Como leitor inquieto que todo arquiteto é (ou não é?) a "maioria atenta" deve ter lido o artigo de José Castello (O Globo Prosa e Verso - 10/07/2010) sobre "o objeto quase", interessantíssimo artigo que, mesmo na sua brevidade de jornal, faz considerações sobre o texto literário como instrumento de transformação da realidade, de invenção. Isto soa muito sugestivo para um arquiteto que se debate sempre entre o conceito e a representação gráfica dele, isto é, o croquis no qual tenta traduzir suas intenções, sua "interpretação da demanda". O texto de Castello faz considerações sobre a "quase perfeição" em relação com o sublime, como reconhecimento da impossibilidade da perfeição, mas onde a pulsão na sua direção é que dá sentido a uma obra. Comenta Castello o texto de Flaubert onde este diz que "o artista (leia-se criador) deve elevar tudo; ele é como uma bomba, há nele um grande tubo que desce até a entranha das coisas". Esta pulsão a que me referia mais acima (essa descida até a entranha das coisas) se refere à tentativa de "dizer o inexistente". Que outra coisa é isso senão a criação, em qualquer uma das suas manifestações? Jorge Mario Jáuregui
|