Sabemos que a cidadania se constrói quando uma cidade é capaz de dar resposta mediante o projeto político-urbanístico a todos os seus habitantes, de forma inclusiva, elevando os setores marginalizados que vivem excluídos da vida de cidade nas periferias urbanas, à categoria de cidadãos. O caminho para isso é dotar a estas periferias dos serviços básicos para o desenvolvimento da vida, isto é, dotar estas áreas da cidade com os atributos de urbanização através de equipamentos públicos de qualidade (escolas, creches, postos de saúde, centro comunitários) vias de acesso, transporte de qualidade e ruas transitáveis. Hoje, muitos cidadãos cariocas vivem na não-cidade, em áreas urbanas desprovidas das mínimas condições de vida. Se não estão asseguradas políticas urbanísticas deste tipo, os grande projetos urbanos, dirigidos às classes médias e altas, cumprem o papel de evidenciar ainda mais a situação de cidades atuais, de alto nível de polarização social, que vai se opondo na medida que não se atendem essas carências. No Rio de Janeiro, os grandes projetos urbanos para as Olimpíadas, de iniciativa do poder público mas, fortemente determinados pelo investimento privado, como o Porto Maravilha e também os equipamentos e serviços recreativos e gastronômicos na orla da Zona Sul, obrigam a se perguntar quanto ao caráter integrador, no sentido anteriormente apontado, que apresentam. E é fácil perceber a resposta. A condição de uso público de um espaço urbano não garante por si só a integração social nem a inclusão de todos os setores sociais da cidade. É necessário se perguntar quais políticas urbanísticas são as que oferecerão resultados de integração social, com espaços de uso público para todos os habitantes, que contribuam para o aumento de cidadania, com objetivos de gestão que priorizem o bem comum, na direção de uma cidade democrática, inclusiva e com igualdade social. Jorge Mario Jáuregui |