Do
nosso ponto de vista, trata-se da questão da articulação
dos aspetos físicos (urbanísticos, infraestruturais e ambientais),
sociais (econômicos, culturais e existenciais), ecológicos
(considerando as três ecologias: mental, social e ambiental) e os
relativos à segurança do cidadão, visando o desenvolvimento
local, desde uma concepção socio-espacial de territórios
produtivos, levando em conta as excepcionais condições de
contexto. Isto é, a sua localização em relação
aos bairros vizinhos da Gávea-Leblon e São Conrado, o que
estabelece uma situação muito particular de inclusão-exclusão. Do mesmo modo, com toda a força do comercio local, especialmente em Bairro Barcelos, sua desordem e falta de qualidade desperdiçam um grande potencial de configurar-se em irradiador de urbanidade e atrator de uma muito maior clientela externa. Isto, junto com a necessidade de criação de um novo pólo de geração de trabalho e renda, a partir das características especificas da mão de obra local, permitindo desenvolver o potencial do capital humano. A falta de escola de segundo grau e centro profissionalizante constitui outra das carências marcantes que freiam o desenvolvimento local. O mesmo se verifica em relação à falta de equipamentos culturais e comunicacionais, sendo uma demanda específica das três associações de moradores. A falta de um centro de saúde à escala da comunidade para atender os graves problemas dos moradores, junto com os problemas dos sistemas de drenagem, obstrução de valões, insuficiência de sistemas de esgotos, de distribuição de água, da precariedade do sistema de vias de circulação interna, do descontrole da expansão e da demanda habitacional, completam o quadro da situação. Partindo da leitura da estrutura do lugar, da escuta das demandas da população e de uma clara conceituação da questão da articulação do formal e do informal, a estratégia projetual elaborada concebida como um Sistema Inteligente de Conectividades e Interfaces, articula em sucessivas etapas os quatros aspectos inicialmente considerados, estabelecendo uma hierarquia estruturadora sócio-espacial. A noção de territórios produtivos e o direito à urbanidade fundamentam a proposta de reestruturação sócio-espacial, baseada numa hierarquia de pólos, centros e células de planejamento urbano que buscan reterritorializar e desestratificar o lugar. Hoje a luta é contra a informalidade da cidade em geral e não só da favela. Por isso, trata-se de pensar a lógica cultural necessária para transformar a subjetividade, indo de sujeitos excluídos da urbanidade a agentes de transformação. É necessário pensar em novos dispositivos destinados a fazer cooperar, em projetos eficazes e pactuados, programas públicos e privados relacionados com novos tipos de habitats e usos para segmentos populacionais múltiplos. Hoje é necessário definir na dissolução, operar "entre".
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