A fotografia não se limita à reprodução da realidade senão que a recicla. É um procedimento chave da sociedade moderna. As coisas e os acontecimentos, através das imagens fotográficas, são submetidas a novos usos e recebem novos significados que transcendem as distinções entre o belo e o feio, entre o verdadeiro e o falso, entre o útil e o inútil, e finalmente, entre o bom gosto e o mau gosto. A fotografia é, desta maneira, o registro em potência de tudo quanto há no mundo, desde todos os ângulos possíveis. A fotografia tem a virtude de documentar a vida. Na versão moderna do embelezamento, a beleza deve ser encontrada olhando de uma maneira outra, incluindo uma noção mais ampla do significado ilustrada pelos múltiplos usos da fotografia. A um maior número de variações corresponderão mais ricas possibilidades de significação. Olhar é uma ação complexa, e nenhuma grande obra, no campo do artístico, comunica o seu valor e qualidade sem preparação e instrução. Mas é possível se operar com um pé no domínio da arte e outro no âmbito do chamado "mundo real". Quando vemos algo num museu ou numa galeria, podemos estar vendo apenas só uma parte de um trabalho. Em qualquer caso, para ser considerado obra de arte, um trabalho deve operar no interior do espaço expositivo (podendo estendê-lo para fora dele) e possuir uma lógica estética que seja íntegra em relação à especificidade da obra. Para incluir o mundo das imagens no mundo real, é necessária uma ecologia das imagens. Jorge Mario Jáuregui
Brassaï, "Proust e a fotografia Flaubert: a tarefa do artista é transformar o acidental em imutável Proust era, segundo Brassaï uma especialíssima película sensibilizada ao longo de anos e anos pelas mais variadas experiências e que só mais tarde, quando submetida ao processo da revelação – no laboratório da memória involuntária – faz surgir o sentido verdadeiro, aquilo que estava oculto sob as aparências e que só a fotografia é, capaz de trazer à luz. A fotografia é mais, muito mais que um documento inerte. É um catalisador, um condensador de sentidos latentes. Não é um fim, é um meio, um processo aberto... Cada fotografia é um mundo concentrado num instante." Paulo Venâncio Filho
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