O Rio, com a sua grande diversidade de situações sociais e ambientais e seu grande marco paisagístico, nos estimula, nos desafia, e quase nos obriga, a pensar soluções inovadoras como resposta a cada nova demanda. Frente a cada desafio projetual, o modo como nos aproximamos das coisas adquire grande relevância, pois o processo de design implica um envolvimento total, e ele não é puramente visual. Este processo pode ser visto como um caminho para se chegar a uma solução, e neste caso é um meio na direção de um fim, ou pode ser entendido, num outro sentido, como uma seqüência de explorações interagindo com múltiplas e diferentes considerações e influências ao longo do caminho. O que emerge então, é, de fato, parte do processo.
Os objetos têm uma dimensão visual e uma dimensão conceitual; o enfoque conceitual começa com uma idéia ampla, geral, que aos poucos é reduzida a um foco muito específico. No aspecto visual, busca-se que a composição do conjunto comunique através da coerência entre as diversas partes componentes, conquistada mediante as formas, o contraponto curvas-retas, as angulações, e os materiais, cores e texturas. Num plano mais íntimo, as impressões visuais são reforçadas pela incorporação do refinamento à composição. A busca do refinamento requer um olhar sensível e uma paciente compreensão da relação entre os elementos
1) Constituição de uma Família de elementos, fundametada num princípio de coerência formal que envolve: a) a concepção de cada elemento, de cada objeto, configurado a partir do conceito de base-corpo-arremate, válido tanto para os objetos habitáveis quanto para os postes, totens e mupis, b) a incorporação de suaves curvas no design dos objetos, buscando captar o espírito carioca, a zeitgeist local, numa referência a Roberto Burle Marx e Oscar Niemeyer, considerados como aqueles que definiram um traço marcante da identidade nacional, de projeção universal, c) a busca de uma identidade forte a partir do parentesco estabelecido entre os diversos objetos. 2) Utilização do conceito de flexibilidade, na busca de várias soluções possíveis para cada produto, visando a capacidade de adaptação dos elementos a contextos variados. 3) Perseguição de um critério de design que inclua a característica de síntese conceitual e formal, na configuração tanto da família quanto de cada elemento, entendidos como integração holística de todos os fatores e como contribuição à clareza de leitura do espaço público. 4) Esta clareza de percepção almejada, baseia-se na interpretação e integração das características locais referidas ao clima, aos comportamentos, à paisagem e à aura ou espírito da cidade, carioquice, buscando definir uma marca do Rio.
Jorge Mario Jáuregui, arq.
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