comunidade e é isto que buscamos introduzir, juntamente, é claro, com novas condições de acessibilidade, com a recomposição das centralidades, e a incorporação de novos serviços e equipamentos. Assim, a introdução de Centros Profissionalizantes, Centros de Geração de Trabalho e Renda, Centros Culturais, Creches, Escolas, Instalações Desportivas, Centros de Saúde; Praças, Parques e Espaços Públicos; novos traçados viários veículares e de pedestres, projectos para recolha e tratamento do lixo, constituem ao mesmo tempo, novos componentes reais, simbólicos e estéticos, no interior de áreas desestruturadas. Constatámos, também, uma grande preocupação formal num programa que é de base, claramente, social. Qual é o espaço que encontraste para uma pesquisa formal e quais são as influências que a vossa intervenção trouxe ao modo de viver e pensar dessas pessoas? Na verdade não encontrei nenhum espaço para a criação formal, tive que criá-lo. Isto significa que, muitas vezes, você deve criar as condições para a recepção de um projecto, sobretudo em relação ao próprio poder público, que no que a ele respeita, só está interessado, na maioria das vezes, no cumprimento do contrato e não na qualidade do que se faz. A influência principal, no modo de viver e pensar das pessoas às quais se destinam as nossas intervenções, consiste na mudança radical que elas provocam quanto à sua auto estima. Como diz o crítico Roberto Segre, "é emocionante visitar uma comunidade urbanizada pela equipe de Jorge Mario Jàuregui e perceber, tanto no ambiente físico, quanto no estado de espírito das pessoas, a fundamental mudança quanto a passar a se sentirem parte da cidade formal", pois, a partir desse momento, com as mudanças físicas vem também a regularização da situação fundiária que faz parte da passagem da situação informal para a formal, e da exclusão para a inclusão. Outro sintoma fundamental das mudanças, está no facto de que, da mesma maneira do que na cidade formal, nas favelas, a partir do investimento público há uma resposta imediata de cada morador que passa a investir, também, na melhoria de sua própria moradia, o que contribui para uma transformação radical do ambiente físico. Numa das vossas intervenções, penso especialmente em Fubá/Campinho, tens uma clara citação da Casa das Canoas, no bloco de apoio ao campo de futebol, é uma homenagem ao mestre Oscar Niemeyer? Sim, trata-se da Vila Olímpica implantada nessa comunidade, onde o programa, uma instalação para actividades desportivas incluindo campo de futebol, pista de atletismo e edificações de apoio, permitiram trabalhar com uma estrutura de tectos suspensos funcionando como grandes guarda-sois em betão aparente, abertos ao entorno. É sim uma referência à Casa das Canoas, uma espécie de homenagem ao mestre, que constitui, para mim, um marco referencial fundamental da Arquitectura Moderna Latino-Americana. O Oscar Niemeyer é um grande arquitecto e largamente conhecido pelo seu discurso de esquerda com grandes preocupações sociais. No entanto a nível da sua prática arquitectónica ficou sempre ligado ao poder, como ele mesmo admite. Como é que vês as posturas sociais do Oscar e que diferenças ou semelhanças podes constatar no vosso trabalho? Essas diferenças podem configurar duas posturas diferentes, uma moderna e outra pós-moderna? É às vezes paradoxal, como entre as declarações de intenções e a prática concreta na relação com os "clientes", aparecem as dicotomias. Realmente, Oscar quase não teve oportunidade de lidar com as necessidades dos sectores mais desfavorecidos, talvez porque as demandas concretas de projecto o levaram noutra direcção, a pesar da sua posição político-ideológica. Hoje, no entanto, a questão da articulação da cidade fragmentada, tanto física quanto socialmente, se transformou no máximo desafio em toda a América Latina. Penso que esta é uma das diferenças fundamentais de foco entre o modernismo e a situação actual. Agora, partimos da leitura da cidade existente e buscamos realizar nela novas conectividades visando sua re-articulação, mais do que "inventar do zero", que era a postura moderna. A posição hoje, pode ser caracterizada como uma atitude de "extrema sensibilidade às condições iniciais", em oposição à atitude moderna de imposição ao lugar.
Qual é a avaliação, que fazes hoje, da arquitectura contemporânea no Brasil? O Brasil, teve a sua contribuição principal ao cenário internacional, primeiro, durante o período colonial com a elaboração e processamento dos modelos do barroco chegados desde Portugal, onde se destacam entre outros, o trabalho do Aleijadinho em Minas Gerais, depois mediante as obras de alta qualidade produzidas no perído da Art Decó, e finalmente durante o período moderno, onde toda uma plêiade de arquitectos absorveram os princípios modernos e os souberam traduzir em obras que até hoje continuam sendo referências, fonte para releituras. Hoje, no entanto, o panorama é completamente diferente e o país perdeu sua participação no diálogo internacional. Depois do período heróico moderno, poucos arquitectos brasileiros têm realizado uma obra significativa e representativa das grandes transformações que aconteceram no mundo após esse momento . Somente, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha continuaram a produzir uma obra consistente, cada um à sua maneira. É nas jovens gerações que hoje despontam sinais de renovação, que apontam para a busca de uma re-inserção do Brasil no cenário internacional. O teu trabalho, além da urbanização das favelas, tem também uma pesquisa teórica e formal, que está conectada com a vanguarda conceptual. Como te situas neste campo, em relação ao momento actual? Sempre me interessou e participei da discussão teórica sobre os rumos da arquitectura e do urbanismo contemporâneos. Como você sabe, eu sempre escrevo e publico artigos e ensaios e também dicto seminários e realizo oficinas de projecto em vários países de América Latina. Nas últimas oficinas de projecto (chamadas de Taller) que realizei em Montevideo e Cidade do México, a questão da relação entre teoria e prática projectual está no centro das considerações. Neste sentido, hoje me interessa, enormemente, a questão da pesquisa entorno das questões relativas à genética urbana e à função dos diagramas nas elaborações projectuais. O
que podemos chamar de "genética urbana" tem haver com a busca de uma sistematização
elástica, topológica, da forma, considerando os processos espaciais, desenvolvidos
no tempo. Por
outro lado, o diagrama serve como critério de acção, como trajectória
seminal ou como programa-base de um sistema ou dispositivo operativo e/ou
gerador. Um diagrama resume múltiplas operações numa só, sintetizando
sobre um suporte legível uma série de códigos contendo significados ou
informações. Um dos teus projectos mais recentes, a Casa Klein, apresenta características muito especiais (é quase um manifesto), e tem um embasamento teórico muito ligado à geometria não-linear, e em especial às pesquisas psicanalíticas de Jacques Lacan, podes falar-nos sobre isso? O Projecto da Casa Klein me permitiu indagar em torno de questões que venho elaborando nos últimos anos, relativas às relações entre arquitectura e psicanálise, e por este viés, na busca de uma arquitectura topológica, como forma de investigação e de buscas para além da modernidade. Estas buscas passam hoje pela utilização de uma geometria não-linear, topológica, capaz de possibilitar uma continuidade interior-exterior, sem interrupções, um continuum dentro-fora imprimindo uma expressão dinâmica às formas, ao mesmo tempo que mantendo as conquistas modernas relativas à leveza, transparência e uma certa "desmaterialização" do objecto (pensando em Mies, por exemplo).
Para Lacan, a arquitectura está estruturada em torno do vazio (tomando o exemplo do oleiro, que configura o vazio definindo suas bordas, os limites do vaso) e o que a diferencia do edifício é a potência lógica que a ordena, além do que o edifício suporta de possível utilização. Isto tem fortes sugestões para nós arquitectos, no sentido de nos estimular a pensar o objecto "pelas suas bordas", partindo da definição, do modelado das superfícies "para configurar espaço". Este vazio é a verdadeira razão de ser da arquitectura e "não deve ser preenchido". Na cidade é a mesma coisa. O espaço colectivo, que não é apenas aquilo que não está construído, é precisamente o que mantém juntas as partes (os fragmentos de que se compõe o urbano) é a razão de ser da cidade, e neste sentido tem um carácter sagrado; por isso não deve ser preenchido, mas sim "modelado", num permanente processo de configuração e re-configuração, onde cada época deixa a sua "marca", o seu traço. Assim, tanto o espaço interior (objecto) quanto o espaço "exterior" (urbano) não podem ser definidos somente em função dos usos, devendo ir bem além da sua função. Por isso pertencem ao campo do simbólico, como produtos de uma cultura, onde, como sabemos, a relação entre o local (o lugar) e o universal estão na base das significações. Nós poderíamos pensar também esta configuração do espaço, como tendo dois impulsos diferentes e contrapostos. Como sendo a interseção entre o espaço de fluxos (individuais, colectivos, de informações; fluxos naturais e electrónicos) e o espaço sensível ao lugar (à topografia, à paisagem, ao clima, à cultura). Sendo as cidades e a realidade Latino Americanas muito diferentes da europeia, quais as lições e recomendações que poderiam ser aplicadas às cidades em Países como Portugal e em sociedades como a nossa? Hoje, a fragmentação social e do tecido urbano é um mal que assola as cidades em todo o mundo e não somente na América Latina; claro que esta fragmentação, apresenta enormes diferenças segundo se trate de países inseridos num contexto de desenvolvimento, como Portugal e Espanha, ou no contexto de dependência Latino Americano. De qualquer forma, a necessidade de pensar a articulação do partido, do dividido, do fragmentado, apresenta exigências comuns quanto à abordagem metodológica para tratar com situações de complexidade. Sabemos, que a questão urbana contemporânea é uma das problemáticas mais complexas que existem e, que por isso, exige uma abordagem com instrumentos que devem ser fornecidos desde várias disciplinas, porém, coordenadas desde uma visão urbanístico-arquitectónica. Neste sentido, creio que seria de sumo interesse poder realizar estudos simultâneos e comparados na América Latina, Europa e África (que compartem historicamente problemas e experiências de intervenção urbanística) abordando as questões de uma maneira integrada, onde o urbano, o social, o cultural e o económico formem o núcleo das considerações. Nas minhas visitas a Lisboa, tenho podido perceber, tanto problemas de desestruturação urbana, quanto de indesejáveis e descontroladas extensões das periferias, que demandam uma ação coordenada das diferentes instancias dos poderes públicos, antes que a dimensão e a gravidade dos problemas os tornem muito mais difíceis e custosos de manejar. Para isto, é necessário formular novas estratégias flexíveis de articulação e desenho urbano, desde um pensamento que contemple uma visão abrangente, não reducionista das questões envolvidas. Questões que envolvem a própria forma de aproximação (approach), os conceitos a serem utilizados, as metodologias empregadas, a necessidade de realizar com precisão a adequada leitura da estrutura de cada lugar, os dispositivos a serem utilizados para a "escuta das demandas", as articulações entre cultura profissional e cultura popular a serem feitas, e a construção de "vazios significativos", todo o qual constitui um complexo emaranhado de "material e imaterial" que deve ser articulado nos estudos e projectos, de modo consistente. Sintetizando a minha visão, poderia dizer que "urbanizar favelas implica forçar o caos até converte-lo em forma".
- Entrevista ao Arquiteto Jorge Mário Jauregui _Henrique dos Santos / Arquiteto Rio-Angola 2004 -2005
1-
Nos dias de hoje as sociedades (teoricamente) organizadas, em especial
as grandes metrópoles, maiores ou menores em extensão e
complexidade, enfrentam problemas como a exclusão social e urbana,
a violência e o crescimento da sua “urbe” de forma desorganizada
em alguns casos. Até que ponto acha que profissionais como o Arquitecto
tem a ver com esses mesmos problemas e qual pode ser a sua contribuição
nesses aspectos num futuro próximo? 2-
Consegue tentar definir ou enquadrar numa suposta definição
de Arquitectura, essa problemática? 3-
Disse recentemente que com a experiência que adquiriu e com a obra
até agora executada, diga-se de passagem reconhecida mundialmente,
conclui que é um perigo entrarmos em diagnósticos e declamações
vazias, e que a temática em causa e a maneira de a abordar, é
algo provisório e em aperfeiçoamento, reformulando-se ante
a aparição de novos desafios e escalas, aceitando e assumindo
os contextos não como determinantes paralisantes, mas como possibilidades
projectuais. Pode aprofundar um bocado esta afirmação?
7-
Como se leria e projectaria a cidade então?
9-
Na sua opinião qual é a morfogenética da cidade actual,
e como poderiamos intervir nela? 10-
Uma Favela poderá então ser um exemplo disso? Que experiência
pode retirar do programa Favela-Bairro desde o seu início? 11-
Que relação têm o Urbanismo e a arquitectura nesta
abordagem e que disciplinas mais poderão participar e de que maneira?
Porquê da paixão pela Psicanálise? 12-
Se pudéssemos falar numa metodologia de abordagem a esta problemática
à maneira de “Jorge Jáuregui” ,ela estaria implícita
no concurso de Santa Cruz? Como descreve esta experiência? 13- Nos dias de hoje as preocupações com o ambiental
e ecológico tem se tornado algo cada vez mais presente no quotidiano
do arquitecto e na consciência Social em geral. Como perspectiva
esta tendência num futuro próximo? 14-
No concurso de Holcim apresentamos uma ideia inovadora, aquilo a que chamei
“mitocôndria” ou seja, um objecto arquitectónico
(organela celular) capaz de gerar energia capaz de transformar, regenerar,
desenvolver, dar vida a sua envolvente (célula). Como a apresentaria
muito rapidamente? 15-
Recomendaria e ou aconselharia o seu mais recente pupilo para um mestrado
na área? Italian Press 1. You worked recently in India, and work with Brazil. What is really happening in these developing countries? As part of the BRIC group, Brazil and India are countries with considerable similarities, although significantly different in the magnitude of their populations, and the manner and degree to which these gain from their countries' recent development. In particular, they differ in the amount of people excluded from the benefits of 'development' and 'urbanity', and the way in which they partake in their nation´s progress. Nevertheless, both countries are comparable in the role that dominant classes play (directly and indirectly) in the economical, cultural, and educational exclusion of the majority of the population; where only a small minority are active participants in the globalized sectors of capitalism. What is occurring in Brazil and India is a product of rapid economic growth lacking quality and imposing high environmental costs. Urbanistically, these countries are experimenting unprecedented levels of both vertical and horizontal urban expansion, where low standards of quality are dictated by a booming construction industry, and development is conducted by a speculative real-estate market. 2. What are you doing, and what can be done for Slums and Favelas? I have continued to work with the urbanization of slums (favelas) since 1995, when the Favela-Bairro program was established by the municipal government of Rio de Janeiro. The urbanization of favelas entails articulating its physical aspects (infrastructural-urbanistic-environmental), social aspects (economical-cultural-conditions of life*), and ecological aspects (mental ecology-social ecology-existential ecology) with matters of public safety and the issues faced by the contemporary individual . The urbanization of all the existent favelas involves the necessary political determination, economical resources, and consistent projects designed by experienced, interdisciplinary teams. 3. What do these places need to become sustainable for people? It is necessary to provide such places with projects that have a clear urban strategy, specifically tailored to solve the area's most pressing programmatic demands. The principal issues that arise when considering sustainable interventions in favelas relate to the reutilization (incorporation) of existent buildings, spaces and vegetation. It is necessary to re-equilibrate the relations between green mass and constructed mass in order to turn our cities into desirable places for living. However, sustainability is a concern that already arises in the initial stages of the intervention: The careful development of an adequate concept (projectual hypothesis), its subsequent cost-benefit analysis, and its sustainable implementation (including the allocation of public funding to procure a local workforce), are vital in maximizing the project's initial impact and securing it's lasting effect on the population. 4. Is architecture important in lifting people out of poverty? Urbanism and architecture can be important instruments to re-qualify the existing territory, simultaneously contributing by providing a means of employment and income to local dwellers. Better buildings and public spaces, specifically tailored to meet a neighborhood's unsatisfied demands, can significantly improve people´s quality of life, especially in the least favored areas of the city. 5. Do you have any help from authorities, how do you finance your projects? The vast majority of projects in favelas are executed through biddings and public competitions, and occasionally by a direct invitation from public authorities. The urbanization of slums can only be done by means of public funding, due to the magnitude of the investments, which are not based on the capitalization of real estate, but rather conceived as necessary investments to answer social debt. What was not done in due course, needs to be done now -it's a question of ethics: "to do what must be done." 6. Is the environment paying too much in Brazil at the moment? Are certain projects (like the various dams) necessary in your opinion? Brazilian cities are also undergoing dangerous transformations by the hand of unregulated development projects that lack architectonic and urbanistic quality. Such projects compromise both the environment, and the quality of life of the entire city's dwellers. The inhabitants of favelas have already paid a high price after decades of ecological and socio-spatial negligence resulting from irresponsible policies and interventions. Today, especially in megacities, it is imperative to recover the environment, and to provide the conditions for a decent quality of life in the favelas, introducing infrastructure, proper conditions of accessibility, qualified services and equipment. 7. How did you become attracted to this kind of work? Who or what inspired you? I was attracted to these kinds of projects by my former political militance, to which I owe an ample understanding of popular needs and demands. This field demands such a sensibility: the need to think and to intervene, both with a clear conception of our urban future (devenir) and a strong will to turn it into a concrete realization: the desire of a more articulated city and society, connecting the formal and informal “parts” of the broken city. My reference to these types of projects includes the social approach of some of the masters of modern architecture, from which prominent examples include LeCorbusier -as an 'agitator' of socio-spatial and cultural issues-, and the Russian Avant-Garde -with its marked social concerns-. 8. Why did you pick Rio to live? Because Rio is a city in which it is still possible to live “in the middle of the nature”, with the big green heart between lagoons and the sea. The climate and the receptive inhabitants invite you to integrate this socio-spatial body, always confident that things can be changed in a positive sense. I imagine a species of “samba urbanism” as a type of open urban condition for evolution, together with an interactive architecture as mediator between nature and culture, forming spaces, establishing new relations, dimensions and materials, thinking about time and the people that dwell buildings and collective spaces, providing the conditions for a conviviality of differences--a lesson that Rio teaches us, despite its apparent chaos.
- Jorge Mario Jáuregui on Favela's Urbanization, interviewed by Elisabeth Blum and Peter Neitzke ***Copyright Rio de Janeiro, September 7 2002 Jorge, last year the Harvard Graduate School of Design has awarded the Veronica Rudge Green Prize in Urban Design to you. A committee that for years has confered the prize on architects for this or that brilliant architectural single object now has awarded the famous prize for a project that has a tremendous social and political significance. Could you portray the main ideas of your work and the background of your experiences as an architect struggling for the realization of Favela-Bairro-Projects in Rio de Janeiro? My
first question always is this: What is the approach or the approximation,
what implies the strategy of reading of the structure of a given place?
From this approach you are opening the horizon from which you can get
into every new project. The favela and its neighbourhood The plazas are conceived as an integration of favela and neighbourhood. Some places in the favela work like "integrators", like "connectors" with the neigbourhood areas. The urban equipment is not only made for the favela but for the neighbourhoods and for the city as well. Do you know whether people of the neighbourhoods really use Favela-Bairro attractions? Could you give us an idea by comparing situations before and after an intervention? Let
me give you an example: Fubá-Campinho is one of them. There is a football
field, a track, buildings for physical education activities, not only
for children but for people of all ages; they are also used not only
by favela dwellers but, by people from the surrounding neiborhoods,
principally on the weekends.
What about the parents of the neighbourhood's children? Aren't they afraid of letting their children play with those of the favela? Yes and no. They are somewhat afraid, but the football and the beach are two spheres socially accepted by both. You don't have to enter directly into the favela. Both are in the periphery of the favela ... With the urbanistic intervention there is a new sense of participation, of pertaining to the community and to the society. What are you doing to convince the favela people of your ideas? Your question is very important. The favelados live in an absolutely precarious situation. Any proposal for an improvement of their living conditions, to give them a small place is better than the present situation, and is welcome. But the most important question is to go further than to introduce an infrastructure, ways and services. All this is necessary, but the most important thing is to configurate with all these elements a new "aura" of the place. City Politics, Urbanistic Party (Urban Scheme) and J.L.G. In the city of today the common sense or common politics isn't any longer to push these people out of their places. If any of their houses has to be erased for urbanizing the favela, the Town Hall offers them two options: to accept money for their houses (the Town Hall has a committee that evaluates the value of each of the houses) or to get a new house, in the complex, and in the interior of the intervention area. Since when does the Rio Town Hall follow this politics of acknowledgement? In 1994, when Cesar Maia was elected as Major, the Favela-Bairro program was established. In 2000, he was elected once again as Major. What was the precise Town Hall strategy before 1994? Its politics was to make disarticulated interventions like in all Latin America countries just to build some new residences, new pavements of the streets, new contentions on the hillside or introducing some services like kindergartens, posts of health, in a word: some services and improvements - but without a clear concept of what I call "urbanistic party" or urbanistic scheme. It's the "urbanistic party" that makes the difference. This notion defines the basis of the intervention. All questions are based on it: it regulates the whole of the variables that intervene - the articulation between urbanistic, social, cultural, economic as well as ecological questions. The
articulation between all these aspects is fundamental, it is the basis
for the urbanistic project, which on the other hand is the basis that
establishes the coherence of every proposal. I have already told you
what I mean when I say that you have to read the structure of a given
place. Reading implies distinguishing the different layers: the layer
of central spots, the layer of physical and social limitations and possibilities,
the layer of the system of waste, the layer of environmental aspects,
etc. In my point of view, the most important question deals with all
those readings, with the relation between the physical, the social and
the cultural variables that defines the singularity of a place - clearly
there is no other place like the specific place you're working on. Its
physical characteristics, conditions and specific forms of social appropriation,
of interaction between the different places and the community actions,
and the community's occupation of the place. As told by Jean-Luc Godard in his movie Éloge de l'Amour: "...de
quel Américain s'agit-il Exactly! Godard is absolutely right. "Urban party" - methods & strategies What
you can see in a place and what you can hear when you listen to the
people is completely different. You know Paul Klee distinguishes things
you can see from the ***ones you can feel …one eye looks, the other
feels.
Precisely which plateaux are you speakingf? I'm
talking about some of them. About a specific section of the reality:
urbanistic, social, political, cultural, economic, and ecological strata.
But there is one dimension that can only be interpreted by architects-urbanists:
the capability to transform all those variables in a consistent formal
and spatial configuration. No other specialist is capable of working
that out. An integrated reading of the complexity of the reality creates
the basis of an elaborated scheme of reading of the structure of the
place. So the concept of the "urbanistic party" implies a structure composed of multiple parts? Is it the urbanistic key to the formulation of the project, the structural dispositive of coherence for all its different aspects? Yes, it is the coherent referential basis to formulate the central idea of the whole intervention, that guarantees the consistence of the "composition". The necessary connections between all parts and the introduction of the attributes of urbanity that I have mentioned. The uses of philosophy and psychoanalysis How
do you practice Enric Miralles' "technique" of sniffing, looking, and
listening? Do you speak to the people? And why psychoanalysis? We
learn from the psychoanalysis how "to listen" to a certain speaker.
In our case, how to listen to the people, how to respond to their "demands". What implies the psychoanalytical approach to us as architects? In which way could this approach be useful for us? A
very significative question! We could then say that the psychoanalytic part of the design process is something like a kaleidoscopic instrument, which shows the pieces of a puzzle of "the possible" and "the non- expressed" in different constellations which could not been seen without processual movements, which are introduced by the "talkings-cure". Psychoanalysis
draws our attention to this question related with the ethic when - facing
all types of the determinations (economic, political, social, cultural
determinations) the "projectual act" implies an ethical position that
I would summarize as following: "Do what it is necessary to do". But
this right is not in a relation with moral or law. It is just a right
in which a certain "beyond the demand" is permanently working. It is
for this reason that the question is not to try to please, like a manner
of seduction or harmony. However, this is clearly not the fundamental
issue. On beauty as demand Normally favela-people are totally excluded from the "right to beauty". But this right is as important as the right to infrastructure, to social services or to education. Do you speak of beauty as of a category of objects or as of a category of thoughts and thinking? I
speak in the sense of a category of thinking and as an ethical issue.
The responsibility for the "right to beauty" is the specific responsibility
of an architect. Not all professions are capable of responding to this
fundamental demand. You have spoken of your philosophical and psychoanalytic approach to your work. What about an ethnopsychoanalytical approach, which would let us understand different meanings of terms like "normal" or "normality" as well as "strange" or "strangeness" and which - as a consequence - would demonstrate us that our "standard" understanding of these terms is just the consequence of our way of being socialized. This approach could install the interest for different kinds of "being normal" as well as reducing the prejudices against them. A better understanding for different "normalities" seems to be of high interest in the relationship between favelados and the other citizens. You're
right, but actually I don't have a specific dialogue with an ethnologist.
However, I recognize that the architect has to be open to all types
of external stimuli and contributions from other disciplines to be able
to think. The model of attitude is the surfer, who has to study the
characteristics of the waves, he has to find his specific way of "connection"
with the wave. He has neither to dominate - which is impossible - nor
to submit himself to the wave "that is coming" towards him - which could
kill him. But he has to find the best way to go for it. It's a political
question. Not to be submitted but to find the best interactions with
the existing forces. War-methodology: from S- to XL-scale What is the difference between one proposal and another? Between a certain "urbanistic party" and another one elaborated by other interdisciplinary teams? It's
like comparing different poetics. Different poetics imply different
approaches to the world. What is in play when you go to a place to make
a project? Where does the money for these big interventions come from? Well,
it depends principally on the public sector on the Town Hall scale,
but also of the dialogue between the federal domain and the State Government
- of the articulation between the three levels of the public sector,
and the agreements with the private forces of the neighbourhoods and
with enterprises, NGOs, and the support of the Community Associations
that act in the surroundings ... many instances and diversified interests.
I'm working now for a favela in Caracas of one million inhabitants.
You can overlook this favela only from the helicopter. When you go around
by feet it is impossible to have the slightest idea of its dimension,
and configuration.
What about the term war within urban planning? It
is a risky comparison from my part, I know. It implies that this work
and this scale of intervention demand a centralized command and a series
of subcommands at each "front" of intervention. I know that it might
be dangerous to speak in this way - speaking in terms of military strategies
is likely to be misunderstood. But what I would like to say is this:
a big favela like Petare, in Caracas, establishes clear and strong
and not tranferable responsibilities for each area of intervention interacting
withing the interdisciplinary fields. Such a coordinated work must avoid
the current dispersion, for me it is the only form to execute this task,
a huge challenge. Favelas and drug traffickers Who is your main partner, when you start a new favela-project - is it the Community Association? Yes. We never work without discussing with the Community Association. Its existence implies an important level of popular organization and representativeness. How many people work for or in a Community Association? You
mean how many representatives? There are representatives of many different
favela-groups: women, different sectors of work, of religions, of guards,
children, the elderly , handicapped and young people etc. - usually
between fifteen and twenty persons in each Community Association and
usually very well organized groups. All this does not imply that the
drug traffickers are not present. They are present too, but implicitly
through certain individuals. But they are themselves not members of the Community Association? Not directly. The members of Community Associations are more or less related to the traffickers. There are communities where the representatives are directly representatives of the traffickers. In those cases it is difficult to discuss, to establish a certain continuity, because these representatives change very quickly. Why do they replace their representatives so quickly? Because the commands of the differents groups or "drug associations" are permanently in war among each other - a fact that leads to a substitution, according to the winner. Schedules, time-budgets and again the drug traffic Which time do you normally need from the first sketch until a favela-project is finished? My contracts with the Town Hall - from the moment I win the competition up to the final works - vary from six to nine months, depending of the dimension of the favela: six month for a small or medium, nine month for a big favela. Are you still involved in a project when the enterprises start to realize it? There are different circumstances. Normally a competition needs one to three months work, in exceptional cases six months. In this time I go to the favela very often, as much as necessary. In some cases a construction starts when the basic project is finished, that is before the final project is completely finished, detailed, but in other cases the execution starts with the basic project only. Are you then officially introduced to the Community Association by the Town Hall? Not
at the first moment. During the competition I go by myself. I call the
Community Association to make the first appointment in the favela and
normally, when I arrive, there are always people waiting for me. I don't
go to the favela without having fixed a date with some of the Community
Association's representatives. What exactly is - or was - the function of this urbanistic and social orientation post? Is it or was it intended to be a permanent institution? It has to regulate contradictions, to listen to the community, to register problems, to co-ordinate the maintenance of the executed work. This post is conceived to be a delegation of the Town Hall in the favela to regulate the relations between public and private interests and to canalise complains. How would you characterize the difference between the normality of daily life lbefore and after the intervention compared to the quality of a normal quarter of the city? There is a great difference. The most important one is the chance to move in and through the favela. Before the intervention there is no - or no easy - public access. The regular presence of the police is not possible before, because the ways do not allow vehicles to go through. Before an intervention a favela is a ghetto without any public access or only reduced access. Normally the drug traffickers retire from an urbanized favela. Do they really disappear or do they only become invisible? They disappear not at all. They retire from the principal parts of the favela because the urbanized favela is not longer safe for them. Do they move to the favela's periphery? No, first they move to other favelas in the surroundings. The drug traffic is still ongoing, but the traffickers are not permanently there? Sometimes they come back after the interventions, but not permanently, because the police can use the public access now. Would you say that an urbanized favela has what it needs to become a bairro free from the drug trafficker's rules and their violence? Urbanism has never solved any problem due to the fact that problems involved are socio-economic issues as a whole. But urbanization policies are powerful instruments to combat the drug traffickers' existence combined with security and socio-economic development policies. They have a great real and symbolic significance. In which way are the favela-people normally related or otherwise connected to the drug traffickers? Let me give you an example: In the favela of A Pedreira representatives of the Community Association have told me that the situation becomes more and more complicated and that boys and girls from one favela better do not meet any longer young people from another favela in the neighbourhood unless they would like to risk their lives. Drug traffickers don't hesitate to kill. The different groups are in a real war. The situation resembles more and more the one in Israel and Palestine. A grave social situation. Is this a normal situation in almost every favela? Each favela is a single case with no similarity with any other. The corrosive existence of drug-traffickers is due to the absence of the public sector or to its very fragile presence. This is a reality that has endured for a long time. To change this dramatic situation you need a long-term social policy. Urbanization combined with other policies related to education, generation of work and income, health, security, strategic planning articulated with urban design, are the only way to resolve the intrincate current situation. Would you say that the favela dwellers - in spite of all those dramatic aspects - are happier about the interventions from the start? Today, starting from the experience of the work already executed, when you set foot in the favela, everyone wants the urbanization. There is really a great demand for the program, and the civic attitude changes very much. They come to have a proud attitude regarding the favela; in this sense I can say that they are happier after the urbanization, without any doubt! Compared to their dependance on the current negative conditions, they certainly do. The issue is always about the necessity to introduce services, to improve physical spaces, to introduce cultural equipments and to create conditions to provide jobs. According to the urban upgrading, the latter aspect is very important. Do you know favelas whose inhabitants are so strongly connected to the drug traffickers that they do not want any intervention? I don't know any case. Normally, they need to have the support of the local population and then they aren't opposed to the urbanization, even knowing that they will stay much more vulnerable. In some cases the traffickers work for the people supporting the absence of a public sector like in the case of transport to the hospital for the sick, economic support for families in difficulties, etc. They help them? Yes,
they do. In my experience I never met traffickers who were against the
program. They need the approval of the Community to establish good relations
to the people in the favela in order to not be denounced. You were under the personal protection of the big boss? Yes, indeed. I didn't know what to say. I could have said to him: "If you have something to suggest, just let's have a coffee." But I didn't. We shook hands and he turned around and went away through all these people. I never saw or met him again. It never happened anything that made our work difficult or impossible. What happens when people refuse to serve the traffickers? We have read reports dealing with the brutality and the violence exerted on people who refuse to cooperate. Like you, I only know about these cases from the newspapers; I know that they exist, but I don't know anything more specific. To whom does an occupied territory belong? The question of private property everywhere is one of the main problems of the ruling classes. As in many parts of the world in Brazil hundreds of thousands people have occupied public ground and built houses on it. Are the favela people interested to transform their juridical non-position? Are they interested in regular contracts? Would they be proud to say: "This is my ground, this is my own house?" And do the Rio City Authorities want those people to become legal users respectively owners of the ground? This was one of the initial questions to face. At the end of our work of urbanization we needed to give the authorities the plan containing the differentiation between private and public space domains. This is the basis for the legalization of each residence that receives the property title. While works of urbanization come to an end the law and its practice needs a long time for a fundamental change. The favela dwellers are profoundly interested in legalizing the situation because they depend on their inclusion in the formal social net of relations, that to give an example permits to get credit in normal commerce of the city that demands a formal address, for example. We have read that after five years of occupation the territory belongs to the occupier. Does a law exist that regulates all juridical questions? Yes, it's called "uso capião", but this law is not applied to the case of the favelas. The whole situation related to the law administration is characterized by complicated processes and procedures that demand a strong group of lawyers working permanently for this purpose. The "Estatuto das Cidade" (Statute of the City, see www.polis.org.br/publicacoes) has not been aproved yet. Amongst other things the law establishes that those parts of favelas which imply danger for their inhabitants or others (like in case of inundations, terrain liable to slips etc..) are not safe from removals. * Does Rio's Town Hall wish to legalize the situation? Yes, that is one of the principal questions to be solved. To permit the transition from illegal to legal, from informal to formal conditions of citizenship. Would you say, that the favela inhabitants are highly interested in getting those contracts? Yes, they are. Before the intervention the property has a certain value and after the intervention it has a higher value - one of the reasons for the people to be very interested in the urbanization project. Did the favela people pay any taxes before the intervention? Not taxes, they only paid certain charges for electricity - but there are many illegal derivations. The pre-existent infrastructure was made by themselves with some irregular support by the public power.
Do the favela people have to pay taxes after the intervention? Yes. But in proportion to the conditions of an "area of special social interest". There is a declaration of the condition of "area of special social interest" by the "Cámara dos Vereadores" in the Town Hall's law. This implies to freeze the situation that permits to elaborate the proposal of urbanistic structuration and a little law applied to the specific situation of each urbanized favela. This little law is derived from the general law of the City and adapted to the specific favela situation. A special set of laws especially made for favelas? Yes, and this special law is entitled "Leizinha". Is this law valid only for a specific situation in a specific favela? And who has formulated that law? The law was suggested by the multidisciplinary team responsible for the elaboration of the project. The law or "leizinha" was submitted to the municipal authorities and approved by them. It has been adapted to the general law of the city considering the specific condition of each favela. What does "Lezinha" exactly mean? And precisely what does it establish? "Lezinha" rules the occupation and the use of the ground: for example the different zones of a favela, the number of floors of a building, the limits between private and public areas. So "Leizinha" has nothing to do with the juridical definition of the property? In principle "leizinha" establishes the delimitations between public and private domains. The property title will be prepared by the Town Hall later. Is "Lezinha" something like a Zoning-plan? Yes, in some sense, because it implies a plan fixing the right to build in this or that sector; the right of people to live or to stay there. It establishes the coefficients of construction for each street , each sector, etc. Without any contract? These contracts are made through the legalization of the property of the ground as a whole by the Town Hall, on the basis of our project that defines the dimensions of each alotment. So an additional aspect of the "urbanistic party" is juridical? Yes. It is the reference to defining a new legal condition for the favela's dwellers - and this is a very significant part. Did the authorities formerly follow the strategy of "tabula rasa" in Rio? They did so before the Favela-Bairro-program was launched, in the period of the military dictatorship. Is the Favela-Bairro program typical only for Rio? Yes, it is still the only initiative in this ample vision in the whole country. The strategy is so exemplary that it should work as a model for other cities or regions. I think so. For example for the rest of Latin America, or Egypt or India or Africa too. The reason that this project is limited to Rio, that it is has not even been practised in other cities of the country has to do with the fact that such a program needs a certain amount of money, a counterpart of the Town Hall on the one hand, and on the other it needs a Federal approval to get the loans from an international agency. Who gives and from where comes the money? The program gets the necessary money from the Bank of International Development - 70 %, the rest, 30 %, comes from the Town Hall of Rio. Did the Favela-Bairro program influence the urban politics of other countries? Argentina, Venezuela, México and Uruguay for instance. Those countries did not adopt the program or the methodologies themselves, they started forms of co-operations and common initiatives. I'm in contact with municipal authorities in Cordoba (Argentina), in Caracas and in Montevideo, to carry out studies and projects to establish a similar program of interventions. Would you say that the Rio Town Hall administration acts like an urbanistic and social avant-garde? Sure,
it does. I would call it an avant-garde laboratory! The situation of
Rio is unique and very complex. The United Nations have programs in
Egypt, in India and other countries, but not in the way we do it here
in Rio. Not in such all-embracing way. For me the essential difference
is this: Rio has established a strategy to understand the logic of configuration
of these places, to decipher this logic and to intervene in order to
accentuate a new centrality in a given configuration, to introduce new
facilities, etc. In one word: to establish the principles of a real
sociourbanistic intervention in a given structure, to create a nucleus
that transforms the favela into a normal district ("bairro") in a process,
a nucleus that expands its influence transforming all spaces of the
favela in a non-ending process. Rio has established a procedure that
generates a consistent process of transformation. It's exactly what the administrations do in Shanghai and Peking today: erasing complete quarters in city centers and forcing people to live somewhere in the outskirts in multi-storey-residence-towers. There was a similar situation in São Paulo during the government of Paulo Maluf, ten years ago.
Is there any "urbanistic-tourism" in Rio because of the Favela-Bairro-Program? Not in a well organized manner still. But the possibility really exists. My own interest is to establish forms of co-operation, forms of interchange with international organizations, for example in Europe, because the experiences of European cities are rather related to ours and our history through Spain and Portugal than to the ones of the United States. Today the United States are the reference to all the bad things that afflict our cities: shopping centers, gated neighbourhoods and all kinds of "garbage spaces" as Rem Koolhaas calls them. The "garbage space"-concept is interesting for me. It includes all the calamities happening in our contemporary mega-cities ... It is this dramatic transformation of the city that makes it necessary to establish other forms of co-operation - co-operations of thinking and acting. We have to create specific programs, special urban cells capable to propose small transformations growing in a continuous process. What succeeds would be important and would have a symbolic significance. It is necessary to establish relations with contact organizations of the European Union, NGOs, universities and research centers, in order to develop specific programs of co-operation. Outlines of an architect's biography Jorge, how did you feel after having received the Veronica Rudge Green Prize in Urban Design from Harvard? Just great. My "visibility" before and after is very different, new possibilities to establish new international collaborations are now ameliorating very much. Is seems important not only for yourself that Harvard has awarded your projects for this prize. It revalues this kind of work and lets the world know that the Favela-Bairro-Program exists - it's the very reason because we've asked you for this meeting - and that there are architects and urbanists who begin to feel their social responsibility ... In this sense, I think that this prize has a symbolic value too, because it signalizes a new attention that understands the necessity of restart the social engagement of architects and urbanists and to open the way not only for many other architects and urbanists but also for further programs and approaches in the world to work in this direction. It is impossible today not to recognize the precariousness of the relationship between social and urbanistic questions in the world, between aesthetic and ethic dimensions of any urbanistic and architectural work. The Harvard Prize people were very smart to understand the need of this kind of work and to understand the need to award this type of projects. How did you start your work? Could you tell us some details of your biography? With
pleasure. I was politically engaged. I was a political militant in Argentina.
After the military and political coup d'état, I had to leave the country
in 1978, and Brazil was the next country to stay for a short period.
Clearly I hoped to return as soon as possible. But then I transformed
myself from a political-technical militant to a technical-political
subject in Brazil, from a militant in politics I transformed myself
to a militant of architecture and urbanism. And like all Argentinian
architects in the world I formed a group of study after having arrived
in Brazil. It is a vice. Argentinians form groups of study in all parts
of the world where they arrive. I soon knew many Brazilian architects.
There is a profound difference between Argentinian and Brazilian architectural
practice: Argentinian architects like to think too much and have opportunities
of construct too little, whereas Brazilian architects construct too
much and prefer to think too little ... *(The
law applied to the favelas is the "Estatuto da Cidade" - The Statute
of the City, but it hasn't been approved yet. This law establishes that
the favelas shouldn't be remove, except in the case in which it's presence
implies danger to them or others (like in the case of inundations, landslides,
excessive proximity to greater infrastructures, etc).
- En la Argentina todavía se puede resolver el tema de las villas
En gran parte de América latina los asentamientos
precarios son endémicos. En nuestro país hay soluciones,
siempre y cuando existan a mediano plazo políticas integradoras
que no se basen en el uso de la topadora. En las ciudades de América latina están creciendo los asentamientos precarios, las villas miseria, las favelas. ¿Qué rasgos y consecuencias tiene esta tendencia? —Los problemas son graves. Hay una expansión sin límite de los bordes de la ciudad y, a la vez, un vaciamiento del centro. Este es un proceso paralelo que se da en la mayoría de las grandes metrópolis. Vaciamiento y extensión son un contrapunto de movimientos contradictorios, pero resultantes de una estructura socioeconómica que produce desigualdad. El desarrollo en los países de nuestra región se concentra en pocos sectores y acompaña la exclusión de muchos, que quedan en condiciones muy precarias de vida. No veo un fin cercano para esto.
—Miremos por ejemplo Brasil y México. Tienen entre un 30 y un 50% de su población urbana en áreas informales. Río de Janeiro tiene un 30%: un millón y medio de personas viven en favelas. Y Lima está peor: tiene un 70% de su población en áreas informales. Es decir, lo formal es casi una anécdota; lo que realmente determina la estructura urbana es la condición de informalidad. Pero la informalidad no es un atributo solamente de la cuestión espacial: domina las relaciones de producción, las relaciones sociales y las relaciones políticas.
—Hoy no existen recursos como para poder integrar a todo el mundo al mismo tiempo. Por lo tanto, tiene que haber una política pública que sea capaz de actuar ante las urgencias, al mismo tiempo que haga planeamiento estratégico de tipo prospectivo, formulando varios escenarios y posibilidades de evolución, con medidas a veinte, veinticinco años.
—Pero es necesario pensar a largo plazo. Para actuar en estos contextos hay que conjugar los planes y las fuerzas del poder público con las iniciativas privadas y de la sociedad civil.
—No, sin duda. Además de hacer unidades residenciales verticales o desparramadas horizontalmente, se debe "hacer ciudad", que es bien diferente a construir casitas o departamentos. Eso implica que, al mismo tiempo que hay que responder a las necesidades, hay que hacerlo de forma tal de crear un ambiente estimulante para la vida, para el contacto y la evolución social.
-Sí. No se trata de hacer todo desde cero, demoliendo todo para rehacerlo. Justamente, de lo que se trata es, a partir de lo que existe, introducir atributos urbanos que sean capaces de generar un efecto contagiante positivo y, a través de la inversión pública, desencadenar un proceso de mejoramiento de lo privado desde lo privado, o sea, desde los propios habitantes. Y esto porque todos se benefician, tanto en términos de valorización cuanto de mejoramiento de la calidad de vida y del ambiente.
—La política de la topadora es típica de actitudes poco inteligentes y poco sensibles, que piensan que ante un problema lo mejor es arrasarlo, borrarlo del mapa. La actitud racional es pensar qué puede obtener de beneficio la ciudad por la existencia de algo que ya adquirió su derecho a existir. La Villa 31 debe tener hoy una población de alrededor de 20 mil habitantes. Esa gente puede no sólo no ser un problema, sino que puede estar disponible para prestar servicios en el barrio del entorno.
—Puede configurarse un mercado de prestadores de servicios, no un mercado para vender artesanías, que ya hay varios en otros lugares, sino un mercado de servicios de mano de obra específica, que es lo que la gente tiene como capital social. Deben usarse los tres grandes articuladores socioespaciales: trabajo, esparcimiento y deporte. Radicando y urbanizando con inteligencia se resuelven problemas. Se enriquecería la situación social de ese entorno, incorporando grupos populares a los sectores históricamente privilegiados de Puerto Madero y Recoleta —los cuales tienen necesidad de mano de obra—. Hay una capacidad ociosa no utilizada, que tiene gran potencial y que si es bien dispuesta en el territorio, con la intención de lograr calidad espacial y estética, puede representar una contribución para transformar el problema en solución.
—Para mí no hay ninguna razón para trasladar y tampoco para que no se encare esta situación postergada desde hace 60 años. Hoy hay una precariedad de la configuración y de la instalación, porque como todo está en permanente duda, lo que se hace no está concebido, desde el inicio, para durar. Si se encara y se planifican los diferentes problemas que hay que resolver —ambientales, de circulación, de tenencia de la tierra—, creo que esta villa podría ser un caso modelo de solución, a partir de una intervención pública basada en una concepción general integradora, que busque conectar lo informal con lo formal de la ciudad.
—Sería deseable que no se hubiera llegado a la gravedad del problema actual. Pero, en ese sentido, Argentina, Chile y Uruguay tienen una condición bien diferente del resto de América latina, que es dramática. En la Argentina todavía se puede resolver el problema de las villas; se pueden tomar medidas preventivas para evitar que se expandan y lleguen a los niveles de los otros países. Desde lo público hay que apuntar hacia una sociedad integrada y hacia una ciudad no partida. A partir de ahí, existen las posibilidades y los medios técnicos. Con un planeamiento estratégico, el poder público puede tener diferentes alternativas a elegir, en función de su orientación ideológica, pero en base a directrices a las cuales tomar como referencia.
—Mire, Caracas tiene una única villa con un millón de habitantes. En mi primera visita sólo la pude recorrer en helicóptero. Por tierra necesité varios días. Los problemas en Argentina son de escala pequeña: los 300 mil villeros que se supone que hay en la Ciudad de Buenos Aires son apenas la tercera parte del problema de Caracas. La cuestión es integrar, no transformando brutalmente y destruyendo lo que existe sino entendiendo su lógica e incorporándole elementos que permitan una evolución.
—Hoy hay una evaluación crítica de ese urbanismo de los bloques, de los grandes conjuntos habitacionales. Esa estrategia demostró su fracaso. Induce a la refavelización, por la descalificación de la relación entre lo edificado y el espacio que queda en medio de todo eso, que nunca se transforma en espacio público sino en espacio donde se instala el peligro, la violencia, la descalificación física. O sea, se transforman en lugares desagradables para permanecer y utilizar. Ni siquiera funcionan áreas de deportes. Jamás se plantan árboles. Entonces, lo típico de estos bloques en Caracas, en Río, en Buenos Aires, es que no fueron capaces de generar un sentido de pertenencia. No se deben hacer tiras repetitivas ad infinitum de lo mismo; hay que enriquecer las tipologías y diferenciarlas cuanto sea posible, dentro de costos razonables, haciendo pequeños condominios —que pueden ser más o menos densos, más o menos verticalizados— pero siempre rodeados de algo existente. La inserción de lo nuevo en lo existente es una operación cuidadosa, que demanda una capacidad de lectura de la estructura de lo que existe, de escucha de las demandas para interpretarla desde el punto de vista arquitectónico urbanístico en configuraciones consistentes, inclusive en términos estéticos. La arquitectura no tiene que considerar estos proyectos como se si tratara de asistencialismo o de construcciones pobres. Copyright
Clarín, 2006.
- Elisabeth Blum and Peter Neitzke - How long have you known Jorge Mario Jáuregui? We
contacted Jorge Mario Jáuregui after the German architectural weekly
magazine »Bauwelt« (http://www.baunetz.de/arch/bauwelt/archiv/)
had published as an important news that in December 2000 the Harvard Graduate
School of Design had awarded Jorge Mario Jáuregui the »Veronica
Rudge Green Prize in Urban Design« for a series of projects implemented
through the program »Favela-Bairro«, a collaborative initiative
that has transformed impoverished favelas in and around Rio de Janeiro
into functioning bairros (quarters).
As an extraordinary socially dedicated architect Jáuregui represents for us all the ideas and activities Rem Koolhaas basically misses in the architectural profession (see his essay “What ever happened to Urbanism?”). Koolhaas accuses architects of having withdrawn themselves in the »parasitic security« of architecture instead of acting in sociopolitical contexts concerning urbanistic tasks and thus having brought down the whole profession to total meaningleessness. Particularly seen from an European viewpoint Jáuregui is an outstanding person. Committed to the social and political tasks of the architect’s work he is practicing quite the contrary of the ordinary architect’s attitudes and activities inasmuch he is demonstrating the positive results of social engagement in the field of urbanism.
Jorge
Mario Jáuregui is not only a practicing architect designing urban
projects but likewise a genuine theoretist finding clarifying terms that
are adequate to his challenging urbanistic interventions. central
places, physical and social limits and possibilities, waste management,
further ecological aspects etc.
Elisabeth Blum and Peter Neitzke
- Urban Explorer - Transforming Rio: New Urbanization Projects in the Most
Unlikely Places
Porquê os bairros pobres do Rio de repente são considerados chiques e como um arquiteto celebra sua beleza. Favela Chic. Esse é o nome de uma boutique em Paris que parece mais chique que favela e onde na dúvida se trata de um pneu estourado quando há estouros em algum lugar. No Brasil a situação é um pouco diferente e certamente não estouram seis pneus de uma só vez. O morro, dizem os brasileiros, quando eles fogem de volta para casa, sempre está mais perto do que se imagina. O morro, e o morro e a favela no morro, e o traficante da favela, e a salva de balas, com a qual esse traficante estoura o início da noite em baixo no velho quarteirão. Na realidade, a favela fica em cima do Rio de Janeiro, mas nessa cidade sempre tem em cima mais um morro que joga a sua sombra - e também na noite que clientes culturais da classe media passam olhando as fotos assustadoras que um fotógrafo da polícia fez durante uma batida nas favelas. Tem-se a impressão de que a favela é o avesso inseparável do Rio e é como se o Rio fosse a vitrine de todas as comunidades miseráveis deste mundo. Sempre Rio. Nunca cidade do Cabo, Cairo ou Calcutá. Nem Caracas que está sendo quase estrangulada pelos "slums" cuja força recentemente pôde ser observada no "caso Chavez". Ao lado do catastrófico, somente as favelas do Rio têm também um mito positivo - sua fertilidade cultural: moda, samba, estrelas do futebol. Nos morros do Rio revistas como o Stern deixam pousar seus modelos para fotos. De lá e de nenhum outro lugar os Ronaldinhos tem que tratar de se driblar para cima nas ligas européias, porque sem essa mágica de Cinderela eles não seriam para nós os verdadeiros brasileiros do futebol. Tanta febre de favela como agora era raro até mesmo no Rio. E é de chamar a atenção de quantos alemães existem entre os que no momento descobrem a "cultura da favela", como se no caos dos casebres crescidos naturalmente, estivesse o reservatório cultural, a bateria de reserva que a Europa cansada sempre esperou dos EUA - e talvez a última oportunidade de olhar pra si mesmo, de uma certa maneira na própria infância. "Cultura da favela" é o nome de uma grande exposição de arte produzida pelo instituto Goethe no Rio e que será levada depois também para a Alemanha. O instituto Bauhaus de Dessau teve a sua primeira intervenção no exterior na favela Jacarezinho, e é isto que eles vão fazer lá a partir de maio e mais ou menos parecido com o que os modernos da Bauhaus faziam no seu inicio: colocar luz, ar e sol em bairros escuros de trabalhadores. O centro do projeto é uma célula urbana que será implantada como uma ágora simbólica e que busca incentivar a cultura nessa união com a residência utilitária. Isso acontece dentro do contexto de um programa de construção de cidades sem igual que está sendo realizado desde meados dos anos 90 e que até agora foi moldado principalmente por um homem que trabalha de maneira diferente que a Bauhaus. O argentino Jorge Mario Jáuregui "interveio urbanísticamente" até agora em quase vinte favelas, e sempre parece que para ele o mais importante é que depois a favela tenha a mesma aparência que tinha antes, ou quase. Que os centros esportivos, creches, construções comunitárias, praças, estejam colocadas tão naturalmente na confusão de casebres como se elas tivessem crescido sozinhas ali. E o mais importante que pode ser construído para os favelados não se vê de qualquer maneira: as canalizações. Antigamente na favela do Vidigal que fica na encosta em cima da praia do Leblon, qualquer um que morasse em baixo era privilegiado por caminhos curtos - mas para os que moram na favela são necessárias uma duas horas e meia para chegar até o cume - em compensação sua casa ficava no delta de todos os rios de esgoto desta montanha. Uma vista como aquela é comparada a uma categoria de luxo. E as casas coloridas, otimistas, que Jáuregui constrói nestas áreas, com uma desculpa humilde por que ele teve que tirar uma casa para um alargamento de rua, essas casas seriam extremamente caras sob outras circunstancias. Porque algumas delas estão lá como se Frank O. Gehry as tivesse projetado para uma pessoa importante na costa da Califórnia. São muitas vezes exatamente aquelas cores fortes, formas de concreto atrevidas, grades de alumínio colocadas de maneira dramática, com as quais o deconstrutivismo internacional satisfaz o tédio da riqueza de uma clientela exaltada. Dessa estética do fragmento e do processo, Jáuregui tira como que uma seqüência lógica das formas da favela em si. O fato de que isso se encontra com a atitude aristocrática de cima de maneira tão surpreendente, nâo deixa de ser importante. Quando Jàuregui foi premiado no ano passado pela Universidade de Harvard, os jornais americanos estavam de novo basicamente admirados porque no Rio os mais pobres vivem nos melhores terrenos.
O arquiteto Le Corbusier já achou isso admirável, ele que era de qualquer maneira obcecado por vistas de longe e que fez numa visita ao Rio nos anos 30, teve reações dignas de Rousseau. Ele celebrou a subida ao morro como "promenade architectural", a pureza primitiva dos negros lá em cima, sua vida honesta não falsificada, sua música, sua beleza, a beleza de quartos pequenos e simples com vista para o mar, ao contrario da Europa degenerada. Ele estava completamente fora de si. A historia da arquitetura supõe que nesse momento Le Corbusier se transformou do funcionalista severo num criador orgânico. E uma outra historia supõe ainda que isso foi por causa da companheira de viagens na volta, Josephine Baker, que causou uma impressão tão forte no homem que ele a projetou a partir desse momento sempre nas encostas do Rio. Talvez ele tivesse ficado feliz em saber que os casebres de madeira se transformaram em esqueletos de concreto, preenchidos de tijolos que se parecem com suas casas Dominó. A vista de cima é, na experiência européia, uma vista da nobreza. O camponês mora ao pé da fortaleza. Mas na América Latina é geralmente ao contrario. Lá, durante os últimos cem anos, um sub-proletariado cercou nas encostas à classe media e a colocou num medo traumático de que pudessem descer unidos a qualquer hora e buscar o que lhes falta. Uma vez, no início dos anos 90, isso realmente aconteceu. Foi em Caracas e a cidade não parecia bonita depois. Mas em nenhum outro lugar os pobres da cidade e os sem-terra que fugiram do interior colocaram seus casebres de maneira tão central, tão perto dos centros econômicos e turísticos como no Rio. Quando Jáuregui fugiu 24 anos atrás da ditadura militar Argentina para o Brasil, ainda se usava de violência contra essas favelas. A construção de cidades modernísticas que todos os regimes da América Latina usavam, só conhecia soluções de tabula rasa. Mas não sucessos duradouros. A transparência e a contundência do problema, forçaram a mudança de paradigma. Enquanto estrangeiros romantizavam a favela no estilo Lê Corbusier, os moradores do Rio simplesmente a ignoravam, o que demonstra uma capacidade de ignorar quase impossível quando se trata de 1/3 da cidade e uma população que corresponde à de Munique. Essas pessoas e seu mundo são uma mancha branca nos planos da cidade do Rio. Elas não têm endereço, portanto não têm crédito, estão excluídas da vida da metrópole capitalista. Isso elas o compensam pela criatividade e pelo espírito de comunidade que agora atrai todas as Philippe Starcks e Asian Dub Foundatitons do mundo. Que a pobreza econômica é compensada principalmente com o tráfico de drogas é por sua vez o motivo pelo qual a Prefeitura resolveu legalizar esses quarteirões surgidos de maneira ilegal, para buscar transformá-los em parte da cidade normal e, portanto, também torna-los controláveis.
Onde
agora finalmente o bombeiro e a ambulância podem chegar, também podem
chegar os carros da policia. Jáuregui precisava de construtores de caráter
bastante forte por causa dos traficantes, um tanto resistentes ao saneamento.
Por esses motivos qualquer intervenção é combinada em longas reuniões
com os moradores. Ele ouve, às vezes durante meses, se familiariza com
a área e sua historia, analisa "com os pés e com os olhos", dá a volta
em torno das casas como os favelados, sem camisa, fareja como um cão em
todos os cantos e imagina a favela como um "rizoma deleuziano", como um
tecido com vários centros que já sabia o que estava fazendo quando cresceu.
Basicamente, apenas se trata de continuar construindo o crescido naturalmente,
encontrar sua lógica, reforçar sua identidade - e paralelamente expor
uma estética da favela e espelhar as construções novas: uma beleza arriscada,
anárquica, vista de baixo. Ela poderia ser um modelo. Jáuregui já tem
os primeiros pedidos em outros paises. O mais importante numa favela é
a beleza das relações sociais, diz Jáuregui, e quem disser que no meio
de tanta miséria existe algo mais importante que a beleza, é um bárbaro
arrogante.
Peter
Richter Frankfurter Allgemeine Sonntaszeitung, 21 April 2002, NR. 16, Fevilleton 25. Tradução: Antje Hansen
- GSD Prize awarded for transforming Rio Slums - Ken Gewertz A massive project that is transforming Rio de Janeiro's squalid shantytowns into functioning, integrated neighborhoods has won the graduate School of Design's Veronica Rudge Green Prize in Urban Design. Argentinean-born architect Jorge Mario Jáuregui, whose firm has materialized this transformation - known as the Favela-Bairro Project - received the award in a special ceremony at Gund Hall on Dec.6. An exhibition of large-scale color photos of the project by Jason Schmidt, along with maps and drawings, can be seen in the Gund Hall lobby through Jan. 12. Rodolfo Machado, professor in practice of architecture and urban design, and chair of the jury that selected Jáuregui's project, said that the Rio-based firm has "demonstrated the power of their urban design to realize social change and engage marginalized people in the revitalization of their own communities. This diligent and ethical professional team models a progressive, more holistic approach to urban design, one that recognizes the value of social research and reinvestment in neighborhoods, rather than the outmoded practice of demolition and displacement." Long considered a blight on the urban landscape, Rio de Janeiro's shantytowns differ from those of most other South American cities in that many of them occupy prime real estate, often within the city itself rather than on its outskirts. The reason is that in the early days of settlement, wealthy inhabitants laid claim to sites near the harbor, leaving the steep, inaccessible hillsides to the poor. Many of these communities command spectacular views of the ocean and the city below and such famous Rio landmarks as the Sugarloaf and the mountaintop statue of Christ.
Some of these shantytowns, or favelas, are more than 100 years old. Others are much newer. In total, they contain about a third of the city's inhabitants, many of whom work as doormen, and domestic help. Most of the favelas lack adequate infrastructure or drivable roads, and what electricity they have has been stolen from city power sources and brought into the favela via tangles of improvised cable. In the past, city authorities have tried to eradicate the favelas, which have been seen as breeding ground of crime and drug dealing. But these attempts, based on a traditional "slum clearance" model, have failed to have any lasting effect. Rather than doing away with the favelas, Jáuregui's approach has been to integrate them into the city fabric by transforming them into real neighborhoods or bairros. This has meant replacing muddy dirt paths with paved walkways, creating streets capable of sustaining vehicular traffic, building sewer systems and cleaning up polluted streams and rivers, and providing communities with social centers, clinics, daycare centers, and athletic complexes. These changes have allowed the disenfranchised inhabitants of the favelas to participate in the life of the city. The work was preceded by a long period of research that addressed geotechnical, economic, and land ownership issues, as well as sociological, psychological, and aesthetic concerns. The team kept their focus on the specific project rather than trying to apply universal formulas for urban improvement. According to Machado, who visited these sites along with other members of the prize committee, the Favela-Bairro Project "appears to be soaked in kindness and respect for the inhabitants; the opposite of misanthropic, it exudes a warmth that comes from genuine understanding of the real conditions in the favelas plus a deep, rare communion between the team and the people with whom it works." "Favela-Bairro" has impacted an estimated 450.000 people in 105 shantytowns to date. Now in its fifth year, the program has been recognized through several international awards, including the prestigious "Habitat Award" from the United Nations, and has received funding from numerous international agencies. Program sponsors include the Inter-American Development Bank and the European Union. A native of Rosario, Argentina,, Jáuregui studied architecture at the National University at Rosario, where he served as a professor from 1973 through 1976. He went on to earn a graduate degree in architecture and urban planning at the Federal University in Rio in 1991. The Veronica Rudge Green Prize in Urban Design is the foremost award recognizing achievement in this field. The award was established in 1986 on the occasion of Harvard University's 350th anniversary, and the 50th anniversary of Harvard Design School. The prize is awarded biannually to recognize excellence in urban design with emphasis on projects that contribute to the public realm of a city and improve the quality of urban life. To be considered for the prize, projects must be larger in scope than single building, and have been constructed within the last 10 years. Nominations are submitted by a panel of distinguished critics, academics, and practitioners in the fields of architecture, landscape architecture and urban design. Prize recipients are presented with a monetary award and certificate.
- Freude
den Hütten
Kidengarten in the favela of Rio das Pedras
Der Morro ist der Hügel, ist die Favela auf dem Hügel, ist der Drogenhändler aus der Favela, ist die Kugelsalve, mit der dieser Drogenhändler den lauen Abend unten in dem alten Villenviertel zerschiesst. Dabei liegt es eigentlich hoch über Rio de Janeiro, aber in dieser Stadt liegt überall oben drüber noch ein Morro und wirft seinen Schatten - also auch auf diesen Abend, den eine mittelständische Kulturklientel damit verbracht hat, sich die beklemmenden Bilder anzuschauen, die ein Fotoreporter von den Polizeirazzien in den Favelas gemacht hat. Es scheint, als sei die Favela die untrennbare Kehrseite von Rio -und als sei Rio die Schauseite aller Elendssiedlungen dieser Welt. Immer Rio. Nie Kapstadt, Kairo oder Kalkutta. Nicht einmal Caracas, das fast erwürgt wird von den Slums, deren Macht soeben im Fall Chavez zu begutachten war. Neben dem katastrophischen haben einzig die Favelas von Rio auch einen positiven Mythos - ihre kulturelle Fruchtbarkeit: Mode, Samba, Fussballstars. An den Hängen von Rio lassen Illustrierte wie der "Stern" für Fotostrecken ihre Modelle posieren. Von dort und nirgendwo sonst haben sich gefälligst die Ronaldinhos in die europäischen Ligen hochzudribbeln, denn ohne diesen Aschenputtelzauber wären sie uns keine richtigen Fussballbrasilianer. So viel Favelafieber wie im Moment war allerdings selbst in Rio selten. Und es sind auffällig viele Deutsche unter denen, die im Moment die "Kultur der Favela" entdecken, so als liege da im naturwüchsigen Chaos der Hütten das kulturelle Reservoir, die Ersatzbatterie, die sich das müde Europa ja immer von Amerika erwartet - und die vielleicht letzte Chance, sich gewissermassen selbst bei der eigenen Kindheit zusehen zu können. Kultur der Favela" heisst jedenfalls eine grosse Kunstausstellung, die das Goetheinstitut jetzt in Rio ausgerichtet hat und demnächst auch nach Deutschland bringen will. Umgedreht hat die Bauhausstiftung aus Dessau ihren ersten Auslandsauftrag in der mörderischen Favela Jacarezinho - und das, was sie dort ab Mai tun wird, ähnelt ziemlich genau dem, was die Bauhausmoderne in ihren Anfängen schon umgetrieben hat: Licht, Luft und Sonne in dunkel verwinkelte Arbeiterquartiere pflügen. Kern des Projekts ist eine "urbane Zelle", die als symbolische und kulturstiftende Agora in diesen Zweckwohnverband planiert werden soll. Das geschieht im Rahmen eines beispiellosen Städtebauprogramms, das seit Mitte der neunziger Jahre läuft und bislang vor allem von einem Mann geprägt wurde, der etwas anders vorgeht als das Bauhaus. Der Argentinier Jorge Mario Jàuregui hat inzwischen in fast zwanzig Favelas grundlegend "urbanistich interveniert", und jedesmal scheint ihm das Wichtigste gewesen zu sein, dass es hinterher im Grunde so aussieht wie zuvor. Dass die Sportplätze, Kinderkrippen, Gemeinschaftsbauten, Platzanlagen so selbstverständlich indem Hüttengewirr liegen, als seien sie von allein dort gewachsen. Und das wichtigste, was sich für die Favelados Überhaupt nur bauen lässt, sieht man ohnehin nicht: die Kanalisation. Früher war es in der steil über dem Strand von Leblon gelegenen Favela Vidigal so, dass derjenige, der unten wohnte, durch kurze Wege zwar privilegiert war - man braucht zu Fuss zweieinhalb Stunden bis ganz nach oben -, dafür lag sein Haus andererseits im Delta aller Kloakenströme dieses Berges. So etwas wie die Aussicht ist dagegen eine Luxuskategorie, die von aussen an die Favela getragen wurde, aber für ihre Karriere entscheidend geworden ist. Und die bunten, optimistischen Häuser, die Jáuregui in diesen Gegenden baut, und zwar wie zur demütigen Wiedergutmachung, weil er irgendwo bei einer Strassenverbreiterung eines wegnehmen musste, diese Häuser wären unter anderen Umständen bestimmt wahnsinnig teuer. Denn manche von ihnen stehen da, als habe sie ein Frank O. Gehry für einen wohlhabenden Werbemenschen an die Küste von Kalifornien projektiert. Es sind oft genau jene kräftigen Farben, kekken Betonschwünge, dramatisch eingesetzten Alugitter, mit denen der internationale Dekonstruktivismus die Wohlstandslangeweile einer exaltierten Kundschaft befriedigt. Diese Ästhetik des Fragmentarischen und Prozesshaften schält Jàuregui allerdings wie eine logische Folge aus den Formen der Favela selbst. Dass es sich mit der aristokratischen Attitüde von oben teilweise so verblüffend trifft, ist dabei eine nicht unwesentliche Pointe. Als Jáuregui für seine Arbeit im vergangenen Jahr mit dem Städtebaupreis der Harvard-Universität geehrt wurde, waren die amerikanischen Zeitungen wieder einmal grundsätzlich verwundert, wieso in Rio eigentlich die Allerärmsten auf den allerbesten Grundstücken wohnen. Das fand schon der Architekt Le Corbusier bemerkenswert, der ohnehin von Fernsichten besessen war und bei einem Aufenthalt in den dreissiger Jahren in geradezu rousseauistische Schwärmereien ausbrach. Er feierte den Aufstieg auf den Berg als Promenade architecturale, die primitive Reinheit der Schwarzen da oben, ihr, im Gegensatz zum degenerierten Europa, ahrliches, unverfälschtes Leben, ihre Musik, ihre Schönheit, die Schönheit kleiner, karger Zimmer mit Seeblick...Er war regelrecht ausser sich. Die Baugeschichte vermutet, dass in diesem Moment aus dem strengen Funktionalisten der eher organisch formende Le Corbusier wurde. Und eine andere Geschichte vermutet, dass das daran lag, dass auf der Überfahrt die Mitreisende Josephine Baker so heftigen Eindruck auf den Mann gemacht hatte, dass er sie nun ständig an die Hänge von Rio ptojizierte. Vielleicht hätte es ihn gefreut, dass aus den Holzhütten inzwischen mit Ziegeln aufgefüllte Betonskelette geworden sind, die seinen Domino-Häusern ähneln. Der Blick von oben ist in der abendländischen Erfahrung ein herrschaftlicher Blick. Der Bauer wohnt am Fuss der Burg. Aber in Lateinamerika ist es meistens genau umgekehrt. Dort hat im Laufe der letzten hundert Jahre ein Subproletariat auf den Hängen den Mittelstand umzingelt und in die traumatische Angst versetzt, jederzeit gesammelt herabzusteingen und zu holen, was ihm fehlt. Einmal, Anfang der Neunziger, ist das sogar wirklich geschehen. Das war in Caracas, und die Stadt sah nicht gut aus danach. Aber nirgends haben die städtischen Armen und die landflüchtigen Landlosen ihre Hütten so zentral, so dicht an den wirtschaftlichen und touristischen Zentren aufgeschlagen wie in Rio. Als Jáuregui vor rund zwanzig Jahren aus der argentinischen Militärdiktatur in die brasilianische floh, da wurde gegen diese Favelas noch mit Gewalt vorgegangen. Der modernistische Städtebau, den alle lateinamerikanischen Regimes pflegten, kannte nur Tabula-rasa-Lösungen - aber keine dauerhaften Erfolge. Die Sichtbarkeit, die Präsenz des Problems führte dann zum Paradigmenwechsel. Während Auswärtige die Favela im Stile Le Corbusiers romantisierten, ignorierten die Bewohner von Rio sie schlichtweg, was eine Kaum zu bewältigende Verdrängungsleistung ist bei einem Drittel der Stadtfläche und einer Bevölkerung, die etwa der von München entspricht. Diese Menschen und ihre Welt sind weisse Flecken in den Stadtplänen von Rio. Sie haben keine Adressen, folglich Keinen Kredit, sind ausgeschlossen vom Leben der Kapitalistischen Metropole. Das kompensieren sie durch die Kreativität und den Gemeinschaftsgeist, der die Philippe Starcks und Asian Dub Foundations dieser Welt jetzt alle anlockt. Dass die wirtschaftliche Not vor allem mit Drogenhandel kompensiert wird, ist hingegen der Grund, weshalb das Rathaus sich entschlossen hat, diese illegal entstandenen Viertel zu legalisieren, zur normalen Stadt, also kontrollierbar zu machen. Wo jetzt endlich Feuerwehr und Krankenwagen hinkommen, passen aber auch Polizeiautos durch. Jáuregui brauchte wegen der deshalb etwas sanierungsunwilligen Drogenhändler schon sehr charakterstarke Bauleiter. Er plant auch wegen solcher Sachen jede Intervention in langer Abstimmung mit den Anwohnern. Er hört manchmal monatelang erst mal nur zu, erschliesst sich das Viertel und seine Geschichte mit den Füssen und den Augen, zieht wie die Favelados mit freiem Oberkörper um die Häuser, schnüffelt wie ein Hund in allen Ecken und denkt sich die Favela wie ein Deleuzesches Rhizom, wie ein Gewebe mit mehreren Zentren, das schon wusste, was es tat, als es wuchs. Es geht im Grunde nur darum, das naturhaft Gewachsene weiterzubauen, Identitäten zu verstärken - und nebenbei nicht zuletzt eine Ästhetik der Favela freizulegen und den Neubauten zu spiegeln: eine riskante, anarchische Schönheit von unten. Sie könnte ein Modell sein. Jàuregui hat schonerste Aufträge im Ausland. Das wichtigste in der Favela ist die Schönheit von unten. Sie könnte ein Modell sein. Jáuregui hat schon erste Aufträge im Ausland. Das wichtigste in der Favela ist die Schönheit der Beziehungen diese Geseleschaft, sagt Jáuregui, und wer behauptet, inmitten so viel sozialen Elends gebe es wichtigeres als die Schönheit, der ist ein arroganter Barbar. Peter Richter
Rio's
legendary favelas aren't a place you'd want to visit - let alone live
in. but Jorge Mario Jáuregui, one of the main archictects behind the award-winning
Favela-Bairro project, is transforming the landscape of Rio's most neglected
slums with an idea so basic, it's revolutionary
......... Helio
Hara - Entrevista a Cafe de las Ciudades Es desde todo punto de vista inadmisible que autoridades responsables por la conducción de las políticas públicas del Estado y de la Ciudad de Rio de Janeiro, hagan demostraciones públicas de su desconocimiento de cuestiones básicas relativas a los graves conflictos socio-económicos que la sociedad carioca viene evidenciando desde hace ya mucho tiempo. Pienso que la sola mención de la idea de "amurallar" las favelas es de avergonzar a cualquiera, mucho mas a quien fué uno de los impulsores del programa de urbanización denominado Favela Bairro, que consiste basicamente, justamente en buscar articular las áreas informales (favelas) con las áreas formales de la ciudad. Lo que implica basicamente la idea de construir canales de conexión (no de desconexión, como seria un muro) entre las partes excluidas de los beneficios de la urbanidad y el resto de la ciudad. Aún así, con todas estas restricciones, jamás puede pensarse (si es que eso puede llamarse "pensamiento") en proponer aislar lo que ya está absolutamente aislado; por el contrario, lo que es necesario es encontrar y materializar los puntos de anudamiento, aquello capaz de hacer lazo social y que desde mi punto de vista solo puede pasar por la estructuración en torno de los intereses comunes entre la favela y su entorno, que consiste en la prestación de servivios de la población de la favela a los barrios y juntamente con esto en llevar los atributos de la urbanidad al interior de la favela. Estos centros de generación de trabajo y renta pueden constituir especies de "faroles" urbanos, de "mojones" orientadores, promotores y atractores de convivialidad. Mas allá de los traficantes hay en las favelas de Rio una rica urdimbre social y organizada, que forma ya parte de la historia de la ciudad. Es preciso respetar esta población específica, con tantos derechos al uso de los beneficios de la vida en ciudad como cualquier otro sector. Y además, contribuyentes fundamentales de su "construcción". Por eso es absurdo pensar que un pedazo de material (un muro) dará "solución" a la cuestión del tráfico. Aislar el problema no es solución, es preciso encararlo de frente en todas sus vertientes. Cercar las favelas con muros bajo la disculpa de la destrucción de la Floresta de Tijuca es ridículo. No es la Mata Atlántica lo que está en cuestión sino la vida de personas. Declaraciones "trasnochadas" y apresuradas, sin reflexión, de autoridades culposas o intereseras politicamente (prometerle a la clase media cosas que por otra parte nunca podrán realizar) no son nunca un buen referente. Es verdad que al estado en que han llegado las cosas en Rio no pueden ofrecerse soluciones milagrosas, que de un dia para el otro resolverán los problemas. Durante mucho tiempo no se quiso reconocer la gravedad de la exclusión social que se habia producido y el profundo malestar que se estava incubando del lado de los excluidos. Hoy las soluciones serán caras y a largo plazo pero no pueden dejar de encarase y eso no es una cuestión militar. Es una cuestión de tener las políticas públicas adecuadas a las exigencias del momento, que es muy grave por cierto .
- Entrevista con Paulo Mendes da Rocha, São Paulo
Jorge Mario Jáuregui- ¿Cómo concibe hoy usted el trabajo de arquitecto, en una escala de variaciones entre atelier y estudio de producción de proyectos detallados para ejecución? ¿Cómo funciona su estudio? Paulo
Mendes da Rocha- Yo hace algún tiempo que trabajo en un esquema de atelier,
con tres estudios que realizan los detallamientos de mis proyectos, según
los casos, lo que me permite dedicar mas tiempo a la captación de trabajos.
Yo funciono como un atelier y con eso quiero decir que institucionalicé
mi "vagabundaje"; hago mis croquis y se los paso al calculista y a los
detalladores. JMJ- Me acuerdo de un comentario de Alvaro Siza donde se quejaba de que hoy en día estamos cada vez más atados a un engranaje de producción de la arquitectura que limita la posibilidad de hacer modificaciones y adaptaciones en obra (que en el caso de él fueron siempre muy importantes para la materialización de sus proyectos) en razón de la gran complejidad que fue adquiriendo el proceso de producción de proyectos al envolver una serie de participantes complementarios tales como consultores de ingenieria, de instalaciones, acústica, aire acondicionado, sistemas de cerramientos y vidrios especiales, ascensores, pisos elevados, sistema de comunicaciones, etc. PMR-
A veces, en el caso de licitaciones, puede ser necesario inclusive rescindir
un contrato de adjudicación de obra, en función de la no-viabilidad de
ejecución de una técnica constructiva especificada. Y mismo con el uso
del computador hoy en día, no es que no se pueda volver atrás por ejemplo.
Hoy esa complejidad del proceso de viabilización de una obra a que usted
se referia es muy grande (coordinación con los múltiples participantes,
especialistas, consultores, etc) pero aún así a veces es necesario volver
atrás en un detallamiento.
JMJ- ¿Cual es su concepción con relación a lo que es público, obra pública, por ejemplo? ¿Cuál es la distinción entre obra pública y obra privada. ¿Cómo funciona eso para usted? PMR-
Siempre trabajé con obras públicas; hice el estadio Serra Dourada y la
estación de ómnibus ambas en Goiania, el Pabellón de Brasil en Osaka que
ya mencioné, la Pinacoteca de San Pablo y muchas otras. La primer obra
pública la hice cuando tenia 29 años y gané un concurso. A rigor, yo siempre
trabajé con obra pública; la obra particular es solo una excepción. Por
ejemplo, un caso típico, la sede de Forma. Forma es una empresa privada,
pero el local es público, cualquiera puede entrar. Aún en el caso de una
obra promovida por la iniciativa privada, Museo de la Escultura de San
Pablo por ejemplo; no hay diferencia. Lo que yo creo es que no existen
obras que no sean públicas. Por ejemplo, un edificio de departamentos,
al ponerlo a venta se torna un producto público, cualquiera entra y compra.
La Kibon (cadena de heladerías) puede no ser pública; los directores pueden
pelearse entre ellos e ir a la quiebra, pero el producto "helado" es público,
tanto que lleva inscripto "no tire el papel a la calle". JMJ- Entrando en el tema candente de las favelas, y con relación a su declaración de que "tal vez la dimensión más monumental del urbanismo en Río de Janeiro esté en las favelas, porque expresa la voluntad de vivir en la ciudad cueste lo que cueste", que yo considero una excelente caracterización de la razón de la existencia de las favelas, no solo en Rio, me gustaría comentar eso. PMR- Si, eso tiene que ver con la idea de que es la existencia de la ciudad lo que atrae a un individuo; la ciudad existe antes de que usted construya en ella. Lo urbano es una idea y la favela es eminentemente pública. En ella todo es de uso colectivo. Y eso que se dice de las drogas en las favelas... las drogas se producen en otro lugar, fuera; ninguna favela "produce" drogas. JMJ- En relación con eso de que en la favela todo es de uso colectivo,;es verdad, todo se usa colectivamente. Las lavanderias son comunitárias por ejemplo; las mujeres lavan ropa en grupos mientras los chicos juegan alrededor, pero al mismo tiempo no existe la dimensión pública del espacio. En la favela lo que no es privado (de las paredes de la habitación para adentro) no es de nadie y por eso se tira la basura en cualquier lugar por ejemplo; no se tiene el menor cuidado con lo que no es privado. Los espacios "no son de nadie", tanto los espacios principales cuanto los secundarios, residuales; no existe la noción de "bien común" y eso es una de los principales aspectos que los proyectos de urbanización deben instaurar, la noción de espacio público. En este sentido, que haría usted si tuviera la oportunidad de intervenir en una favela aquí en San Pablo por ejemplo, donde también hay tantas? PMR-
La cuestión es muy compleja, pero mi aproximación seria algo brutal, sobre
todo en el sentido de lo esencial, de lo fundamental, las infraestructuras.
Usted ve, esa idea de que la favela es la expresión de la más monumental
conciencia urbanística en Brasil... principalmente en Río de Janeiro se
puede ver eso.
JMJ- Antes de venir para su estudio pasamos por el edificio del "Conjunto Nacional" (David Libeskind, 1955), en la Avenida Paulista. Uno de los grandes ejemplos de "arquitectura urbana" del continente; un complejo de actividades con la planta baja comercial, un gran atrium con un espacio muy calibrado y una rampa monumental, a escala de todo el conjunto. El "embasamiento" comprende 3 niveles conteniendo oficinas, servicios, halth- club, etc, mas la terraza-jardín de acceso público y después el gran cuerpo conteniendo las residencias. Un espacio y una ambiencia realmente estimulantes de la vida agregativa. San Pablo tiene algunos muy buenos ejemplos de "edificio-ciudad", además del Conjunto Nacional, el edificio Copan, algunos edificios de Artacho Jurado, etc. PMR-
El Conjunto Nacional es la única manzana decente de esa área y la idea
inteligente ya está ahí; los accesos a los garajes en la calle secundaria,
la fachada total para las 4 calles, una racionalidad de los accesos a
los ascensores (disminuyendo el gasto ridículo de ascensores en función
de la construcción lote a lote de la especulación inmobiliaria, que es
un despilfarro a pesar de hablar de costos controlados, etc). Si todo
esto hubiera sido pensado, eso daría una imagen bién diferente de la Avenida
Paulista, con todos los núcleos circulatorios iluminados y conectados
por ejemplo. Con la mitad de los ascensores se puede resolver muy bien
todo y reducir enormemente los costos. No se puede aceptar el inmediatismo
en urbanismo. JMJ- Al respecto de eso y tomando el Conjunto Nacional como referencia, cual seria el nuevo paso que es necesario dar en relación con la creación de urbanidad, ¿como usted piensa esto? PMR- El gran error de las transformaciones en la ciudad es justamente no prever las transformaciones. Usted toma por ejemplo la matriz anterior, del loteamiento hecho para las casitas y luego saca las casitas y va poniendo edificios; es claro que así no se hace ciudad. Pero tampoco cuando se toma un terreno entero, una manzana por ejemplo, y se pone el edificio en el medio con un jardincito, se ponen las cercas, etc; el que pasa por la vereda pasa por donde, ¿que es eso que se genera? Obviamente, no se genera nada. El edificio se cierra al peatón; es una estupidez. El edificio contemporáneo en la ciudad ya fué inventado; tiene 5.000 residencias, 4 teatros, 3 cines, comercios, acceso a los subterráneos, etc. La casa contemporánea no es más la casita en el jardín.
PMR- Tu ya lo has dicho, es lo que tu dijiste. JMJ- ¿Pero usted se siente latinoamericano? Porque usted sabe, vamos a colocar las cartas sobre la mesa, existe una vieja cuestión, de que los brasileros no se sienten latinoamericanos, culturalmente y políticamente. PMR-
¡Ah! Bajo ese aspecto me siento absolutamente latinoamericano! Es mas,
yo estoy condenado a ser Latinoamericano! ¡Cada vez más! El desastre (que
es una imagen horrible) la conciencia, el vislumbre de algo que seria
un desastre, seria Brasil imaginarse suelto de América Latina, independiente
de América Latina, o peor todavía, otra cosa que no América Latina. Los
países son arbitrarios (principalmente en América Latina). Tomando la
geomorfología del continente, nosotros estamos condenados aquí al Atlántico,
o al Pacífico, cuando lo que seria lógico es la conexión directa de los
dos. Nos interesa a todos pensar en nuestro futuro para que no se produzca
un desastre en esa desintegración territorial; unirnos no por la via de
la conquista de otros países. Perú, Bolivia, Chile, Brasil, Argentina,
tenemos que unirnos. La navegación en la región por ejemplo, depende de
la reunión de muchos países. Las moléculas de agua no saben si pertenecen
a un país o al otro. Entonces, considerando la naturaleza como un pasaje
y el hombre como parte de ese pasaje, ni el planeta Tierra está definitivamente
configurado; pierde calor interno, se va a enfriar, es una transformación.
Por lo tanto, la única esperanza que puede alimentar nuestra existencia
es la de que haya un género humano eternamente en el Universo y eso presupone
unir, construir, transformar nuestra posibilidad de existencia real, material,
corpórea. Por eso tenemos que unirnos en América Latina, pero, a pesar
de todo, ya hemos constituido esa trayectoria de que tu hablabas. Nosotros
todos somos mas que latinos, somos americanos, porque lo que hay de interesante
en la historia de la humanidad en cuanto a eso, es usted estar obligado
a enfrentar, en cuanto intelectual, la experiencia individual de quien
está en un territorio virgen. Y nosotros, en cuanto arquitectos, estamos
mas que cualquier otro profesional, delante de la naturaleza; nada había
antes aquí. Por lo tanto, construir una ciudad en este continente implica
hacer una revisión crítica del pasado colonial, de la estupidez de la
destrucción que fué hecha aquí. Nosotros tendríamos que ser idealmente
los constructores del mundo. Eso debe marcar de algún modo la experiencia
peculiar que nosotros tenemos, o mejor, esa experiencia peculiar debería
marcar nuestros emprendimientos con relación a la conciencia sobre el
espacio, sobre el territorio, etc. Nosotros somos eminentemente geográficos,
a no ser que seamos estúpidos. Así, la ocupación de estos territorios
y su expansión de modo moderno es una demanda eminentemente de arquitectura
y hoy en día ella no remite mas a un hecho aislado. Por eso, la cuestión
de la decisión es una cuestión ética y política. Y si los arquitectos
no piensan en la necesidad de la transformación de las relaciones entre
los hombres y con la naturaleza, si la arquitectura no contempla estas
preocupaciones, ella se torna una banalidad imbécil; los arquitectos serán
tan idiotas como los costureros de moda, que acaban teniendo que producir
una mujer para poder usar la estupidez que diseñan, que es muy diferente
de diseñar ropas para mujer.
JMJ- Retomando el tema de la ciudad contemporánea; como piensa que podría ser esa ciudad? PMR-
Yo quiero construir la hipótesis de casas para todos, por ejemplo; Eso
implica que debería haber un trazado de vías circulatorias que permita
ir para distintos lugares y también, que permita elegir, que posibilite
una cierta imprevisibilidad de la vida. Uno puede estar yendo a trabajar
y en la mitad del camino decide no ir, porque entrò en un cine, etc. Por
lo tanto, la arquitectura no determina el modo de vivir, ella construye
aquello que imaginamos que sea la mejor manera de vivir. Por eso es bueno
habitar arriba de los bares, de los comercios, de la diversión y el subte
tiene que estar accesible a una distancia razonable, etc.
JMJ- En relación con la cuestión del deseo, en lo relativo a lo arquitectónico-urbanístico, el psicoanálisis nos enseña que el deseo se articula a la demanda. En ese sentido, parecería no haber una demanda por calidad arquitectónica y urbanística hoy en día, como si no se consiguiera formular ese deseo... PMR-
Creo que eso tiene que ver con la cuestión de la ciudad en que vivimos
y tiene que ver también con lo que queremos que ella venga a ser. Considerado
desde nuestra disciplina, construir ciudad implica construir una nueva
geomorfología, pero sabiendo que el problema de las transformaciones necesarias
no es un problema solamente técnico. Técnicamente nosotros sabemos hacer
las cosas, poseemos los conocimientos necesarios; de lo que se trata es
de otra cosa. JMJ- Piensa que hay una falta de debate sobre la cuestión urbana contemporánea en el país? PMR- Hay una falta de ideales sobre la ciudad, una falta de deseo de ciudad. Verificamos una falta de reivindicación de urbanidad de parte de la sociedad y, sin lugar a dudas, una parte de la población no desea la ciudad y se dirige para fuera de ella, se excluye. Es el caso de los condominios cerrados que configuran guetos de no-urbanidad. Hay también un diseño desastroso de ciudad, abertura de túneles, construcción de countrys, shoppings, etc, lo que significa claramente construir una ruta de desastre. Y principalmente, hay una pérdida de perspectiva de nosotros como sociedad, que va mas allá de la cuestión de la ciudad y de la arquitectura. América Latina toda está en una falta de perspectiva contra la cual es necesario reaccionar. JMJ- Como le parece que puede buscarse el pasaje del nivel de reflexión urbano para la solución de problemas puntuales, específicos? PMR- Nuestro trabajo tiene que ver con esa cuestión de lo indecible de nuestra existencia. Uno quiere contribuir para la transformación del mundo, pero al final de cuentas tiene que conformarse con actuar a través de acciones ejemplares. Pero también sabemos que en una simple casa podemos pensar la ciudad entera. Por otro lado, no se puede planear una ciudad de 4 en 4 años (período establecido para la renovación de autoridades políticas) de acuerdo con la voluntad de cada Intendente. Es necesario tomar posición sobre lo que uno quiere ser como sociedad.
Entrevista com Clorindo Testa, Buenos Aires
Numa tarde bem fria e chuvosa do mês de Julho, em Buenos Aires, nos reunimos no 10º andar do edifício da Avenida Callao 1003, numa das torres mais belas da cidade, um grupo de arquitetos para participar de um diálogo que eu propus a Clorindo Testa, um dos mais importantes arquitetos Latino-americanos da atualidade, dono de uma poética pessoal muito forte e com uma aura muito contemporânea.Tínhamos iniciado uma interlocução em santo Domingo, República Dominicana, poucos meses atrás, a partir de uma convocação que a Prefeitura daquela cidade fez a um grupo de arquitetos do Continente, entre os quais estávamos Clorindo e eu. Dando seqüência ao diálogo iniciado naquele momento e continuado em Buenos Aires, são sintetizados a seguir alguns dos tópicos abordados. Jorge Mario Jáuregui: Em relação ao tema da ordem na arquitetura e referido especificamente à sua arquitetura, que tem sempre um traço muito jovem, um impulso realmente muito fresco (não no sentido popularesco desta expressão, que significa algo bem diferente...) senão no sentido clássico, isto é, no sentido de uma grande liberdade, de quase casuístico, mas que, como sabemos, para se conquistar a liberdade houve que passar antes pela ordem, para poder encontrar depois uma ordem livre composta. Como o senhor pensa isto? Clorindo Testa: Referente a isso da frescura, muitos anos atrás havia uma revista que se chamava "La Codorniz", da qual eu fazia parte e uma vez me suspenderam dela porque tinha feito um comentário tomando como referência a metereologia, no qual dizia que estávamos governados por um fresco que nos tinha a todos muito incomodados... Mas em relação com o tema da ordem de uma composição, eu vou organizando as coisas em função do que me tem sido solicitado e confrontando-as com o que o lugar me permite e me condiciona (pré-existências naturais ou construídas, por exemplo) sempre numa tensão entre o que desejo e o que existe; cria-se como que um "problema produtivo" onde intenção e pré-existências vão estabelecendo um contraponto. O projeto vai se "encaixando" entre o existente e passa a formar parte da realidade. Mas tudo é sempre muito ordenado; por exemplo, no Banco de Londres um dos fatores exigidos, uma das pautas para que pudesse ser escolhido um projeto, era que à distância a ser percorrida pelos funcionários até as circulações fosse a menor possível. No projeto elaborado havia uma ordem bem clara e forte nesse sentido, que foi um dos fatores determinantes para que ganhássemos o concurso. O traçado regulador das fachadas corresponde também com uma modulação precisa dos apoios que constituem os grandes pórticos que nascem da estrutura do teto. A forma das colunas e o diafragma das fachadas se imbricam constituindo uma coisa só, o que reforça a ordem e a unidade do conjunto. No caso da Biblioteca Nacional, os quatro grandes pilares em forma de tubos que suportam o corpo do edifício alojam as escadas e elevadores, permitindo configurar um grande espaço coberto aberto como uma espécie de praça pública que constitui o acesso à Biblioteca. No volume superior se encontram as funções administrativas, as salas de exposições, o foyer do auditório, a cafetería e as salas de leitura com vista sobre a paisagem. Os livros que são a parte pesada do programa, estão no subsolo. Desta forma, a ordem funcional se manifesta na composição do edifício. JMJ: A cor tem uma presença muito forte na sua arquitetura. Para os Maias era coisa dos Deuses e portanto, algo transcendente. Como funciona isso para o senhor, como se relaciona com a sua busca plástica? CT: Desde o início a gente já sabe como vai ser isso; faz parte do processo projetual e de alguma maneira tem a ver com algo genético. CT: A gente pensa numa cor real. A cor é uma coisa genética, vem com você; o homem tem a cor. E a arquitetura é um instinto. As crianças desenham as casas todas iguais; os homens das cavernas também desenhavam todos de maneira semelhante. Depois, as crianças deixam de desenhar, mas algumas continuam porque tem uma certa condição que outras não tem. Acredito que a habilidade com a cor também é genética. Mas o uso da cor vai mudando dentro de uma determinada cultura e acontece que a partir de um dado momento algumas questões não interessam mais. A arquitetura moderna na Argentina não estava interessada na cor, mas agora passa a se interessar. JMJ: Em relação às referências para a arquitetura, no sentido do corpo como modelo de capacidade de adaptação e resposta a soluções diversas (não como medida de proporção como era para Le Corbusier, por exemplo), como referência de inteligência, como organismo altamente sensível capaz de dar respostas a múltiplas solicitações; como você acha que a arquitetura pode ser pensada nessa via, inclusive introduzindo a questão do tempo? CT: Na medida em que mudem as coisas com as quais você pode construir, a arquitetura poderá ser mais sensível e maleável. Hoje, ainda continuamos construindo como há mil anos atrás (com pedra, com tijolo) mas em outras áreas (o desenho de uma Ferrari, por exemplo) as coisas mudaram muito. Na nossa área não. Uma casa atual não se diferencia muito construtivamente de uma casa romana. A indústria da construção não está acompanhando ainda, não está no nível do que as coisas avançam em setores mais dinâmicos, e na maneira de fazer as coisas em nossa área de atuação. Um edifício continua durando 70, 80, 100 anos enquanto um carro ou um avião duram de 5 a 10 anos. JMJ: Qual é sua visão de cidade hoje... por exemplo, em relação com Buenos Aires? CT: Eu acho que as cidades são como as pessoas, vão crescendo. O mais que se pode fazer é tratar de arrumá-las um pouco. Ordenar os acessos, as áreas residenciais, as áreas que não são residências (comércios, serviços, etc.) porque, além disso, são atividades naturais, ou seja, os negócios se juntam e se distribuem por vários setores da cidade, mesmo que agora se tenham mais complicações pela escala, mesmo que as coisas tenham ficado mais complexas. Mas as pessoas continuam preferindo estar umas ao lado das outras, estar todas juntas, ter a possibilidade de se encontrarem em espaços de qualidade. È isso que devemos pensar e favorecer com as nossas intervenções. JMJ: Mesmo que existam algumas vantagens ao se distanciar do centro, como víamos hoje no processo que se está dando aqui em Buenos Aires, em Vicente Lopez por exemplo, onde se instalam sedes de empresas na margem da área nova ganha mediante aterros sobre o rio da Prata, e que alguém me dizia, "os yuppies estão vindo para cá". (Clorindo: e não só os yuppies); é um movimento que tem a ver com a qualidade do lugar por estar localizado às margens do rio e do verde, pela existência dos clubes, porque não tem engarrafamentos e porque é um lugar atraente. Mas se a tecnologia permite esta dispersão (poder estar comunicado através das redes informáticas, por exemplo) está também o social que condiciona... CT: Eu acho que os empregados e os funcionários, as pessoas que trabalham, em geral preferem se encontrar com os outros. Os que trabalham em lojas são amigos dos que compram nessas mesmas lojas e vivem na mesma área. Saem à rua e se encontram. E geralmente acontece que os pintores são amigos dos pintores, os arquitetos dos arquitetos e freqüentam os mesmos lugares da cidade. Desta forma, devemos evitar o isolamento, evitar a formação de guetos.
JMJ: No livro que Manuel Cuadra fez sobre sua obra, da NAi Publishers, editado por Kristin Feireiss em 2000, "Clorindo Testa Architects" e também na excelente publicação da revista Summa+Libros, da Donn S.A., editada por Fernando Diez, "Clorindo Testa", de 1999, são comentadas as relações entre vida pública, tecido urbano e arquitetura. Para o senhor, de que forma a arquitetura pode contribuir para facilitar as relações da vida pública, ou acolher, ou provocar, ou contribuir para fazê-la mais amistosa? CT: É claro que a arquitetura condiciona e favorece, no sentido que quando os projetos estão bem, possibilitam esse tipo de relações. Da mesma maneira que uma casa pode ser melhor que outra e te dar mais opções e permitir viver melhor também; o mesmo com os edifícios de escritórios. A arquitetura em sua configuração urbana deve contribuir para favorecer as relações sociais, a conexão do diverso; permitir que os diferentes usos mantenham uma continuidade e possibilitem uma sensação de pertença, de fazer parte de algo maior. JMJ: Em relação com isso também, me ocorre pensar que, por exemplo, em Buenos Aires ou em qualquer outra cidade, Rosário, Córdoba, etc, existe um valor da vida pública, do estar fora e da transparência entre o público e o privado, que é muito próprio da cultura Argentina. Eu me lembro da sensação, quando em Rosário você vai caminhando pela calçada e vai vendo os bares, que tem muito "clima", e você vai passando pela calçada, sempre a pé, porque no centro pode-se caminhar, então você vê, olha quem está, vê se estão seus amigos, desde fora, desde o público vendo o privado. E isso me faz pensar em Borges quando contava que no verão as pessoas colocavam as cadeiras na calçada e saiam para conversar, e que então quem passava via o corredor e o pátio iluminados, com essa transparência entre o público e o privado, sem uma ruptura. Isso é o melhor da Argentina neste plano (e não há crise que o elimine, felizmente). Então, uma das questões que interessa pensar é como se pode fazer com que parte das cidades seja, ou volte a ser, ou não perca a sua "caminhabilidade", sua condição de espaço público integrador na escala do pedestre. Comentando os edifícios da Universidade que estão construindo em San Luis, o senhor dizia que é assim como isso funciona, nesse sentido de buscar que as partes se conectem, que as pessoas caminhem e se encontrem na cidade. CT: Nesse lugar (em San Luis) estão construindo agora uma parte da urbanização; tem cinco edifícios com atelier, depois tem um centro de estudantes com bares, está o centro de artes, estão as residências, os equipamentos desportivos, e está também a praça e a galeria que são como uma cruz onde se localiza a reitoria, com a biblioteca e o auditório, e tem uma coisa como uma incubadora que vai buscar favorecer o surgimento de empresas. Então o edifício foi todo pensado como uma espécie de célula urbana onde suas diversas partes configuram diferentes opções de atividades e de percursos, com seus também diferentes pontos de atração e convivência. É um edifício que busca contribuir para fazer cidade. JMJ: A rampa sempre foi um importante elemento de expressão tanto em relação com o objeto arquitetônico quanto com o espaço urbano... É um elemento que sempre permite fazer um gesto em contraponto e que você utiliza muito em suas composições; é um conector que permite uma passagem, que leva do público ao privado e do exterior ao interior. Além disso, é um objeto manipulável no sentido da expressão, permite um gesto de caráter paisagístico... CT: É, deixa tudo como mais... lindo. Agora estamos projetando uma casa para fora da cidade, com os quartos embaixo e a sala de estar emcima para aproveitar a vista da paisagem e tem um terraço que permite ver mais longe ainda essa paisagem. A casa tem rampa porque é para um deficiente físico e neste caso a rampa se expressa no objeto, é uma parte muito importante dele. JMJ: Como o senhor me comentava em Santo Domingo, as viagens e os desenhos de viagem cumpriram um papel muito importante na sua vida de pintor e arquiteto. Como foi isso? CT: Comecei desenhando paisagens por puro prazer de desenhar e em 1949 quando estava na Europa com uma bolsa da Universidade para ficar por 3 meses na Itália, acabei ficando por dois anos percorrendo outros países e sempre desenhando. Durante esse período um dia conheci Frans van Riel em Roma, quem se entusiasmou com meus desenhos e me convidou para apresenta-los numa galeria que ele tinha em Buenos Aires. A exposição foi em 1952 alguns meses depois do meu regresso da viagem, e eu apresentava paisagens com pontes, máquinas e estações ferroviárias. No ano seguinte me convidaram de novo e assim iniciei um trabalho que realizo até hoje, acompanhando a arquitetura. Desde aquele momento, pintura e arquitetura estão sempre juntos. Desde pequeno gostava de desenhar; desenhei muitos modelos de barcos e aviões. Mas os dois anos que passei na Itália, viajando e desenhando, absorvendo tudo que via, foram fundamentais na minha formação. Eu gosto de desenhar e é algo que me diverte; eu transmito as minhas idéias através dos croquis. JMJ: O senhor tem alguma obra preferida? CT: Sempre nos interessam todas, mas o Banco de Londres, a Biblioteca Nacional e a Sede do Governo da Pampa, são obras importantes.
Outros: No concurso de Córdoba do ano passado sua solução para o edifício me pareceu brilhante. Encantou-me o tema de como você re-elaborou a fita, onde, por programa, exigia-se que fosse um edifício, mas com a fita você consegue articular com as outras peças... Além disso, era um dos poucos projetos que tinha uma proposta de relação com o entorno, porque muitos plantavam um objeto isolado. CT: Era um edifício-fita com os núcleos de circulação com escadas e elevadores bastante próximos um dos outros. Porque no programa pediam que fossem espaços, locais fáceis de transformar, pois não se conheciam as necessidades futuras de aumento ou diminuição (às vezes é necessário aumentar, mas outras vezes pode ser necessário diminuir). Depois havia uma rampa para público e a Casa de Governo estava em frente, com a planta baixa livre, e estavam os acessos às circulações verticais; podia-se subir, ver a paisagem e descer ao terreno natural. O edifício funcionava como passeio de fim de semana para a população do entorno; rampa para público, planta baixa livre para circulação dos visitantes, constituindo um passeio público. JMJ: Como lhe parece que as relações sociais (familiares ou no comportamento dos indivíduos na cidade) funcionam para pensar os espaços coletivos e individuais? E como tema de investigação em relação com a experiência docente, por exemplo? CT: A docência me divertia quando o aluno era bom, senão era muito chato. Quando o aluno é bom você se diverte confabulando com ele, pondo a imaginação para trabalhar intensamente, repensando os espaços tanto em relação ao uso dos locais privados como dos ambientes públicos. A relação com um bom aluno é um estímulo à criatividade.
A arte subiu o morro na "documenta" 12. DW-WORLD.DE entrevistou o arquiteto Jorge Mario Jáuregui, convidado pela "documenta" deste ano para expor seu trabalho de urbanização de favelas no Rio de Janeiro. DW-WORLD: Como você está participando da documenta 12? Jorge Mario Jáuregui: Eu participo, aqui, com este espaço em que apresento registros do processo de concepção de como se gera uma idéia em termos espaciais, urbanos principalmente, mas também arquitetônicos. Depois participo, juntamente com a Faculdade de Arquitetura de Kassel, de um workshop. Aí vai se definir um grupo de estudantes que participará da construção do meu objeto, que é o terceiro momento da minha participação na "documenta". Vamos construir um objeto em frente à estação central de trens. O que este objeto tem a ver com seu trabalho nas favelas do Rio? É um ambiente de 3 por 5 metros, com altura de 2,26m, que eu "li" há alguns anos atrás em uma favela do Rio, o Vidigal, quando um jovem casal me convidou, à sua casa, para me mostrar um vídeo que fizeram sobre a vida na favela. Nesse espaço, eu me senti muito bem. Íamos subindo a escadaria do Vidigal e ele abriu uma porta, a única abertura do ambiente, e disse "É aqui". Ele me falou que havia construído isso embaixo da casa da tia. Lá havia uma cama, como que japonesa, móveis baixinhos, e, em um cantinho, um módulo de 1x1m onde estava o banheiro. Com a porta de sua vizinha aberta do outro lado, ele falava, sentado na cama, comigo e com a vizinha. Era um espaço contínuo, o público e o privado fluindo facilmente. Eu comecei a pensar na questão de que tamanho não é fundamental, mas como se faz a percepção do espaço de forma racional e corporal, ou seja, como você interage com o espaço. E a relação do objeto com a documenta? Comecei a pensar nos temas da documenta: A Migração da Forma, a Relação com a Modernidade e a questão "O que é a 'mera vida'"? – temas que eu interpreto da minha maneira. O espaço que me interessa é o espaço que não tem nem interior nem exterior, mas um contínuo. A construção tem a ver com a Migração da Forma, e minha relação com a modernidade é através da busca do essencial, que vi naquele loft da favela que tinha tudo o que precisava na sua essência. A terceira questão, "O que é a mera vida?", tem a ver com a vulnerabilidade com a vida na favela. A carência da saúde, da segurança, a vulnerabilidade no espaço físico. É difícil andar pelas escadarias com suas diferentes alturas de degraus. Como um projeto urbanístico pode restaurar as condições de convivência na favela? A vida na favela é de alta insegurança, provocada, primeiramente, pela arbitrariedade da polícia, depois, pela do traficante. Tudo isso fruto da ausência e negligência, durante várias décadas, do poder público, que deu no que deu, ou seja, o surgimento de uma autoridade paralela por falta da autoridade real do poder público. Para restaurar as condições de convivência na favela é necessário instaurar a trégua social. Um projeto urbanístico funciona como um instrumento para a trégua, para depor as armas, através de uma atitude muito mais inteligente de negociar o conflito entre o público e o privado, o comunitário e o individual. Mas isso não lembra a idéia de Le Corbusier Arquitetura ou Revolução, ou seja, de que a arquitetura poderia modificar o social, hoje muito contestada? Hoje, somos bem menos pretensiosos em relação à idéia que tinha Le Corbusier. Não se trata mais de Arquitetura ou Revolução, mas da transformação do que existe. A revolução não há mais. O que hoje podemos é recompor as diferenças, criar uma condição de diálogo dentro da hibridação cultural, estética, econômica, ideológica que o campo contemporâneo determina. Até que ponto os habitantes da favela aceitam sua condição urbanística. Será que eles não prefeririam os padrões do urbanismo oficial – a rua, a praça, a casinha com jardim? A questão não é somente a favela. A questão é da sociedade contemporânea, tanto para um habitante do Leblon ou Ipanema, como para um da Rocinha ou do Complexo do Alemão. A questão é de que forma se pode sair do modelo mercenário imposto pela especulação imobiliária que controla aquela desgraça urbanística e social que se chama Barra da Tijuca, por exemplo, com um mar de carros dividindo o espaço entre os edifícios. No diálogo instaurado por um projeto urbano, temos que permitir que os modelos que se trazem carregados na memória de cada sujeito possam ser modificados. Entre a favela e a Barra da Tijuca, temos que ser capazes de construir um espaço que permita uma nova idéia de habitabilidade no planeta, em particular em um local ainda mítico como o Rio de Janeiro, onde ainda se pode viver dentro da natureza, porque sempre o perfil da natureza ainda está por cima daquilo que o homem é capaz de construir. Parece que o símbolo de sua exposição, aqui na documenta, é Brasília e Rio juntos. É o traço de Lúcio Costa com a paisagem do Rio de Janeiro. O que você quer dizer com isto? Lúcio falava de massa verde e massa construída, de que tinha-se que buscar a relação entre as duas. A minha leitura disto é que o Rio continua sendo um modelo "ideal", onde ainda é possível construir lugares, onde se possa viver em uma relação inteligente, não predatória, com a natureza. Eu já fiz 25 favelas no Rio de Janeiro. Desde a primeira, Fernão Cardim, em 1994, depois Salgueiro, Vidigal, Rio das Pedras. Hoje, estão muito maltratadas e eu nem vou visitar. O poder público que as construiu não colocou nenhum tostão em sua manutenção. A população da favela não tem meios econômicos para sua manutenção. O dinheiro que têm é para manter sua precária residência e para comer, obviamente. É função do poder público garantir que o bem público seja bem conservado. Como você vê a função dos novos edifícios que projeta para as favelas? O projeto urbano busca articular a diferença entre o formal da cidade e o informal da favela. É a função de cada edifício que introduzimos, como os edifícios habitacionais para a relocalização de pessoas retiradas para se abrir ruas. Quando você introduz um novo edifício, cria-se um novo espaço de convivência e uma nova porta de entrada para o morro. Cada edifício introduzido funciona como um monumento, porque tem a função de representar a dimensão pública dentro do privado. Na favela, há de tudo, menos o público. Tudo é privado e o que não é privado, não é de ninguém. A rua é para jogar o lixo e eu posso avançar e construir como quiser. Mas a Quadra do Salgueiro não é um espaço público? Sim, mas é um espaço interiorizado. Na favela, não há o conceito de espaço público. Existem pontos onde está o baile funk, a escola de samba, a escola, etc. que não constituem parte de um território que se pode chamar espaço público. Espaço público é um contínuo que permite várias atividades. Isto está bem claro na planta do Salgueiro, onde o coração da vida comunitária era tomado pelos traficantes, porque o poder público não chegava aqui, nem lixo, nem ambulância, nem a polícia. Com a extensão da rua, a acessibilidade e a formalização deste espaço com atividades esportivas, culturais, comerciais, isto se transforma e se abre para a chegada da cidade formal, articulando a comunidade com a cidade e tornando este lugar acessível, aberto para outras possibilidades de vida. Não há resistência contra tais projetos por parte dos traficantes? A população sempre quer melhorias, urbanização. Os traficantes são uma força paralela que não quer que este lugar seja acessível, mas que também não pode ser opor à comunidade. É uma luta de poder entre os traficantes e a comunidade. Como você estuda a favela antes de intervir? O ponto de partida é a leitura da estrutura do que já está lá, reconhecendo os locais onde as pessoas se encontram ou um lugar que tem potencial para se transformar em praça, onde há serviços importantes como o núcleo da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), já que o lixo é um problema gravíssimo a ser resolvido, junto com as novas vias de circulação para veículos, e senão para veículos, pelo menos para pessoas em escadarias agradáveis, bem dimensionadas, incluindo o verde. Como em uma cidade grega ou italiana, onde não há circulação de carros, mas é muito agradável andar pela escadaria com uma paisagem maravilhosa como a do Rio de Janeiro. Sua forma de lidar com a favela lembra a intervenção de Brunelleschi, em Florença, ao introduzir a cúpula da catedral em um tecido medieval dando início ao Renascimento? Sim, é possível estabelecer este paralelo. O que é o monumento? É aquilo que a comunidade define como sua máxima representação, como síntese de sua condição de vida conjunta. É aquilo que tem a presença simbólica e material na mesma coisa, símbolo e matéria juntos. Na favela, qualquer edifício que introduzimos, mesmos pequenas intervenções como banheiros e vestiários comunitários junto a um campo de futebol, tudo se transforma em monumento. Por quê? Porque é feito pelo poder público, em nome do poder público. Quando ganho um concurso, eu sou a mão que viabiliza a intervenção do público no privado. O gesto do projeto é de absoluta responsabilidade, porque vai introduzir um monumento em um lugar que vai representar o poder público. Mesmo muito pequenininho, um quiosque, um abrigo de ônibus, não é qualquer edifício, isto já é um monumento. O que você quer dizer quando escreve "Sublinhar a dignidade do público, cenário aberto à vida civil. Fundamento igualitário da democracia. Dignidade representativa, condição coletiva e solene"? Isto é que é um projeto de intervenção urbana em uma comunidade carente, em uma favela, mas não só nela. E isto é arte? Isto tem a ver com arte, sem dúvida. Isto é uma forma de entender a arte e eu estou, realmente, muito feliz de que a favela tenha ganho um lugar numa exposição de arte internacional. Redator(a):Carlos Albuquerque Interview
with Anna Holtzman for Architecture Magazine QUESTION ONE: In beginning your design process, what were some of the issues you considered, relating to the idea of "public space"? (What kind of public space did you hope to create? what are the important issues that your design addresses?) R.: The question of the configuration of public space continuous to be a central issue, because it is intimately related with the singularity of a city. It is the collective image of a city. How can we define a public space? Before anything, like a place! Because it is not a simple complement of architecture, it is mainly a challenge. The challenge to conceive space in harmony with the contemporary life. An intervention in the public space can not be considered unless focus it as a globality, because is not only a question of urban furniture, but of treating the ground. The public space today is the number one factor of the present city fabric regeneration, and the field of expression of all the imaginary. Presently, the comprehension of public space is in complete reformulation. Well configured in the past, the public space design today demands the interpretation of a complex, multicultural and extremely diversified society, that must find its translation. We could say, in a psychoanalitic point of view, that the emptiness is the reason of being an "urbanchitecture" of the public space. Configurating this vacuum, modeling its edges, is the challenge. We are aware that public space comprehends a visual side (all that emerge from the ground, and another invisible (the invisible infrastructures, that adsorbs practically half of the investments). When I have to design a public space (the reurbanization of a street, or a new square, or an olimpic village, or a center of generation of work and income, or a "school of samba", etc), firsts I go to the place several times and walk it in all directions. I observe how the people uses the place. I observe primary its limitations, but above all, look for potentialities. I try to interpret the "spirit of the place", its "vocation". Walter Benjamin said that a place come to us through our eyes and feet. Superpositions of uses, ambiences, necessities and ambitions, allow us to use its potentiality and recompose it in a new order. The objective is a projectual structuration of public space, of the articulation of the designer desire intercepted with the various restrictions that interact in a concrete circunstance. Economical, cultural and political restrictions demands us to put into play the total arsenal of ideas and images, utilizing notions like velocity, fluxes and frequencies of flow. The public space has a great responsibility of becoming a fundamental place for learning the values of civility.
R.: There are public spaces that have a "symbolic extention", that go further than the real constructed space. This is the case of the Manhattan island as a whole, and, in particular, of the vacuum left by the twin towers. We can't stop to think what type of space will be desirable, democratically, capable of expressing the "spirit of the place" of this negative beginning of the XXI century. From my point of view, considering my continuous experience during the last ten years, searching for configure spaces in the "devastated land" that are, urbanistically the Rio's "favelas", the emptiness of the towers challenges us to think. Think about how to articulate the public and the private, the collective and the individual, the open and the closed, where popular and "erudite" could be intercepted in a congregative space of all the "differences". New York is a "world-place" and, in this sense, it belong to the humanity and not only to the new yorkers. For this reason it must involve an open and flexible esthetic and spaciality, in process of permanent reconfiguration. It should look for a balance between of permanent character components (dimentions and infrastructure) and those of ephemeral character (design of surfaces, urban furniture, signage, illumination, etc) capable of permanently regenerate sense. Basically, my projectual approach, based the "listening of the demands", of one hand, in an knowing detailed of the site on the other hand, and in a transdisciplinar work (cross-articulation of various disciplines), constitute a way totally applicable to the N.Y. issue, and not only to the W.T.C space, but, to many others problematic areas of the "big apple". It will be a pleasure (and a challenge) to design a proposal to the city that I devote much love.
R.: Unfortunately, I have not yet been able to go and see the exhibition. I have only seen it in the internet site of the Van Alen Institute, and I red material published about the exhibition. From what I have seen, it is a serious tentative to confront points of view, experiences and ideologies of public space in this historical moment. It works like a type of transversal section showing options and thoughts around the world, and in this sense, accomplishes a didactical function, beyond the specialized ambits. I hope that the exhibition can came to Rio de Janeiro.
Elas estão lá há mais de cem anos. No fim do século XIX, ex-combatentes da Guerra de Canudos foram para o Rio com a promessa de receber moradias do governo federal. Nada ganharam. Uniram-se às centenas de despejados de cortiços recém demolidos no centro da cidade e foram morar em barracos improvisados atrás da Central do Brasil. Era o início do que hoje é o Morro da Providência, a favela mais antiga da cidade. Mas a disseminação das favelas pela paisagem aconteceu mais intensamente a partir da metade do século XX, como um reflexo do crescimento desordenado das cidades brasileiras, e não apenas do Rio de Janeiro.
La ricerca di Ilaria Bacciocchi indaga il fenomeno delle favelas, offrendo due interviste esemplari e significative. La prima all'architetto Jauregui, la seconda a José Martins de Oliveira. Tutte le fotografie sono dell'autrice. Le ultime tre immagini si riferiscono al progetto di Jauregui che, "lavorando allo studio e alla progettazione del tessuto urbano di Rio ha formulato un’idea progettuale personale sulle favelas e sulla metropoli, partendo dal conflitto esistente tra città formale e informale, che si concretizzano in una ricerca quotidiana e costante rivolta alla progettazione nelle aree favelizzate". (n.d.r.)
Multicittà, geourbanità, iperterritori sono le strutture urbane contemporanee che focalizzano l’attenzione e le preoccupazioni di architetti, urbanisti, geologi e sociologi. E’ all’interno di questi territori-città in espansione che si colloca la realtà di Rio de Janeiro. Sette milioni di abitanti, dieci nella regione metropolitana, Rio come S. Paulo rappresenta un esempio problematico dell’evoluzione della metropoli del terzo millennio.
Ilaria Bacciocchi: - Dualidades En primer lugar, diría que son flujos de los más variados pasando: música, pintura, escultura, arquitectura; el movimiento, el tiempo. Y podría agregar, de acuerdo con Wim Wenders, que una ciudad inolvidable es un inmenso acerbo de imágenes. ¿Como funciona una ciudad? En principio, como sus habitantes quieren que funcione; es decir, de acuerdo con formas de entender las relaciones entre lo público y lo privado, entre lo individual y lo colectivo, entre lo abierto y lo cerrado … Hoy en día, en particular en las grandes metrópolis del planeta, la interconectividad de los diferentes fragmentos componentes de la urbe, tanto como la accesibilidad a cada uno de ellos, se torna una cuestión crucial. Y eso tiene estrechísima relación con la disponibilidad de un transporte público rápido, eficiente, no contaminador y no “gastador” de energía no renovable. El otro “funcionamiento” de la ciudad que me interesa profundamente, es el que se relaciona con la amalgama entre el soporte físico (la ciudad en sí), la urbanidad (esto es, la mayor o menor cualidad de “abertura” del soporte físico, es decir, su capacidad de ofrecer condiciones de acogida para todos los ciudadanos, algo que podríamos denominar como la “condición de Agoridad” contemporánea) y el espacio público, es decir la existencia o no de lugares que posibiliten la manifestación del espíritu colectivo de una sociedad, que expresa el nivel de consciencia social de un determinado agregado de individuos que comparten determinada trayectoria, historia y valores comunes. ¿Como NO funciona una ciudad? Pues bien, es solo mirar y usar la mayoría de las ciudades que conocemos. Muy pocas de ellas son capaces de “causar deseo” de vivirlas, recorrerlas, experimentarlas, y disfrutarlas en todo o en parte. Una ciudad no funciona cuando nos transmite (y eso podemos comprobarlo) una sensación de orden excesivo, o del otro lado, la inexistencia de algún tipo de orden. En el primer caso se trata de una ciudad aburrida, en la cual todo está demasiado predeterminado, donde todo es demasiado previsible como Curitiba aquí en Brasil por ejemplo. En el extremo opuesto, una ciudad con mucho movimiento, barullo, desorden visual, suciedad y caos circulatorio, tampoco es un lugar agradable ,como Mumbai en la India por ejemplo. Así, las ciudades que interesan son aquellas donde el equilibrio, siempre inestable, entre la variedad de factores que las componen, encuentra un punto de estabilidad. Ciudades donde la relación entre los flujos y los fijos producen un ambiente estimulante para la vida y el intercambio social. Como Paris, Barcelona, Madrid, Buenos Aires, etc. ¿Cuáles son los temas mas importantes (o urgentes) en las ciudades contemporáneas? Los temas que considero más importantes desde el punto de vista de un arquitecto-urbanista son sin duda aquellos que dicen respecto a cómo calificar lo existente, como cambiarlo en la dirección de una ciudad y una sociedad más equilibrada, menos esquizofrénica, más solidaria y menos egoísta. En relación con eso lo más importante es combatir el “developmentalism”, el populismo y el inmediatismo de las decisiones. El fundamentalismo económico es tal vez el principal enemigo de la calidad (urbanísticamente responsable) de todo lo que se hace hoy en día, sea en los llamados “países desarrollados” o “ciudades globalizadas”, o en los países periféricos. El populismo por su lado es esa fuerza negativa que mide todo tipo de decisiones en función de los “indicadores de intención de votos”, que como sabemos, es lo menos confiable y lo más nocivo para el interés de la ciudad a largo plazo. Gran parte de tu trabajo se sitúa en favelas. ¿Como se forman las favelas? ¿Cómo y quienes usan y se apropian del espacio durante y después de la formación de la favela? La favela es el síntoma de una sociedad, de su desajuste estructural y del nivel de injusticia en la distribución de los beneficios de lo producido socialmente. Del egoísmo de las clases dirigentes, de su miopía y su indiferencia hacia la totalidad de los ciudadanos, especialmente de los más frágiles. Y de su nivel de estupidez. La favela es la solución al problema de querer vivir en la ciudad cueste lo que cueste (un derecho justo de cualquier ciudadano) y muestra la incompetencia del poder público para darle acogida organizadamente a un gran contingente de la población. O sea, las favelas se forman por la negligencia de las autoridades (todas, federales, provinciales y municipales) y por la necesidad de la gente de resolver sus problemas de alguna manera, de la manera que les queda al alcance . Río de Janeiro parece una ciudad dividida en dualidades como: formalidad – informalidad; ricos – pobres; legalidad – ilegalidad; agua – tierra. ¿Como las afrontas en tu rol como arquitecto? Y ¿Cual es el rol de la planificación urbana pensando en las dualidades mencionadas? (legalización, institucionalización, otros) Río de Janeiro no solo “parece”, sino que es una ciudad partida. A esas dualidades que ustedes mencionan se suman varias otras tales como incluidos-excluidos, privilegiados-“fodidos”, alfabetizados-no alfabetizados, tomadores de decisiones-excluidos de las decisiones, etc. Todas ellas son un índice del inmenso trabajo a realizar para aproximar esas polaridades. Desde hace ya catorce años vengo trabajando en proyectos de estructuración socio-espacial en las cuatro escalas (pequeña, media, grande y territorial) y en este sentido, desde el campo disciplinario del urbanismo y la arquitectura, busco hacer mi contribución para ecuacionar estos problemas. El proyecto urbano tiene para mí una función social fundamental que es la de constituirse en una pieza clave para la tregua social. Esto es, tiene la función de servir como una referencia común para la negociación de los conflictos entre los habitantes del lugar (los favelados), el poder público, y todas las instituciones participantes (ONGs, políticos, participantes independientes, fuerzas económicas, etc.). Además, el proyecto constituye la base para la delimitación del dominio público y de la propiedad privada, que es el punto central para la legalización de lo existente, para determinar las fronteras entre lo público y lo privado, inexistentes en las favelas. El “as built” es la base del documento de legalización jurídica. ¿Cuáles son los actores importantes en la formación de los espacios urbanos? ¿Cuales son sus papeles? Pensando en PPP (Public – Private Partnerships), participación ciudadana En el caso de las reas informales (favelas) los interlocutores fundamentales son los representantes comunitarios democráticamente electos y los representantes del poder público encargado de llevar adelante la ejecución de los trabajos de construcción, que puede ser tanto el gobierno municipal cuanto el provincial, depende de cada caso. El poder público ejecuta y gestiona, y la comunidad fiscaliza. En cada caso concreto puede haber otros participantes complementarios tales como ONGs, empresarios, universidades, gobiernos extranjeros, etc. En el caso de India, en Mumbai donde estoy haciendo un proyecto ahora, el caso es diferente y quien realiza todo es la iniciativa privada a partir de directrices establecidas por las autoridades gubernamentales. Que significa sostenibilidad (o una ciudad sostenible) para ti? Hay varias cuestiones implicadas en las ideas de sostenibilidad. Sobre esta cuestión se anudan varios diferentes problemas, fisicos, sociales y del medio ambiente. La primera cuestión es de orden social y significa que las transformaciones a ser hechas en lo existente deben considerar en primer término los intereses de todos los ciudadanos, llevando en cuenta la lógica de la ciudad como un todo. Esto es, se trata de articular lo local (las mayores urgencias) considerando simultáneamente las relaciones con el contexto y con el conjunto de la ciudad, pensando al mismo tiempo en el corto, medio y largo plazo. En seguida debe considerarse la relación costo-beneficio en el sentido de que las inversiones tengan un carácter democrático, capaz de extender sus efectos a la mayor cantidad posible de gente y no solo a la favela. O sea, que la relación favela-ciudad es algo que debe estar en todo momento en el centro de las consideraciones, evitando actitudes oportunistas que en todo momento tratan de condicionar el proyecto (por razones políticas o económicas) y contra lo cual hay que luchar denodadamente. Y finalmente la sostenibilidad ambiental que, aunque sea un concepto muy manoseado hoy en día, significa reutilizar al máximo lo existente, las inversiones ya hechas por la gente y por acciones descoordinadas del propio poder público,reaprovechando tanto cuanto posible edificaciones abandonadas, para la incorporación de nuevas viviendas y funciones y equipamientos necesarios (escuelas, hospitales, centros de generación de trabajo y renta, centros culturales, equipamientos deportivos, etc.) junto, y principalmente, con la incorporación de la gran cantidad de mano de obra disponible. Una ciudad sostenible es una ciudad que ofrece un lugar deseable para vivir y que permite desarrollar una vida culturalmente activa, intensa socialmente, con el disfrute de la naturaleza y de condiciones medioambientales positivas al alcance de todos los ciudadanos. Precisamos, más y más, de “ciudades ecosensibles”, física y socialmente. - Arquitecto del programa Favela Barrio visita Chile Por Nicolas Valenzuela Levi
Hoy llegó a Chile el connotado arquitecto Argentino radicado en Río de Janeiro Jorge Mario Jáuregui, conocido por el proyecto Favela Barrio. Su visita se debe a que participará en la tercera versión del Taller de Obra de la Escuela de Arquitectura de la Universidad de Talca. Favela Barrio Las favelas de Río de Janeiro surgen a partir de la ocupación marginal de los cerros, como una respuesta espontánea a la necesidad de asentamiento reforzada por la inexistencia de una política de estado para proveer de vivienda a los más pobres de la ciudad. El desarrollo económico brasilero hace que las favelas se extiendan durante todo el siglo XX; hoy viven en ellas cerca de un millón de habitantes de Río, que se encontraban en condiciones precarias e inaceptables hasta la aparición del programa Favela Barrio. Ante esta situación, el gobierno se interesa en las áreas deterioradas y promueve la renovación de estos espacios marginados con el propósito de integrarlos a la trama urbana. Luego de varios intentos fracasados desde la década del 40, es en 1993 cuando el programa Favela Bairro se constituye para, aparte de construir vivienda que supla el déficit habitacional, re-estructurar la composición urbana y lograr integrar dentro de la dinámica de la ciudad “formal” a los estratos de población degradados y excluidos. Su principal objetivo es la implantación de mejoras urbanísticas, incluyendo las obras de infraestructura urbana, la accesibilidad y la creación de equipamientos, con la finalidad de obtener resultados sociales a través de la integración y transformación de la favela en barrio. La idea es generar cambios profundos en las comunidades, transformando la calidad de vida y ambiental de estos sectores, esperando como consecuencia un reflejo positivo en la ciudad como un todo integrado.
Uno de los objetivos de la intervención es involucrar a la comunidad en la construcción y reconstrucción urbana de las favelas, considerando sus preferencias y las relaciones previas que han establecido con el espacio. La idea es que el apoyo social de finalmente resultado gracias a la participación de los miembros de la comunidad, lo que implica incluso que la propiedad de los proyectos sea comunitaria. El fin de esto es asegurar la sustentabilidad: es aquí donde el arquitecto interviene buscando la participación activa de los habitantes en el diseño y la definición del proyecto, y Jorge Mario Jáuregui ha conseguido resultados notables, haciendo accesible la mejor arquitectura a los más pobres. Referencia: JAUREGUI, Jorge. 3 proyectos en favelas. . ARQ (Santiago). [online]. dic. 2003, no.55 [citado 06 Septiembre 2006], p.32-37. Disponible en la World Wide Web: . ISSN 0717-6996. “Los muros son una capitulación del poder público” Soledad Vallejos El arquitecto argentino Jorge Jáuregui lleva dos décadas en Brasil y es un ferviente opositor a la construcción de muros como forma de frenar el crecimiento de los barrios pobres. Aquí analiza el significado urbano, social y político de una medida de ese tipo. “Los muros siempre son contra alguien”, señala el arquitecto Jorge Jáuregui, nacido en la Argentina, radicado en Brasil y autodefinido urbanista latinoamericano. “Cuando se levanta un muro, real o imaginario (porque muchas veces comienzan por lo imaginario y luego se van materializando), nunca se hace a favor de nada”, insiste, con la autoridad de haber estudiado el tema de cerca, tanto como uno de los hacedores del programa Favela Barrio en Río de Janeiro, como en su carácter público de crítico del muro para detener el crecimiento de las favelas de la misma ciudad. – Que se levanten estos muros en situaciones de frontera, en sentido social y político, ¿significa que fracasaron todas las demás respuestas posibles? – Es una capitulación por anticipado del poder público, en el sentido de que son decididos por un poder público que no confía en su propia capacidad de fiscalización a la hora, por ejemplo, de mantener el control sobre lo construido y lo no construido, como en el caso de las favelas. Cuando se hace un muro para dividir, para cortar, no se tiene en cuenta que lo primero que uno piensa al encontrarse frente a él es cómo pasar al otro lado. En este momento, estoy trabajando en un área que se llama Complejo de Manguinhos, conformado por un conjunto de 11 favelas, divididas al medio (cinco quedan de un lado, seis del otro) por el tren. Esa vía de tren está flanqueada por muros, lo que constituye un borde imposible de trasponer de un lado al otro de la comunidad. Sin embargo, la gente hizo agujeros en el muro y transita: termina usando como calle los espacios entre el muro y la vía, e inclusive la misma vía, si hasta hay fotos donde se ve cómo circulan en bicicleta por el medio de la vía. Lo que quiero decir es que el muro no sólo no resuelve, sino que crea problemas adicionales. El muro ya es una capitulación por anticipado frente a la posibilidad de pensar alguna armonía entre las partes, algún tipo de convivencia, en el sentido que planteaba Jacques Derrida. El, que casualmente visitó Río poco antes de morir, decía que en el mundo contemporáneo es necesario reaprender a convivir en la diferencia y que esto implica una propedéutica política. Es algo difícil de hacer, pero necesario, y está visto que sin ella sólo se cometen actos innecesarios, como quedó clarísimo con la contramarcha del muro de San Isidro. En el caso argentino, a diferencia de lo que pasa con el muro para evitar el crecimiento de las favelas, hubo una reacción y un cambio de idea. Aquí lo máximo que se sugirió fue que se embelleciera el muro con plantas, que fuera ecológico. – Pero sigue siendo un muro y permanece la intención de bloquear. – Porque persiste la idea de que, ya que no podemos tratar con la diferencia, separemos lo que está dividido, acentuemos la división. Pero son cosas que no pueden hacerse sin reflexión: se trata del desafío de imaginar alternativas. – Río de Janeiro, Cisjordania, Tijuana, el caso –aunque notablemente de menor escala– de San Isidro: los muros parecerían estar generalizándose. – Sí. Y si se generaliza como solución, en todo el mundo tal vez empiece a haber ciudades tan feas como San José de Costa Rica, que parece más un campo de concentración que una ciudad: por la calle, sólo hay cercas de hierro y rejas, una contaminación que inclusive reproducen las zonas más desfavorecidas. Eso alimenta la paranoia de la persecución y la inseguridad generalizada, todo el mundo se defiende de todo el mundo. En entornos así, nadie camina por la calle, los desplazamientos sólo son en auto. Es preciso lograr una conjunción de ciudad, urbanidad y espacio público, y si esos factores se combinan con espacios verdes, uno puede decir que está ante un lugar deseable de ser vivido. Un ideal podría ser el estado actual de Palermo –planteado como contenedor físico–, pero integrando clase media, alta, sectores populares: un ambiente donde las diferencias se articulen verdaderamente. No es posible integrar las diferencias, pero sí articularlas a partir de puntos en común. Y hay que lograrlo junto al disfrute de la urbanidad. No se trata de muros, sí de llenar las calles de gente: nada más seguro que una calle llena de gente.
VMH Estudio
Intro Jorge Mario Jáuregui is an architect who was working on favela upgrading projects when the favela was considered impenetrable territory. His work has been recognized for its contribution to improving the quality of urban life. In 2000, he was awarded a Veronica Rudge Green Prize in Urban Design for a series of projects implemented through the program “Favela-Barrio”. Jorge Mario´s fascination with the favela and his descriptions of their public spaces made us, students of the MAS in Urban Design at the ETH, interested in having a talk with him, and hearing first hand about his experiences and design strategies. On our recent study trip to Brazil, we took a ride on the new Teleférico of Complexo do Alemão, a huge favela in the North of Rio de Janeiro. This cable car system, designed by Jorge Mario, connects six stations within the favela to the general railway system of Rio, carrying 3000 passengers per day, covering 3,5 km, and opening up the Zona Norte favelas to the rest of the city. In conversation with him, we discussed about this infrastructure, its repercussion in the favela and about how his work has changed from his early days as a vanguard architect, when the scale was small and the territory dangerous, to now when his projects are territorial and the favela domain is at the forefront of architectural and urban design debate. 1. Jorge Mario Jáuregui, you have done many projects in favelas where involving the community was key to your work. The Teleférico in Complexo do Alemão, however presents a shift in scale in relationship to these first projects. Is this participatory urbanism still possible in this scale? The Teleférico in Complexo do Alemao is a integral part of the urbanization project of the favela, that includes infrastructural improvements and public facilities of social interest, such as professionalizing 2. You make a distinction between urbanity and public space. All cities strive for urbanity in their public domain. That is a public domain, which encourages creativity, vibrancy and heterogeneity. You have said that the favela contains the power of urbanity but lacks public space. Our question is then why is it necessary to clearly define new public spaces within the favela? In the favela, the notion of public space does not exist, everything that is not private belongs to no-one. This is why it presents its untidy character, with slovenly constructions and inadequate illumination, circulation and ventilation spaces. The lack of spaces for social and cultural expressions, capable of bringing people together, conveys a reduction of social life. Therefore, it does not develop the potential that it could have. This is why the existence of public space is necessary and it should be legible We could think that urbanity and public space represent the two sides of a coin, the one cannot exist without the other one. However, the favela shows the contrary: urbanity can exist without public space. Yes, clearly. Moreover, people feel the lack of the dimension of public space. Gatherings still happen and the streets are full, but it would be much better if there existed designed public space. When this happens, there is clearly a relief from something that was previously held back. 3. What have been your strategies when designing public space in the project of Complexo do Alemão? Since the project Favela Barrio until now, my methodology has been firstly to read the structure of the place; secondly, to listen to the demands; thirdly, to find multidisciplinary intersections; and finally, to formulate he urban diagram. This first reading of the structure of the place observes, repairs and individualizes the
existing centres of life. From here, it tries to inject into them, more quality, more power, and to create other centralities that compliment the existing. This design strategy can be applied to all scales. 4.We noticed on our trip to Brazil the high level of security in many neighborhoods. High voltage wires, security fencing, windows grills etc. Can you describe how these elements This affects negatively the public domain and social life. It withdraws from the public space a positive spirit, a will of Do you think this obsession with enclosing public spaces is a consequence of the high level of criminality, or is it a paranoid trend that actually encourages more criminality? It is true that one thing nurtures the other. The media is very related to this. I am always surprised, when i go to Buenos Aires, the television and radio are constantly giving negative news, as if we were living a permanent Civil War. However, one walks on the street, and nothing happens. There is an excessive amplification of the negative through the media that just focus on that, on producing bad news, and gaining money through that. There is something gruesome in the human being, and people are easily seduced by this morbidness. In broken cities or broken societies, where the distribution of richness is unequal -and Brazil is one country where these differences are enormous- tensions are generated which can end up in violence. One thing nurtures the other. That is why public inversion, and the creation of public spaces which are occupied 24 hours is the best guarantee of security. A street full of people is doubtlessly the most secure place. 5. Brazilian social commentator Zuenir Ventura describes the condition of the Brazilian city as broken. How does the Teleférico address this? Does it attempt to ameliorate this condition, physically, psychologically? The Teleférico changes the relationship with the citizen. You must have experienced, when you went for a ride in the Teleférico, how the staff working there are kind and willing to inform. This is the kind of There is normally a very positive reaction of the community towards new projects. With the Teleférico, there was at the beginning mistrust, because the UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) had not been established when the construction work started. […] However, it was inaugurated once the UPP was installed, and the drug dealers had dropped their arms or left the place. With time and use, the trust builds up, and nowadays this Teleférico is more visited than the one in Urca. We asked a woman of the favela if her neighbours used the Teleférico to go to work. She answered that many still did not, because they were afraid of heights! Yes, it is true. I also spoke once to a lady who said: “No, i am still not going on that. It is too small, it rocks too much. I will not ride on that, is is too dangerous” […] It takes time to get used to a means of 7. On our ride on the Teleférico of Complexo do Alemão we felt disconcerted by the visual access into the houses of the people below. The domestic domain suddenly becomes very public. It’s difficult to imagine such a project in the European context because of laws preventing overlooking, which preserves the privacy of each home. How do people Well, we have to bear in mind that the life in the favela, generally, occurs mainly with doors and windows opened, especially when one walks on ground level. There is a very close relation between outdoor-indoor, which differs from that in the formal city. Where I am now, in Botafogo, no-one has the doors opened. But in the favela, they do. Especially because the inner spaces are very closed, they open towards the exterior to ventilate, and to participate in the common life. In this sense, the Teleférico does not affect intimacy, […] noone feels visually invaded.[…] On the contrary, people are inventing economical activities due to the fact that they have a lifted boulevard that looks upon them, there is a new window, a new point of view that before did not exist. For instance, they paint their roof slabs or tiles with different motives, or they rent them out for parties or television filmings. Could it be that these new virtual lines that cross Complexo do Alemao become the source of a gradual upgrade of the favela? Exactly, an expansive amelioration. It starts in these lines and it develops towards each side. This also happens concentrically around the teleférico stations. 8. With the upcoming World Cup and Olympics, the Government has invested in improving the security of the favelas through the UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). You were There is a real amelioration in terms of security inside the favela. They have gradually corrected the procedure: the first UPP establishments were more violent and spectacularized.[…] Now, the police is better educated and more communal. This has changed the presence of the police in the favela from an invasive position to a more defensive one, rendering a service to the community. This is a process, it is not yet consolidated. The question of security and urbanity should be planned together, and not separately like happens nowadays. We are still doing urbanization projects on the one hand, and security strategies on the other, by the security forces. I think this is an error. The city security should be dealt as a part of the urbanization policy. The promotion of the public space, by upgrading the existing spaces and introducing new ones, can definately contribute to the improvement of city security. 9. There seems to be an increasing interest within schools of architecture and urban design in researching informal settlements in developing countries. What do you attribute this to? Do you think architects can contribute to ameliorating the conditions in the favelas? The improvement of the favela conditions is the duty of the public power, not the university. But the university can contribute by investigating new solutions, generating debate, and using the media as a means to discuss. In this sense, the university can play a very positive role, not so much producing specific projects, […] which should be dealt by the public power, but by constructing ideas and concepts. 10. As favelas consolidate into neighborhoods, does their architecture become part of the Brazilian vernacular? We have to differentiate between architecture and construction. Jacques Lacan says that what differentiates architecture from the building is that the first is the logical power that orders further than the function hosted by the building. This means that every building is construction, not all buildings are architecture. Therefore, function has nothing to do with architecture. It is the logical power that orders materials what will enable architecture to turn into art. Therefore, the concept of popular architecture is arguable. I believe we have to promote the encounter between both cultures: the popular culture and the erudite culture, that which comes from university, from a formal elaboration. Projects should promote points of connection between these two domains: the domain of popular intelligence and the domain of institutionalized intelligence. In the language of architecture, the use of certain elements, such as the cobogos (perforated walls for ventilation, which became the leitmotiv of the Modernist Brazilian architecture) can definitely be a link between both cultures. 11. Due to the vast number of favelas, and the fact that they all present similar construction characteristics, could we already talk of a certain aesthetics of the favela, to the point that we might even call it Popular Brazilian Architecture? There is a vernacular urban tissue in relationship with the favela, because there is a continuity of materials, similar techniques and a reduction of elements to a common denominator. I would like to read what Manuel Delgado Ruiz, a Spanish anthropologist, says about urbanity and public space. Urbanity is the form of life characterized by the movility, the agitation as a source of social We read in an interview you made in response to your contribution at Documenta 2007, you critisized the public domain of Kassel. Your critique could be understood as applying to many other European cities. Kassel is very interesting, it is exactly the opposite of the favela. There is too much public space, and not enough agitation, too little social structuring. This powerfully caught my attention. There is an excessive luxury of space where there is no appropiation. A little bit of this in the favela, would make a tremendous difference. And maybe a little bit of the favela would also make a difference in the European city. So there should be a necessity of adapting the scale of public space to the number of citizens that will be making use of it. We seem to have forgotten this in our European cities. Yes, no doubt. It has a lot to do with this: the scale in which you are working. 12. Last question, Jorge Mario: we visited your last social housing project in Rozinha. What was remarkable was the translation of local construction techniques and aesthetics. Do you think that by using construction techniques, which are similar to the ones found in the context, people accept better the project? Yes, people understand it better. It seems less strange, less as an object which has landed from elsewhere. The proportion, the heights, the relationship with the context, the perforations, the volume, the relation fillvoid, even the colour, all of this contributes to be assumed as something not strange, something that could
have been built by the people, but using another technology, and making life easier by having a better internal distribution of the installations. |