Vista da Rambla Carioca projetada para Copacabana, valorizando o desenho paisagístico das calçadas de Burle Marx e
incorporando
mobiliário urbano,
espaços para atividades de animação de rua de maneira organizada
(capoeira, música,
arte popular),
floristas e iluminação "balizada" para o pedestre.
Os
três principais exemplos de grandes espaços públicos
do Rio de Janeiro estão claramente ligados às atividades
físicas: as praias da zona sul, o Aterro do Flamengo, e o entorno
da Lagoa Rodrigo de Freitas. Este trabalho propõe uma reflexão
sobre um outro tipo de espaço público: uma área cívica,
capaz de servir como ponto de encontro e convivência para todos
os cidadãos.
Com
a Rambla Carioca proposta, a cidade ganhará um lugar para promenades
paisagísticas a qualquer hora do dia ou da noite, integrando várias
atividades que se manifestam hoje (ou buscam se expressar) de forma desordenada no espaço público,
desenvolvidas por artistas, artesãos, capoeiristas, músicos
e trapezistas, atualmente espalhados de qualquer maneira pelas calçadas
e ruas da orla de Copacabana.
O
objetivo do projeto é a materialização de um espaço
de encontro e passeio que valorize esta verdadeira via que nunca dorme,
viva de sol a sol, a Av. Atlântica, que a recente estação
do Metrô na Praça Cardeal Arcoverde e a abertura
da Estação Siqueira Campos tornam mais acessíveis
ao conjunto da cidade, com vista a um maior protagonismo internacional.
A
orla da praia é o principal espaço de contato social do
Rio, e a riqueza e a animação da vida nas ruas são
estímulos sensoriais permanentes que podem (e devem) ser incorporados
ao projeto de revitalização urbana da cidade.
Rambla vista desde o Forte de Copacabana
Mais
do que nunca, a saúde do corpo social depende da promoção
de espaços de encontro das diferenças, para além
da compulsão ao consumo representada pelos shoppings, redutos homogeneizadores
que enclausuram a vida urbana e empobrecem o contato social, reduzindo
a diversidade.
Os
projetos urbanos devem gerar linhas de força que dotem a cidade,
a cada momento histórico, de uma imagem identificadora positiva,
servindo ainda como elementos congregadores, que integrem e representem
as características do comportamento social dos cariocas tais como
a descontração, o cosmopolitismo, a informalidade na utilização
do espaço público e a aceitação das diferenças.
A
formalização desta Rambla Carioca no canteiro central da
Av. Atlântica, valorizando o desenho paisagístico de Burle Marx, proporcionará
um novo âmbito para o "ser com os outros", aquilo que
Heidegger identifica como próprio do habitar do homem, acrescentando
ao Rio um novo gerador de civilidade.
Não é normal que um lugar da importância socio-paisagístico-ambiental como a praia de Copacabana, conhecido e valorizado internacionalmente, patrimônio urbano da cidade, seja uma via expressa de carros!!!
Pelo amor de Deus... é inconcebível. Mudar esse estado das coisas será uma enorme contribuição para a qualidade de vida do bairro eum estímulo para que outros locais da cidade empreendam importantes reformas visando colocar o Rio na direção de uma verdadeira capital global.
Exposição
realizada no CAU-Centro de Arquitetura e Urbanismo - Rio de Janeiro
PRINCIPAIS
PONTOS DE INTERVENÇÃO
1.
LINHA DE LUZ EM FIBRA ÓTICA, sublinhando a horizontalidade da paisagem de Copacabana, em contraponto com a verticalidade do Cristo Redentor, atuando como
"rodapé paisagístico" das edificações, constituindo um novo ícone do Rio
(Pão de Açúcar, Cristo Redentor, linha de luz), valorizando o desenho
de Burle Marx no calçadão central da Avenida Atlântica, hoje subaproveitado;
2.
SUBSTITUIÇÃO DOS POSTOS DE GASOLINA (obstáculos na paisagem) por Postos
de Orientação e Informação para o Carioca e os Turistas (banco de dados
sobre a cidade, com acesso à internet), venda de ingressos para
espetáculos, shows, teatro, etc;
3.
DISTRIBUIÇÃO DOS ARTESÃOS, ARTISTAS POPULARES E ANIMADORES DE RUA, organizadamente,
ao longo dos 4 Km do calçadão central;
4.
DOIS PONTOS DE ARREMATE DO PASSEIO CÍVICO, UM NO POSTO 6 CONECTANDO AO
MIRANTE DO ARPOADOR e à Esplanada da cobertura do Museu do Exército no Forte de Copacabana, e outro no Leme, configurando
um espaço de apresentações para grupos de música, teatro, circo, capoeira,
etc;
5.
PONTOS DE INFORMAÇÃO SOBRE O BAIRRO E A CIDADE, SISTEMA MÓVEL (SMS) e sinalização geral (mapas e placas informativas).
Jorge
Mario Jáuregui
Rambla vista desde o Leme
LOCALIZAÇÃO
Livro publicado pela Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro em outubro de 2002
Vista do novo passeio público disponibilizado pelo projeto