Arquitetura e Psicanálise: Múltiplos Interesses

 

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Parthenon
Parthenon, Atenas

No contexto dos múltiplos interesses da psicanálise ressoam as descobertas freudianas produzindo efeitos na sua relação com a arquitetura. A atividade do arquiteto implica não só um criador original senão alguém que não pode produzir a sua obra sem a influência do contexto, comportando um campo cultural, histórico, que o leva a uma produção mais coletiva da qual participam significantes que circulam numa comunidade num determinado momento histórico. É nesse sentido que os significantes freudianos são fundamentais.

Uma das heranças fornecida pela psicanálise manifesta a função da imagem da casa frequentada nos sonhos, que indica, como Freud assinala, um dos poucos objetos com representação no inconsciente. Diz Freud: “os objetos que acham no sonho uma representação simbólica são pouco numerosos. O corpo humano na sua totalidade; os pais, filhos, irmãos e irmãs, e o nascimento, a morte, a nudez e algumas poucas coisas mais. A casa é o que constitui a única representação típica.” Acrescenta ainda, “a meu juízo, se ‘habitação’ chegou a constituir um símbolo feminino é pelo fato de que a mulher mesma constitui o espaço no qual o ser humano habita durante sua vida intrauterina. O símbolo ‘casa’ já nos é conhecido deste ponto de vista e a ‘mitologia’ e o estilo poético nos autorizam a admitir como outras representações simbólicas da mulher, as de castelo, fortaleza e cidade.” (Sigmund Freud, Conferências Introdutórias à Psicanálise, Edição Standart Brasileira)

A casa é apropria constituição do vazio, representante do essencialmente humano:

“pátio, cielo encauzado
el pátio es el declive
   por el cual se derrama
el cielo en la casa…”
 

Jorge Luis Borges¹

Na casa e na cidade devemos considerar sempre o espaço social, isto é, os lugares onde se desenvolvem laços entre os indivíduos. A psicanálise nos aporta neste campo elementos essenciais. Esses espaços são efeito de momentos de ruptura que deixam suas marcas, que serão recuperadas no caso da arquitetura através da forma. É na elaboração formal do objeto arquitetônico que intencionalidade estética e resposta às condições de uso devem formar um “agregado sensível” (Deleuze)², uma amálgama onde o individual e o coletivo se interliguem conectando os dois domínos, o privado e público. 
O mito do parricídio desenvolvido por Freud no texto “Totem e Tabu” sustenta a essência da constituição das comunidades, expressando o caráter destruidor, traumático, no cerne da estrutura do sujeito e seus laços.

No “Mal-estar na Civilização” Freud reafirma este caráter influenciado pelas novas tecnologias de destruição em massa e as guerras, que marcam o inicio do século XX e que já indicavam para ele um futuro pouco alentador.

O trauma participa tanto do individual quanto do coletivo. Esta noção de trauma atravessa os textos de Freud e remete a uma estrutura temporal complexa tanto na constituição da psique quanto no campo da cultura.

O trauma que nos constitui individualmente está presente também nas ruinas acumuladas na construção das cidades, as estratificações multitemporais sendo comuns a ambos. Essa construção, nos dois casos, se apresenta como uma sobreposição complexa que demanda a interpretação de fragmentos. Freud vai formular a constituição do sujeito como aquele que tem de conviver com traumas e restos desde a origem.

Mas existem momentos históricos precisos que expressam mais as situações traumáticas. Por este motivo é necessário no campo da arquitetura e do urbanismo traçar estratégias para redirecionar os processos em curso, através de intervenções capazes de permitir uma nova conectividade da estrutura urbana, possibilitando articular as diferenças quando estas se tornam intoleráveis.

Quando se verifica algo desta ordem do traumático como a “cidade partida”, surge a exigência de estabelecer novas conexões a partir de projetos de estruturação sócio-espacial capazes de articular o estratégico (a questão urbana considerada no longo prazo) com intervenções pontuais especificas, capazes de responder às maiores urgências. Os sintomas, efeitos dessas rupturas, são um campo fértil para propiciar novas saídas, mais isso nem sempre acontece.

A “forma” será o meio pelo qual o arquiteto poderá se comunicar com o outro, funcionando como uma linguagem. A linguagem da escrita arquitetônica, capaz de enlaçar o imaginário à construção e ao real do mundo. Capaz de produzir efeitos resubjetivizadores em relação ao espaço, emparentando a arquitetura à arte, indo além da resposta imediatista, contribuindo para formalizar e espacializar “necessidades” que, traduzidas numa “composição” arquitetônica ou urbanística, poderão expressar os ideais de uma sociedade num determinado momento histórico. Seja numa casa, num grupo de construções, num quarteirão ou num bairro inteiro, “a forma, quando cria beleza, chega a ser funcional e por tanto, fundamental para a arquitetura” (Oscar Niemeyer)³; através da elaboração estética, a arquitetura pode se emparentar à arte, criando o lugar de confluência do universal e do particular.

No mito de Totem e Tabu, o assassinato do pai marca o caráter violento da construção da comunidade, seguido de um segundo tempo de adoração a quem se eliminou. Após surge a culpa coletiva que é o resgate imprescritível do seu trunfo escrito na proibição totêmica antes de se instaurar como lei. Esse mito evidentemente é uma construção de Freud e uma maneira de mostrar os elementos lógicos que indicam o preço pago pelo acesso do homem à linguagem. O drama totêmico inaugura a promoção do simbólico que não se produz sem uma perda primordial que marca a relação do sujeito com respeito ao campo do Outro.

Esse mito nos ensina como se enlaça a oposição dentro-fora, e como, sob seu véu, se manifestam as obras culturais, nelas incluídas a arquitetura e o urbanismo. Destaca-se assim a especificidade do simbólico que se constitui nas linhas de ruptura marcadas pelos episódios trágicos, o assassinato, promovendo depois a identificação simbólica. Mas também aponta ao real que escapa, perda fundamental que deixa o ser submergido em algo que o excede. Essa condição de excesso, de gozo, vai se manifestar na forma de sintomas, angústias e medos.

 A arquitetura barroca tem uma função de paradigma em relação ao gozo, onde o excesso e a repetição revelam-se como expressão da ação do significante. Uma maneira de falar dele é dizer que não serve para nada. O excesso no barroco (uma voluta a mais, uma dobra a mais) desafia todo utilitarismo e se inscreve no ideal de beleza ligado ao gozo por excelência.

Um texto freudiano que produz ressonâncias para a relação arquitetura e psicanálise no trabalho que realiza um arquiteto, é “Construções em análise” (tomo XXIII da Imago). Neste texto Freud se interroga em que consiste o trabalho analítico e se dispõe a responder face às  distorções que na época começaram a circular e foram muito bem acolhidas pelos opositores da psicanálise.

O trabalho de análise visa a induzir o paciente a abandonar as repressões próprias ao seu desenvolvimento e a substituí-las por outras reações de condições psíquicas diferentes.4

 Seus sintomas e inibições sendo consequência dessas repressões. Assim, o paciente é levado a lembrar certas experiências e os impulsos afetivos por elas evocados. Freud se pergunta que tipo de material põe à nossa disposição o paciente para recuperar essas lembranças perdidas. Ele diz que fornece fragmentos em seus sonhos, em ideias que fazem alusão ao recalcado, sempre deformado, sugestões de repetições dos afetos que pertencem ao material reprimido. “É dessa matéria prima- se assim podemos descreve-la, que temos de reunir aquilo de que estamos à procura.”4 Na analise, o trabalho consiste de duas partes diferentes. De um lado, o que corresponde ao paciente, e de outro, a tarefa desempenhada pelo analista que não experimentou nem reprimiu nada do material em consideração. A tarefa do analista  consiste também em construir ou reconstruir a partir dos traços do que foi esquecido e está sendo lembrado. A ocasião e o modo de comunicar o que está sendo construído e as explicações que o acompanham, correspondem a um enodamento da função do analista com o trabalho do paciente. Isso implica o ato analítico, sustentado pelo analista e que comporta a função do desejo. “O trabalho de construção ou reconstrução assemelha-se muito à escavação de alguma morada ou de algum edifício”, diz Freud.

Surpreendem os significantes utilizados: fragmentos, matéria prima, conexão, edifícios, escavação, familiares no campo da arquitetura e do urbanismo. Na arquitetura não são apenas materiais reunidos para produzir uma construção, que pode até chegar a ter uma função. Fazendo uma correlação entre o trabalho analítico e o projeto arquitetônico, poderíamos dizer que a construção em arquitetura depende de como será feita a reunião dos materiais e que isso comporta um trabalho e o ato projetual do arquiteto. Ai se joga a ética e a estética de um arquiteto, determinando algo que vai além da simples construção (“com crus materiais construir relações comovedoras”, Le Corbusier). Realiza-se nesse ato arquitetônico algo que diz respeito à posição do arquiteto perante os condicionantes de todo tipo que atuam numa demanda projetual (econômicos, técnicos, sociais) e que como no caso do paciente trará à luz algo que estava oculto.

Podemos depreender do anterior as linhas de construção arquitetônica, sob condições especificas expressadas em diferentes tempos e espaços.

A arquitetura clássica organizada como uma composição marcada pela largura e pela altura, na qual a forma expressa o surgimento de novos valores exemplificados nos templos definidos pela combinação da vertical (colunas) e da horizontal (embasamento e coroamento), o Parthenon, por exemplo; as catedrais góticas expressando a elevação da fé através das linhas em feixe das suas colunas lobuladas que desmaterializam o peso da pedra; a arquitetura barroca com o emaranhado das linhas que vão se enroscando sempre numa volta a mais, sobrepostas  ao corpo da obra, expressando o puro prazer do ornamento, o excesso que caracteriza algo da ordem do gozo; a arquitetura moderna, decompondo o objeto, independizando a sustentação dos fechamentos e  com isso permitindo inverter a lógica tradicional do pesado embaixo e o leve encima, regulando através  da transparência dos corpos a relação interior-exterior (a “fenêtre en longuer”5 de Le corbusier sendo um dos meios para consegui-lo). E hoje, a massificação livre possibilitada pelo uso do desenho assistido por computador e traduzido em torsões e contorções no espaço que permitem a “flutuação” da matéria, como por exemplo, no Museu Guggenheim de Bilbao.

Não deixamos de perceber em todo o caso, que no oculto do psiquismo trata-se de algo mais complexo, mas de qualquer forma há algo que se revela também na construção em arquitetura, que vai além dela.

Como diz Lacan “se este edifício nos solicita é, pois, porque, por metafórico que for, ele está bem feito para nos lembrar o que diferencia a arquitetura do edifício: seja uma potencia logica que ordena (a arquitetura) além do que o edifício suporta de possível utilização”.6

A arquitetura é obviamente anterior à psicanálise, mas ela se beneficia dos aportes do discurso analítico que lhe permite fazer outra leitura e consequentemente outra escrita do fazer arquitetônico.

A psicanálise nós dá elementos para poder reflexionar sobre o mundo que a arquitetura contribui a criar, não sendo tão somente um reflexo desse mundo.

 


Museu MAS

Jorge Mario Jáuregui

Bibliografia:
1 Jorge Luis Borges, Obras Completas, Fervor de Buenos Aires, Um pátio (fragmento), Emecé Editores, Buenos Aires, 1979.    
2 Gilles Deleuze, Che cos'è l'atto di creazione?, Cronopio, 2010.
3 Entrevista no canal Arte 1.
4 Sigmund Freud, “Construções em Análise”, Editora Imago Volume XXIII.
5 Le Corbusier, La Fenêtre Longueur, Les 5 points d’une architecture nouvelle, Les Éditiones d’Architecture, Zurich, 1967.
6 Jacques Lacan, A la mémore d’Ernest Jones: sur sa théorie du Symbolisme, Écrits.

Trabalho publicado na Revista Calibán nº 12 / 2014, Revista Latinoamericana de Psicanálise.


Architecture et psychanalyse : intérêts multiples.

Dans le contexte des multiples intérêts de la psychanalyse freudienne résonner comme un effet de découvertes de sa production par rapport à votre relation avec l'architecture. Les activités de l’architecte n’impliquent pas qu’il soit le créateur original mais qu’il ne peut produire son œuvre sans les influences du contexte, le comportement de l’air culturel, l’histoire ; ce qui entraine une production qui se veut plus collective, qui donne lieu à la participation significative de circuler au sein de la communauté afin de déterminer les moments historiques. Et dans ce sens, les significations freudiennes sont fondamentales.

Un des héritages offert par la psychanalyse manifeste une fonction de l’image de la maison fréquente de nos rêves, qui indique, comme Freud l’avait signalé, qu’ils peuvent être des objets de représentation dans l’inconscient. Freud disait : « Les objets qui se trouvent dans nos rêves ont une représentation symbolique pour certains d’entre eux. Le corps humain dans sa totalité ; les parents, les fils, les frères, les sœurs, et la naissance, la mort, la nudité et encore d’autres choses. La maison est ce qui constitue l’unique représentation « typique », selon moi, si le « logement » est venu à être un symbole féminin, c’est le fait que la même femme est l'espace dans lequel l'être humain habite au cours de sa vie intra-utérine. Le symbole de la « maison », pour commencer, elle est le symbole de la femme, des châteaux, des forteresses et de la ville (Sigmund Freud, Conférence Introduction à la psychologie, édition standard brésilienne).

La maison est appropriée dans la construction du vide, représentant l’essence humaine :
“Pátio, cielo encapuzado
El pátio es el declive
Por el cual se derrama
El cielo em la casa...”

Jorge Luis Borges

Dans la maison et dans la ville, nous devons tout le temps considérer l’espace social, c’est-à-dire les lieux où se développent les liens entre les individus. La psychanalyse nous importe des éléments essentiels dans cette compréhension. Ces espaces sont en effet des moments de rupture qui laissent ses marques, qui seront récupérées dans un contexte d’architecture à travers la forme. La préparation formelle de l'objet architectural que l'intentionnalité esthétique et qui est une réponse à des conditions d'utilisation devraient former un « agrégat sensibles » (Deleuze), une fusion où l'individu et le collectif ont une interconnexion reliant les deux dominos, privé et public.

Le mythe du « parricide » développé par Freud dans le texte « Totem et Tabou », soutient l'essence de la constitution des communautés, exprimant le caractère destructeur, traumatique, au cœur de la structure du sujet et de ses liens.

Dans le « Mal être de la civilisation » Freud réaffirme ce caractère influençable par les nouvelles technologies de destruction de masse et les guerres, qui marquent le début du XX siècle et qu’il avait déjà interprété comme étant, pour lui, un avenir peu encourageant.

Le traumatisme participe tantôt à l’individualité qu’au collectif. Cette notion de traumatisme se lit à travers les textes de Freud et se réfère à une structure temporelle complexe à la fois dans la constitution de la psyché que dans le domaine culturel.

Le traumatisme qui a constitué l’individualisme est aussi présent dans les ruines accumulées dans les constructions des villes, les stratifications multi-temporelles qui leurs sont communs. Cette construction, dans les deux cas, se présente comme une superposition qui tente de vivre ensemble avec les traumatismes et les débris des constructions d’origine.

Mais ils existent des moments historiques précieux qui expriment plus les situations traumatisantes. Pour cette raison, il est nécessaire, dans le domaine de l’architecture et de l’urbanisme, de tracer une stratégie pour réorienter les processus en cours, à travers des interventions capables de permettre une nouvelle connexion dans la structure urbaine, insufflant une articulation quand les différences deviennent intolérables.

Quand il y a quelque chose de cet ordre du traumatisme, comme une « ville séparée », vient l’obligation d’établir de nouvelles connexions à travers des projets de restructuration socio-spatiale capables d’articuler les différentes stratégiques (les questions urbaines considérées sur le long terme) par le biais d’interventions ponctuelles spécifiques, capables de répondre aux priorités.

La « forme » sera le moyen par lequel l’architecte pourra communiquer avec les autres, qui fonctionnera comme un langage. Le langage de l’écriture architecturale est capable d’enlacer l’imaginaire à la construction et au monde réel. Capable de produire un effet « resubjetivizadores » comme une relation avec l’espace, apparentant l’architecture à l’art, qui va au-delà du contribuant de réponse de l'immédiateté de formaliser et de spatialiser dans le « besoin » qui s’introduit dans une « composition » architecturale ou urbanistique, volonté d’exprimer les idées d’une société en déterminant un moment historique. Que ce soit dans une maison, dans un ensemble de bâtiment, dans un bloc ou dans un quartier entier, « la forme crée la beauté, qui suffit à être fonctionnelle, ce qui est donc fondamental pour l’architecte » (Oscar Niemeyer) ; à travers l’élaboration esthétique, l’architecture peut s’apparenter à l’art, créant un lieu de confluence du collectif mais aussi pour le particulier.

Dans le mythe « Totem et Tabou », le meurtre du père marque le caractère violent de la construction de la communauté, suivi dans un second temps du culte qui a été éliminé. Après vient la culpabilité collective qui est la recours inaliénable, son atout écrit dans l'interdiction totémique avant d'établir ce qui est le droit. Ce mythe bien évidemment est une invention de Freud et une manière de montrer les éléments logiques qui indiquent le prix à payer pour l’accès de l'homme à la langue. Le drame totémique inaugure la promotion du symbole qui ne se produit pas sans une perte importante qui marque la relation du sujet comme un respect envers les autres.
Ce mythe nous enseigne comment on se prend au piège dans une opposition dedans/dehors, et comment, sous son voile, se manifestent les œuvres culturelles inclues dans l’architecture et l’urbanisme. A était mis ainsi en évidence la spécificité de la symbolique qui constitue les lignes de cassure marquées par des épisodes tragiques, l’assassiner après promotion de l'identification symbolique. Mais aussi des points au réel qui échappe, la perte fondamentale qui laisse l’immergé dans quelque chose qui le dépasse. Cette condition d’excès, la jouissance, va se manifester sous la forme de symptômes, l'anxiété et la peur.

L’architecture baroque est une fonction de paradigme par rapport à la jouissance, où l'excès et la répétition sont révélés comme une expression de l'acier. Une façon de parler c’est-à-dire ce qui est bon pour rien. L'excédent dans le baroque (un défilement plus, une fois de plus) défie tout l'utilitarisme et s’inscrit dans une beauté idéale sur un plaisir de l’excellence.

Un texte freudien, qui produit une résonance à l'architecture de la relation et de la psychanalyse au travail, refait surface dans le domaine : « Constructions dans l'analyse » (prendre XXIII de Imago). Dans ce texte, Freud se demande ce qui constitue le travail d'analyse et est prêt à répondre étant donné les distorsions qui ont commencé à circuler à l'époque et qui ont été très bien reçues par les adversaires de la psychanalyse.

Le travail d'analyse cherche à inciter le patient à abandonner leurs répressions à son développement et à les remplacer par d'autres réactions des différentes conditions psychiques.

Les symptômes et les inhibitions étant un résultat de ces refoulements. Ainsi, le patient est fait pour se rappeler certaines expériences et les pulsions affectives évoquées par eux. Freud demande quel type de matériel mis à permettra au patient de récupérer ces souvenirs perdus. Il est dit que de se fournir des fragments de nos rêves, et une idée qui FAIT allusion à un refoulement, toujours déformé, avec une suggestion de répétions appartenant à la matière refoulé. « Il est cette matière première afin que nous puissions décrire, nous devons rassembler kilo que nous cherchons ». Dans l’analyse, le travail se compose de deux différentes pièces. D’un côté, ce qui correspond au patient, et de l’autre, la tâche effectuée par l’analyste qui n'est pas connue ou pas supprimée lors de l'examen matériel. La tâche de l’analyste vise également à construire ou à reconstruire des traits d’une foi oubliée. L'occasion et la façon de communiquer ce qui est en cours de construction, et les explications qui l'accompagnent, correspondent à une connexion de la fonction de l'analyste avec le travail du patient. Cela implique l'acte analytique, soutenue par l'analyste et qui comprend la fonction du désir. « Les travaux de construction ou de reconstruction sont un peu comme les fouilles de certaines habitations ou bâtiments », dit Freud.

Surprendre signifiant utiliser des fragments, des matières premières, des connexions, les bâtiments, l'excavation, la famille dans le domaine de l'architecture et de l’urbanisme. Dans l'architecture ne sont pas seulement réunis les matériaux pour produire une construction qui peut atteindre jusqu'à avoir une fonction. Faire une corrélation entre le travail d'analyse et de la conception architecturale, nous reviendrait à dire que la construction de l'architecture dépend de la façon dont ils seront la réunion de matériaux, et il comprend un travail et un projet d’architecte. Ainsi joue l'éthique et l'esthétique d'un architecte, la détermination de quelque chose qui va au-delà de la simple construction (« avec des matières premières permet à bâtir des relations », Le Corbusier). Il prend place dans cet acte architectural quelque chose qui concerne la position de l'architecte dans le conditionnement de tous types opérant dans la demande de projets (économiques, techniques, sociaux) et comme si le patient était amené à quelque chose de léger qui aurait été caché.

Nous pouvons déduire des lignes précédentes la construction architecturale dans des conditions spécifiques exprimées à différents moments et lieux.

L’architecture classique est organisée comme une composition caractérisée par la largeur et la hauteur d’une voie express à l'émergence de nouvelles valeurs illustrées dans les temples définis par des combinaisons de (colonne) verticales et d’horizontales (fondation et la Couronne). Le Parthénon par exemple, comme cathédrale gothique exprimant l'élévation de la foi à travers les lignes de faisceau dans ses colonnes lobées qui dématérialisent le poids de la pierre ; l'architecture baroque avec l'enchevêtrement des lignes qui seront toujours autour de vissage dans le plus, superposées sur le corps de l'ouvrage, exprimant le pur plaisir de l'ornement, l'excès qui caractérise quelque chose de l'ordre de la jouissance ; l'architecture moderne, décomposant le fond et la lumière sur le dessus, la régulation par la transparence des organes relation intérieur-extérieur (la « fenêtre en allonger », Le Corbusier, l'un des moyens pour y parvenir). Et aujourd'hui, la masse libre rend possible l'utilisation PEO de la conception assistée par ordinateur et qui traduit des rebondissements et des contorsions dans l'espace qui permettent « fluctuation de la matière », comme par exemple la hauteur du Musée Guggenheim Bilbao.

Ne pas manquer de remarquer tout de même, que, dans le secret de la psyché, il y a quelque chose de plus complexe, mais en tout cas il y a quelque chose qui est aussi révélé dans la construction dans l'architecture qui va au-delà.

Comme le dit Lacan « et ce bâtiment dans les demandes est donc la raison pour laquelle, pour métaphorique qu’il est, il est bien fait pour nous rappeler ce qui différencie l'architecture de l'immeuble : il est une puissance de l'ordre logique (architecture) en plus du renforcement à l'utilisation possible.

L'architecture est évidemment avant la psychanalyse, mais il profite du discours analytique des contributions qui vous permet de faire une autre lecture, et par conséquent d'autres écrits de la réalisation architecturale.

La psychanalyse nous donne des éléments pour refléter le pouvoir sur le monde que l'architecture contribue à créer, non seulement comme étant une réflexion de ce monde.

Jorge Mario Jáuregui
Traduit par Marina Malheiro